A suposta participação do prefeito Jonatan Brönstrup nos fatos apurados pela Operação Schmutzige Hände será investigada por uma comissão processante na câmara de vereadores. Na sessão da noite de ontem, 3, todos os parlamentares concordaram em dar continuidade à denúncia protocolada na casa por três eleitores.
A solicitação teve como argumento central a decisão da comarca local de encaminhar o processo investigativo à Quarta Câmara do Tribunal de Justiça. Emitido na semana passada, o despacho menciona a presença de “elementos indicativos” do envolvimento do chefe do Executivo na suposta organização criminosa instaurada no governo municipal.
Assinada por Maurício Klein Rocha e Raul Wolf, o pedido foi protocolado no Legislativo na tarde de quarta-feira, 3. Os solicitantes se dizem membros do Movimento Teutônia de Mãos Limpas, que surgiu após o início da operação.
“Verifica-se de forma clara nos diálogos das interceptações, conversas entre integrantes do governo e o senhor Ricardo Brönstrup, (…) com o atual prefeito, Jonatan Brönstrup, com o objetivo de favorecimentos e tráfico de influência, conduta esta incompatível com o cargo de prefeito municipal”, consta na denúncia.
Quórum qualificado
Marcos Quadros (PSDB) foi o primeiro da base governista a abrir voto favorável ao andamento da denúncia. “Acredito sim que é o momento de instalarmos uma comissão processante para investigar os fatos”, declarou. Segundo ele, foi o voto mais difícil de sua carreira política. O parlamentar disse que será uma oportunidade para o prefeito explicar as suspeitas.
“Devido a os fatos que estamos todos acompanhando pela imprensa, é necessário, no mínimo, que se investigue, e a câmara de vereadores tem esse dever legal”, afirmou Diego Tenn Pass (PDT). Conforme o opositor, a comunidade está de parabéns pela “pressão” exercida na classe política, que tem surtido resultados.
Delcio José Barbosa (PPS) será o presidente da comissão; Cleudori Paniz (PSD), o relator; e Claudiomir de Souza (PP), o secretário. Se houver quórum qualificado, com dois terços do plenário favoráveis, as investigações da comissão processante pode resultar na cassação do mandato de Jonatan Brönstrup.
Suposta agressão
No início da sessão, Claudiomir de Souza protocolou denúncia solicitando a instalação de mais uma comissão processante para investigar a conduta do colega Pedro Hartmann (MDB) que teria lhe agredido fisicamente. No documento, Souza pediu a apuração de suposta quebra de decoro parlamentar. Antes da votação, porém, a denúncia foi retirada de pauta.
“Fui agredido em função de minhas decisões”, falou Souza. O parlamentar disse estar sofrendo ameaças e criticou, sem citar nomes, pessoas que estariam “tentando tirar benefícios políticos de uma situação muito delicada” criada em razão das investigações. O parlamentar revelou ainda que concluirá o mandato e se desligará da política devido aos desgastes sofridos.
Em seguida, Hartmann subiu a tribuna e alegou não ter cometido agressão, afirmando que a confusão iniciou depois de ter feito denúncia ao Ministério Público de que Souza estaria trabalhando na colocação de pisos na construção da sede própria do parlamento. “Eu quero única e exclusivamente que a verdade prevaleça. Jamais briguei com uma pessoa. Eu não te dei um soco”, afirmou, se referindo diretamente ao colega.
A denúncia pode voltar à ordem do dia na próxima sessão.
Palavra do prefeito
“Diante da Comissão Processante protocolada e aprovada na câmara de vereadores, reitero que compreendo a função institucional e democrática do Legislativo. Contudo, reafirmo a convicção da integridade da equipe de trabalho do município e, por isso, prestarei todos os esclarecimentos, confiando na rápida elucidação dos fatos e no arquivamento do processo.
Até o momento, só se fala de indícios, mas que estão levando à interpretações equivocadas, a pré-julgamentos, atingindo não só a eles, mas, também, suas famílias. Compreendo os anseios da população na elucidação dos fatos. Confio na imparcialidade das investigações do Judiciário e, agora, da câmara, bem como nas publicações da mídia, para que pessoas não sejam julgadas injustamente.”
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br