Carregando na bolsa porções de ração para alimentar os cães de rua, a assistente administrativa Júlia Francisca Michelon, 26, é voluntária ativa em prol da causa animal.
• De onde veio seu amor pelos animais?
Eu sempre tive animais, sempre sem raça definida. O amor acho que nasceu do respeito que meus pais ensinaram desde sempre a ter por esses seres indefesos. Com o tempo, fui me envolvendo cada vez mais com a causa e tendo mais compaixão ainda.
• Por que e como você costuma ajudá-los?
Ninguém precisa ser rico para ajudar um animal abandonado. Claro, dinheiro facilita em muitos casos em que os resgates precisam de tratamento veterinário, mas eu particularmente ajudo alimentando os de rua com pequenas porções de ração que carrego na bolsa. Também ajudo por meio da minha página de achados e perdidos (a Pet’s Perdidos e Achados Vale do Taquari), divulgando cães que fugiram ou foram encontrados e compartilhando publicações das ONGs e grupos voluntários da região. Conheço no mínimo um representante de cada entidade.
• O que acha que poderia ser feito para amenizar o sofrimento dos animais abandonados?
Primeiramente castração: não há lares para tantos animais existentes. Outra opção seria pontos espalhados pela cidade com casinhas para cachorros, potes de ração e água onde a própria população possa ajudar a reabastecer. Isso os manteria quentinhos à noite e em dias de inverno, mas, infelizmente, gente maldosa estraga esse meu sonho, rouba casinhas e utensílios, envenena e maltrata os bichinhos.
• Você acredita que leis mais severas reduziram os casos de maus-tratos?
A lei existe, Lei Federal n° 9.605/1998, mas as pessoas têm que usá-la. Não adianta ver seu vizinho, conhecido ou até parente maltratando seu bichinho e apenas lamentar. Tem que ir até a Secretaria do Meio Ambiente de sua cidade denunciar. Com protocolo em mãos, pressionar o poder público para agir. Lembro que maus-tratos não é apenas bater ou espancar, mas mulitar (cortar orelhas e rabinhos por estética), deixar o animal sem o mínimo de espaço para locomoção onde possa fazer as necessidades e alimentar-se, ter sempre alimento e água fresca se enquadram no caso também. Tudo começa pelo respeito. Se respeitarmos as opiniões uns dos outros e respeitarmos qualquer ser que tenha vida, nosso mundo com certeza será mais harmonioso.
Victória Lieberknecht: victoria@jornalahora.inf.br