Dezenas de moradores prestigiaram o oitavo debate promovido pelo jornal A Hora, dentro do projeto Mapa da Cidade. O encontro reuniu os líderes das associações de moradores dos bairros Campestre e Olarias e representantes do governo. Entre as principais demandas, segurança no trânsito.
Assim como na maioria dos bairros próximos às rodovias, acessos e travessias costumam trazer problemas e benefícios às comunidades. Os prós estão relacionados à logística de empresas e moradores, principalmente. E os problemas surgem em função da falta de dispositivos seguros nos acessos e travessias.
Os presidentes das associações dos bairros Campestre, Recioli dos Santos, e do Olarias, Simoni Freitag – o representante do Santo André, Jair Kern, não pôde participar do debate –, demonstram preocupação com a insegurança dos acessos viários. “A BR-386 é o único lugar para sair do bairro. Ou isso, ou precisamos fazer roda a volta pelo Posto do Arco”, comenta ela.

No bairro Olarias, por exemplo, moradores mais jovens e demais frequentadores da praça cobram mais iluminação e segurança no entorno da lagoa
Debatedores lembram também que a conversão à esquerda na BR-386, no entroncamento com o bairro Montanha, para seguir no sentido interior-capital, é proibida. Entretanto, a manobra irregular é seguidamente realizada naquela interligação entre a rodovia federal e a rua Paulo Emílio Thiesen. “Na verdade, não temos saídas seguras. E pela manhã, quando o pessoal costuma ir ao trabalho, o trecho fica ainda mais complicado. É muito difícil cruzar”, diz Simoni.
Segundo ela, moradores do Olarias chegam a aguardar de 10 a 15 minutos para cruzar a rodovia em um ponto perigoso – e proibido. “Por volta das 6h45min, é o pior momento. As pessoas precisam sair meia hora antes de casa e mesmo assim não terão segurança”, resume.
Representante do Executivo, o chefe do Setor de Projetos Especiais, Isidoro Fornari, alerta para as dificuldades de viabilizar obras junto às rodovias federais. Cita como exemplo a demora na conclusão da duplicação do trecho de 33 quilômetros entre Tabaí e Estrela – iniciada em 2010, e com previsão de término para julho – e fala sobre uma possível concessão à iniciativa privada.
“Não se trata de fazer propaganda contra ou a favor da concessão e da instalação de pedágios. Mas a situação que existe é essa: saindo esse contrato, diversas obras de travessias e melhorias no trecho urbano de Lajeado estão previstas no edital, e com previsão de serem concluídas, a curto prazo. Depender de recursos nossos ficaria muito complicado”, pontua o agente público.
Conforme Fornari, os serviços previstos no edital consistem na construção de passarelas em alguns pontos do trecho lajeadense da rodovia, além de vias laterais entre o entroncamento com a ERS-130 e a divisa com o município de Forquetinha. “Só essa obra já significaria muita segurança aos moradores desses três bairros, e também do Centenário, Igrejinha, Conventos, entre outros”, acrescenta o secretário de Obras, Fabiano Bergmann, também presente no debate.
Além disso, há uma passagem inferior próximo ao Moamar, interligando o Olarias com outros bairros como Montanha e Bom Pastor. “Também estamos pleiteando uma ligação entre o Santo André e o Montanha, no ponto onde hoje já existe a travessia da rodovia no sentido capital-interior. A ideia é evitar esse conflito, que gera engarrafamentos e riscos aos motoristas.”
Segundo o representante do governo, todos os investimentos dependem da concessão, com exceção de alguns acessos menores. Sobre isso, o vereador do PT, Sérgio Rambo, presente ao debate, critica a posição dos agentes públicos. Para ele, o edital de licitação não garante as obras anunciadas. “Além disso, teremos que pagar dois pedágios entre Lajeado e Porto Alegre. Isso vai inviabilizar muitos pequenos empresários e produtores”, alerta.
Viaduto inseguro na ERS
Santos concorda com os problemas na rodovia federal. Diz que muitos moradores do bairro também optam pelas entradas e saídas junto à BR-386, mas chama a atenção para a outra rodovia: a ERS-130. Conforme o representante do bairro Campestre, a construção de um viaduto interligando o bairro ao Universitário atendeu em partes a expectativa daquelas comunidades. “Melhorou um pouco, mas precisa melhorar muito mais.”
