Companheiro número 1 na mesa dos gaúchos, o pão francês, mais conhecido como “cacetinho”, está mais caro e deve ficar ainda mais pesado para o bolso nas próximas semanas. Ele e todos os derivados do trigo, como massas e biscoitos.
Isso ocorre devido à alta do dólar, cotado ontem em cerca de R$ 3,59. Há 30 dias, a moeda americana estava em R$ 3,37. Uma alta de 7%.
O trigo importado da Argentina está chegando 40% mais caro ao RS, segundo o Sindicato das Panificadoras do Rio Grande do Sul. Com a venda do produto em dólar, o preço final deve aumentar e chegar aos balcões dos consumidores nos próximos dias.
“Até o momento estamos segundo os preços”, diz o empresário Eduardo Schu, proprietário de uma padaria em Lajeado. Segundo ele, o fornecedor de farinha de trigo, ainda ontem, havia lhe informado sobre a alta nos preços.
“Toda semana está sendo ajustado. Fui informado de que ao fim da escala de aumento nos preços o impacto deve chegar a 60% na alta para os consumidores”, comenta.
A Associação Gaúcha de Supermercados aponta que o preço médio do pão francês está em R$ 0,82 para 100g. Porém os preços variam, pois não existe tabelamento regulado. Cada empresário analisa os custos, margem de lucro e mão de obra. Estima-se que a alta deve variar entre 7% e 15%.
“Ainda que o preço do trigo esteja mais caro, hoje nosso custo mais alto ainda é o operacional”, esclarece Schu.
O preço
De acordo com o engenheiro agrônomo Jairo Pretto, a alta do dólar é um dos componentes que formam o preço da farinha de trigo e outros produtos agrícolas.
“Pode-se dizer que a farinha representa de 20% a 30$ do custo final dos derivados de trigo e, portanto, todos os produtos podem sofrer impacto entre 10% e 20%, a depender da demanda do mercado”, comenta.
Principal fornecedora de farinha para panificação, a Argentina também teve aumento no preço do trigo. Segundo Pretto, o custo do trigo importado subiu cerca de 30% em dólar. “Esse número tem efeito muito maior que a variação cambial”, diz.
Consumidor
A aposentada Elisabethi Fritsch, 65, costuma comprar cinco cacetinhos por dia. Ela demonstra espanto em relação ao aumento.
“É um aumento considerável. Mas é algo que todos nós consumimos e acabamos comprando, independente do preço”, lamenta.
Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br