Chegar em casa do trabalho e se sentir cansado é uma cena corriqueira. Para quem não tem o hábito de praticar exercícios, mas tem vontade de começar, a desculpa do cansaço do trabalho é a mais comum para desistir das metas antes mesmo de começar a cumpri-las.
De acordo com a fisioterapeuta da Levitá Clínica Integrada, Cassiane Schardong, 31, a falta de exercícios físicos pode gerar um ciclo vicioso de fadiga e canseira. “A primeira coisa a se fazer é identificar que tipo de cansaço a pessoa tem. Se ele é realmente físico ou apenas um esgotamento mental devido à intensa atividade exercida durante o dia de trabalho”, explica.
Para Cassiane, algumas medidas básicas para proteger o corpo contra lesões são o primeiro passo para ter um dia a dia mais leve e sem tensões nas áreas do pescoço, ombros, braços e costas. “O ideal é que a cada 50 minutos de trabalho se faça uma pausa de dez. À primeira vista parecem muitas pausas, mas é muito importante para a manutenção dos nervos e músculos que se levante da cadeira, alongue e tome água”, indica.
Conforme a fisioterapeuta, existem diversos estudos que comprovam um maior rendimento do funcionário no trabalho ser ele faz mais pausas curtas e tira alguns minutos para liberar a tensão causada nos músculos por passar muito tempo na mesma posição. “Também é fundamental que sejam feitos os ajustes ergonômicos, colocando o monitor do computador na altura dos olhos e o teclado onde os braços possam ficar o mais relaxados possível. Ajustes colocados nos pés, caso as cadeiras sejam muito altas para a estatura da pessoa também são primordial para evitar futuras dores”, esclarece.
Detectar o tipo de cansaço que se sente é importante para definir se você pode ou não fazer exercícios. Caso ele seja realmente físico, é hora de relaxar e ficar em casa. Para todos os demais tipos de cansaço é ideal que a pessoa vença essa primeira barreira e inicie uma atividade física. “Quanto menos atividade física você faz durante a semana, maior é a sensação de cansaço e menos iniciativa terá para colocar o tênis e se exercitar. É um ciclo vicioso”, alerta Cassiane.
Tipos de cansaço
De acordo com a médica psiquiatra Maria Cristina de Stefano, existem cinco manifestações diferentes de cansaço no corpo.
Corpo e mente equilibrados
A prática de exercícios é uma maneira excelente para liberar hormônios como a endorfina, que causam sensação de felicidade e aliviam dores. “O exercício três vezes por semana causa reflexos incríveis no corpo como a melhora da memória e do humor. Também aumenta a disposição física e mental, melhora o sistema imunológico, a concentração e tem efeito antienvelhecimento. Ajuda também nos casos de depressão e ansiedade, diminuindo também o estresse e a tensão corporal”, diz Cassiane.
Para o publicitário Matheus Bender Coelho, 21, a prática de exercícios é uma forma de desligar a mente da pressão comum ao trabalho. “No fim da tarde, em me sinto muito cansado, mas tenho consciência que é apenas mental. Por isso, procuro sempre fazer algum exercício como a corrida ou a ioga”, relata. De acordo com Coelho, a atividade serve para ativar o corpo antes de ir para a faculdade. “Após o exercício me sinto animado novamente, pronto para concluir as demais tarefas do dia”, ressalta.
Coelho também explica que demorou até encontrar a atividade que mais se ajustasse ao seu estilo de vida. “Já tentei frequentar academias, mas ao longo do tempo percebi que sou uma pessoa mais calma, então, a ioga foi uma solução perfeita, pois é um desafio muito pessoal, que trabalha corpo, mente e espiritualidade”, alega.
O publicitário também revela que o uso de aplicativos de celular facilitou a evolução nos exercícios. “Eu baixei alguns apps que medem o tempo e indicam exercícios, então, o desafio acaba aumentando já que eu sou o meu próprio adversário e, bom, ninguém quer perder para si mesmo”, brinca.
Já o padrasto de Coelho, Jairo Stampinha, 46, conta que o sedentarismo gerou indisposição e falta de resistência física na rotina. Mesmo ligado ao motocross, acompanhando o Lajeado Moto Clube, assiste dos bastidores ao esporte na região. “Acho que o principal motivo de parar de fazer exercícios é o relaxamento mesmo. Parei de fazer caminhadas, não pedalo mais e qualquer coisa que preciso uso a moto ou o carro”, reflete.
Stampinha conta que tem entre os objetivos voltar a andar de bicicleta. “Hoje nada me impede de voltar a me exercitar. Inclusive eu preciso voltar a fazer algo, um movimento contrário na preguiça para que mude esse comportamento e crie novamente disciplina. Sei que no futuro isso vai ajudar. Preciso ter resistência para treinar o meu filho do coração, o pequeno Lucas”, diz.