Para ele, os governos municipal e estadual falharam no momento de sinalizar o investimento finalizado no fim da década passada, e que contou com recursos de ambos. “Seguidamente, alguns veículos que trafegam no sentido Lajeado-Arroio do Meio entram à esquerda na alça que leva à via sob o viaduto. Isso é andar na contramão em uma rodovia do Estado. E nada acontece”, alerta o presidente.
O problema estaria acontecendo desde a inauguração da obra. “Falta sinalização naquele importante acesso aos bairros Universitário, São Cristóvão e Campestre. É muito confuso e os governos precisam arrumar antes que algo pior aconteça. É um absurdo”, reforça Santos. “Até que aconteça uma fatalidade, parece que não querem fazer nada”, reclama.
Fornari concorda com os apontamentos do representante daquela comunidade. “É preciso reconhecer que os governos falham com aquela situação”, diz. “Já estamos atrasados nessa situação de adequar aquela sinalização da obra já finalizada. Queremos fazer pelo menos o mais próximo do ideal”, conclui.
Bergmann garante empenho para tomar as medidas necessárias. Nova sinalização e estudos de tráfego serão realizados já em junho pela equipe do Departamento de Trânsito e terceirizado.
Além disso, Fornari comenta sobre a pressão política da região para garantir a duplicação da ERS-130. “Queremos duplicar, ao menos, o trecho lajeadense, entre a entrada de Cruzeiro do Sul e a divisa com Arroio do Meio. E o trecho que mais nos preocupa é justamente esse entre o Santo André e o Campestre. Todo dia pegamos acidentes em frente ao posto.”

Debate realizado na sede da Associação de Moradores do Bairro Campestre movimentou moradores das três localidades
“Matinho” do Daer
Santos cobra um olhar mais atento do governo para a necessidade de melhorias em vias municipais que interligam bairros.
Simoni reforça a cobrança e alerta para o aumento no fluxo de veículos na rua Paulo Emílio Thiesen, bem como a falta de segurança para pedestres e ciclistas. Nessa via, moradores de Olarias cobram a construção de um corredor de ônibus para melhorar a segurança do trânsito.
Outra via citada pelos representantes de bairro é a rua João Goulart, cujo entroncamento com a rodovia estadual é um dos principais gargalos do Campestre. “No trecho inicial, junto ao “matinho” do Daer, é impossível passar dois veículos se já houver um terceiro estacionado. É um absurdo aquela situação, justamente no principal acesso para a nossa comunidade”, reclama Santos.
Segundo ele, o problema é histórico. “Não quero criticar só o governo atual ou o passado, é uma demanda que vem de muitos anos. Quase já perdemos a esperança”, salienta o presidente da associação de moradores.
Fornari e Bergmann concordam. “Passam os governos e ninguém resolve. Mas de fato é uma situação complicada, pois exige desapropriação de terras do Estado”, resume o chefe do Setor de Projetos Especiais.
Mesmo assim, o agente público garante empenho para buscar uma solução para aquele trecho da rua. “Precisamos alargar a via. Seriam seis a sete metros a mais. Hoje ela tem no máximo sete. Não precisaria desapropriar residências particulares. Apenas do Daer. Vamos levar essa demanda até o departamento”, garante Bergmann.
Obras em posto de saúde atrasam
Os presidentes das associações de bairros se queixam de atrasos nas obras do posto de saúde do Campestre. Os serviços iniciaram em novembro de 2016 e, após série de paralisações, seguem inconclusos. “Já conversamos com o secretário de Saúde, e ele nos explicou um pouco da situação envolvendo os repasses à empresa. A construção está andando, mas está muito lenta e atrasada”, diz Santos.
Moradores presentes no debate questionam as garantias exigidas à empresa no edital de licitação. Na opinião de alguns, houve pouca exigência financeira para dar suporte, por exemplo, a eventuais atrasos no repasse de valores por parte do governo federal. Sobre isso, Fornari diz que o processo licitatório foi realizado pelo governo anterior, e confirma que todo o recurso já está disponível, entretanto, os pagamentos serão parcelados, como forma de garantir o cumprimento do contrato.

Viaduto inaugurado há mais de seis anos segue com a sinalização precária. Moradores se queixam de carros na contramão
As obras de reforma e ampliação do posto de saúde do bairro Campestre custarão cerca de R$ 300 mil. A contrapartida municipal, da Secretaria da Saúde (Sesa) de Lajeado, foi de R$ 9,4 mil.
