A esperança dos varejistas em elevar as vendas com o fim do outono encontra uma barreira. O calor fora de época, com temperaturas acima dos 30ºC, retrai a compra de roupas de inverno e obriga a adoção de novas estratégias para assegurar bons resultados.
Gerente de Marketing de uma loja de confecções, Rogério Schmidt Jr., afirma que a demora para a chegada do frio atrapalha os resultados e obriga a novas estratégias de vendas. De acordo com ele, as pessoas estão acostumadas a comprar roupas de inverno apenas em dias de frio.
Segundo ele, enquanto o calor prevalece, a empresa prioriza outras sessões, como cama, mesa e banho. “Também estamos apostando em um festival de jeans, pois são roupas utilizadas em qualquer época do ano.”
Conforme Schmidt, o calor fora de época obriga os lojistas a apostar em promoções temáticas, como as de Dia as Mães, mas também pode ser uma oportunidade para liquidar o estoque de roupas que ficaram do verão.
Para Juliana Bencke, gerente de uma loja de roupas e calçados, o calor nesta época do ano resulta em quedas nas vendas do varejo. Segundo ela, em 2017, o clima foi ameno, mas nada comparado ao aumento das temperaturas deste ano.
“Como no ano passado não foi tão frio, compramos mais roupas de meia-estação, que estão vendendo bem. Mas os resultados são menores neste ano”, alega. Segundo ela, boa parte dos consumidores aproveita para olhar roupas de inverno, mas deixará para comprar somente em caso de queda na temperatura.
Vendedora de uma loja de roupas, Aimee Campos diz que uma das dificuldades com as temperaturas irregulares é a ausência de roupas leves no catálogo dos fornecedores. Segundo ela, os clientes pedem blusinhas de mangas curtas e shorts, produtos quase esgotados no varejo.
“Nem mesmo as calças jeans estão saindo, porque o calor está exagerado”, afirma.
Gerente de uma loja de roupas e calçados, Jordana da Silva afirma que a empresa também já está com quase todo o estoque de roupas para o calor esgotado.
“Dois anos atrás, as vendas nesta época estavam muito melhores”, alega. Segundo ela, a maioria dos clientes evita gastar com medo de não poder usar as roupas de frio neste ano. As principais vendas até o momento, aponta, são de tênis e acessórios. “Esperamos pelo menos duas semanas de frio para melhorar os resultados”, assinala. Enquanto isso não acontece, a tática é de mesclar nos mostruários roupas de frio com as de meia-estação.

Lojistas apostam na mescla de produtos de inverno e de meia-estação nos mostruários para atrair os clientes
Nova realidade
Presidente da CDL Lajeado, Heinz Rochenback acredita que as mudanças climáticas farão com que o varejo perceba que as temperaturas fora de época são uma realidade. Segundo ele, uma das dificuldades desse cenário é a programação das fábricas de confecções, baseada em estações bem definidas.
“Fica difícil, porque as lojas têm hoje as mercadorias de inverno, mesmo com a ausência do frio”, aponta. Para o dirigente, os varejistas terão de encontrar alternativas diante dessa realidade, apesar da dificuldade de prever a temperatura para fazer compras antecipadas.
Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br