A proposta do governador José Ivo Sartori de convocar a sociedade para decidir pela privatização ou federalização de três estatais (CEEE, Sulgás, CRM) chega em um momento inoportuno. No último ano do mandato, repassar à população essa determinação é um contrassenso.
Este é um ano eleitoral e dividir a atenção dos eleitores com um tema tão complexo quanto a venda de um patrimônio público confunde e a escolha pode ser tomada sem o critério necessário. É preciso um debate mais amplo antes de colocar essa temática à apreciação da comunidade. Fazer a toque de caixa é como empurrar uma medida de cima para baixo.
No primeiro ano, o governador propôs a venda. Na Assembleia Legislativa, a mudança na lei que determina a necessidade de autorização do parlamento para fazer um plebiscito foi barrada. O Piratini tentou inclusive derrubar a obrigatoriedade da votação para permitir a venda direta das estatais.
Pela regra atual, a consulta pública é permitida até cinco meses antes das eleições. A nova cartada do Executivo visa colocar o processo de privatização junto com a votação para os cargos eletivos. Na recente democracia nacional, há um movimento cada vez mais latente para dotar o eleitor de maior consciência política.
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Há avanços notáveis, mas ainda insuficientes. A cada eleição, pesquisas demonstram que muitas pessoas não sabem para quem foi o seu voto para deputado estadual e federal, por vezes, não lembram nem quem escolheram para o Senado.
Ao passo em que o país e o RS sofrem com uma crise institucional, que atinge a economia e também o dia a dia da população, é fundamental ter uma sociedade mais atuante, crítica e responsável. Exercer de fato a cidadania vai além do ato de votar. Essa é a ponta do iceberg. Antes de confirmar, é necessário um processo intenso de pesquisa, reflexão e análise do histórico dos candidatos. Colocar junto com isso é desviar a atenção para algo que não é de conhecimento da maioria das pessoas.
Por mais que seja necessário estancar a sangria nos cofres públicos, modernizar a estrutura do Estado e garantir o atendimento básico da população, além de assegurar os salários dos servidores em dia, o plebiscito durante as eleições, sem saber quem será o próximo mandatário gaúcho, é contraproducente.
Editorial
Plebiscito em ano eleitoral
A proposta do governador José Ivo Sartori de convocar a sociedade para decidir pela privatização ou federalização de três estatais (CEEE, Sulgás, CRM) chega em um momento inoportuno. No último ano do mandato, repassar à população essa determinação é um…