Após a conclusão, a unidade terá 297,76 metros quadrados, divididos em sala de espera, sala de reuniões, sala de recepção, farmácia, copa, banheiro para servidores, sala de administração e gerência, sala de nebulização, sanitários para pacientes, sala de vacinas, consultório odontológico, sala de curativos e procedimentos, três consultórios para atendimento médico, sala de esterilização, almoxarifado, depósito de material de limpeza, abrigo de resíduos comuns, biológico e para depósito de lixo.
Abastecimento de água preocupa
A presidente da associação do bairro Olarias alerta para possíveis problemas no abastecimento de água. Hoje as localidades são atendidas por diversas entidades, poder público, empresas e associações comunitárias. Também sobre isso, o vereador Sérgio Rambo – morador daquela região – demonstra preocupação com a qualidade da água e uma possível escassez em poucos anos.
Com o aumento no número de prédios residenciais, há também a preocupação com o tratamento de efluentes domésticos. Hoje nenhuma residência dos bairros Campestre, Olarias ou Santo André está interligada com estações de tratamento de esgoto. Segundo Fornari, essa seria uma obrigação contratual da Corsan. “Mas o governo não quer que a estatal assuma esses bairros. Vamos buscar outras soluções”, avisa.
Transporte público problemático
Simoni também se queixa de problemas no sistema de transporte coletivo dos bairros. Segundo ela, são poucos horários e muitos veículos transitam com lotação máxima, o que gera desconforto aos passageiros. O representante do Campestre corrobora. Para Santos, é preciso mais atenção por parte das empresas e poder público para as linhas entre as comunidades, o centro e a universidade. “Aqui as pessoas precisam pegar dois ou três ônibus para chegar ao destino. Perdemos muito tempo.”
Fornari e Bergmann concordam com as dificuldades, e também corroboram com a falta de qualidade da maioria doa abrigos de ônibus naquela região da cidade. Segundo eles, o governo prevê investimentos em novas estruturas ainda em 2018. Além disso, projeta a primeira licitação pública para concessão do serviço de transporte coletivo na cidade. “Queremos lançar ainda este ano. Daí, sim, poderemos cobrar mais linhas e ônibus melhores.”
Mais reivindicações no bairro Olarias
– Implantar corredor de ônibus
– Construir paradas de ônibus em pontos com movimento mais intenso de pedestres, como escolas, creches, posto de saúde
– Construir um posto policial no bairro
– Criar a polícia comunitária no bairro
– Implantar rótula ou semáforo na esquina das ruas João Goulart com Paulo Emílio Thiesen
– Implantar Projeto Vida para atender crianças no turno oposto
– Disponibilizar área para construção da sede da Associação dos Moradores (lotes 261 e 278)
– Manutenção, ampliação e reforma da escola infantil Pequeno Lar
– Ampliação da escola Nova Viena, hoje com 420 alunos
– Melhorar a acessibilidade das calçadas
– Ampliação das áreas de lazer, instalação de brinquedos, bancos, iluminação e arborização
– Instalação de mais lixeiras
– Limpeza da lagoa ao lado da escola Nova Viena
– Implantação de área de lazer junto ao Esporte Clube Olarias
– Oferecer mais especialidades no posto de saúde
Mais reivindicações no bairro Campestre
– Pavimentação da rua José de Alencar
– Nova área de lazer próximo ao campo de futebol 11 do bairro
– Manutenção e reforma e ampliação da escola Campestre, com mais vagas
– Canalização de córregos em estradas sem pavimentação
– Manutenção das calçadas
Mais reivindicações no bairro Santo André
– Área de lazer com praça de brinquedos. Aproveitar e reformular o espaço em torno do ginásio de esportes
– Fechar a área da quadra da escola/creche/Projeto Vida
– Colocar redes no ginásio de esportes
– Instalar redutores de velocidade nas proximidades da escola
– Manutenção e reforma nos prédios da EMEF, EMEI e Projeto Vida
– Agilizar a renovação das receitas médicas no posto de saúde
– Limpeza constante no bueiro da rua Maurício Cardoso, junto à ERS-130, ao lado da escadaria
– Colocar banheiros na praça
Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br