As inovações apresentadas pelos fabricantes aliadas à boa safra devem refletir de forma positiva na venda de máquinas e equipamentos. O presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas Agrícolas no RS, Simers, Claudio Bier, está otimista. No entanto, cobra mudanças na questão dos juros das linhas de financiamento. “Nosso desafio é adequar as taxas de juros das linhas de financiamento como o Moderfrota. Enquanto a taxa Selic em fevereiro estava em 6,75%, o produtor paga entre 7,75% e 10,5%”, compara.
Como podemos concretizar a renovação da frota?
Bier – Da frota atual de 1,266 milhão de tratores, 44% têm mais de 20 anos de uso. No caso das colheitadeiras, 49% das 162 mil espalhadas no país estão há duas décadas em operação. Analisando esses números, observamos um mercado muito promissor às indústrias de máquinas e implementos agrícolas. No entanto, temos consciência de que, embora as nossas indústrias já tenham avançado muito em tecnologia nestes últimos anos, o que certamente seria um fator relevante para que os agricultores renovassem a sua frota, sabemos que essa renovação em grande volume depende primordialmente de outras condições, como: o preço das commodities agrícolas, um cenário político-econômico mais estável e, é claro, taxas de juros mais atrativas para as linhas de financiamento.
Qual o impacto da tecnologia no aumento da produtividade e eficiência na lavoura?
Bier – É primordial para o aumento da produtividade e, em consequência, para o incremento da rentabilidade nas propriedades agrícolas. Cabe destacar os investimentos que as indústrias realizam constantemente em pesquisas, lançando mais eficiência e tecnologia. Desde o preparo do solo, seleção de grãos, irrigação, colheita e armazenagem, a tecnologia está presente instrumentalizando o agricultor para obter resultados cada vez melhores. A utilização de GPS e o monitoramento remoto já não são mais novidades, especialmente a quem se dedica à agricultura empresarial. A tecnologia embarcada nas máquinas agrícolas é uma realidade da indústria gaúcha que vem sendo construída mediante muito trabalho e dedicação em pesquisa, por parte das nossas indústrias.
Quais os desafios do setor frente ao cenário político e econômico?
Bier – A proximidade do fim de mais um ano agrícola e pecuário é sem dúvida um dos principais desafios e, de certa forma, gera insegurança para o setor de máquinas agrícolas. Afinal, as regras do jogo para o próximo período ainda não estão definidas e, para o que está vigente, existem poucos recursos disponíveis. Algumas linhas, inclusive, estão totalmente esgotadas e isso influencia diretamente no impulso de compra do agricultor que, sem saber os rumos que a economia vai tomar, age com prudência na escolha da máquina, do tipo de financiamento, do agente financiador e, principalmente, do momento de comprometer sua capacidade aquisitiva.