Tiros e explosões acordaram os moradores. A tranquilidade acabou por volta das 0h10min dessa terça-feira. Dois bancos do centro foram atacados. O primeiro foi a agência do Sicredi. Em seguida, o Banrisul, onde os criminosos explodiram um caixa eletrônico.
Cinco homens encapuzados participaram do crime, que durou cerca de 25 minutos. Um motorista da administração municipal foi feito refém. Vários tiros foram disparados para cima, com intuito de evitar possíveis aproximações. De acordo com relatos de moradores, eles usavam uma Ecosport vermelha.
Na agência do Sicredi, a destruição de uma porta de vidro causou prejuízos, mas não houve registro de furto, pois os ladrões não conseguiram ultrapassar as cortinas de ferro. No Banrisul, o cofre principal não foi acessado. A quantia levada não foi divulgada. O valor estimado é pequeno, visto que foi levado apenas o dispensador de cédulas do equipamento.
No momento do crime, não haviam policiais trabalhando em Colinas. Conforme informações da Brigada Militar, guarnições de cidades vizinhas foram deslocadas para a busca aos criminosos.
Três viaturas tiveram os pneus furados por miguelitos espalhados nas ruas que dão acesso ao município. Moradores afirmam que o policiamento chegou cerca de uma hora depois que os criminosos deixaram a cidade.
Déficit de efetivo
Segundo o comandante do 40º BPM, major Marcelo de Abreu Fernandes, a unidade da BM em Colinas conta com cinco policiais. O serviço programado para o dia havia encerrado quando houve os ataques. Segundo ele, o déficit de efetivo na região está em torno de 50%. “Temos à disposição a metade daquilo que está previsto. Mas isso não é só aqui, é em todo o estado”, revela.
O prefeito Sandro Herrmann avalia que a quantidade de policiais militares é “razoável” para o município, que tem baixos índices de criminalidade. Segundo ele, todas as cidades estão sujeitas a assaltos a bancos.
“Nunca teremos um efetivo grande o suficiente. Os bandidos sabem exatamente quantos brigadianos temos e que horas eles estão trabalhando”, analisa Herrmann. Um projeto de “cercamento eletrônico inteligente” é estudado pelo governo municipal, mas ainda esbarra em limites orçamentários.
Tranquilidade abalada
Uma moradora do prédio em frente à agência assaltada afirma que assistiu, da sacada, aÀ movimentação dos bandidos. Sem querer se identificar, conta que os criminosos usavam máscaras e estavam fortemente armados. “A gente viu eles correndo e gritando para fazer ligeiro. Todo mundo aqui do prédio conseguiu ouvir tiros, vidros quebrando e uma pequena explosão”, detalha.
Residente em Colinas faz quase 60 anos, Lucindo Rheinheimer lamenta que o município conhecido pela tranquilidade seja alvo de criminosos. Conforme o aposentado, a população fica muito assustada por não estar acostumada com esse tipo de situação.
Conforme a comerciante Rosane Beckmann Gerhardt, dona de uma loja na rua onde houve as ocorrências, a violência avança às cidades pequenas devido à quantidade insuficiente de policiais. O fato de a unidade local da Brigada Militar atuar também em Imigrante deixa o município vulnerável. “A bandidagem está tomando conta, em todo o Brasil, não apenas aqui”, opina.
Pelo Vale
Este foi o terceiro ataque a banco registrado na região desde o início do ano. Em 6 de março, uma unidade do Banco do Brasil em Santa Clara do Sul foi destruída em um assalto que espalhou medo e pânico na cidade. A obra de reforma ainda não começou. Os atendimentos aos clientes são feitos em Lajeado e em uma estrutura provisória montada na Biblioteca Municipal.
Em 3 de março, outra agência do Banco do Brasil, em Taquari, foi assaltada durante a madrugada. Parte da unidade também foi destruída com explosivos. Depois de um período suspensos, os atendimentos e serviços já voltaram à normalidade.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br