Bons exemplos contra a morte lenta

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Bons exemplos contra a morte lenta

A tradicional rua Júlio de Castilhos ainda respira por aparelhos. Mas a decisão do empresário Egon Muller trouxe ao menos um pouco de alento em meio ao destempero de quem pouco ou nada se preocupa com a própria história. Neste sábado, ele inaugura a nova loja em um prédio centenário. O velho e o novo juntos, de forma harmoniosa. Diferente de quase tudo que se viu nos últimos anos naquela mesma via.
Faz pouco mais de um ano, escrevi neste mesmo espaço sobre a morte lenta da principal rua de Lajeado. A morte humana. E a morte histórica. Dias antes, outro proprietário de imóvel antigo acabara de findar com boa parte da história lajeadense ao fazer ruir dois prédios nas proximidades do hospital, bem no centro, e cujo andar de baixo ainda servia como um dos últimos redutos de boemia na Júlio.
Não foi o único exemplo. Desde 1992, ano em que o então prefeito Leopoldo Feldens aplicou na cidade o conceito do Inventário do Patrimônio Cultural do Estado e catalogou mais de três dezenas de prédios históricos, a nossa história vem ruindo aos poucos. Me arrisco a dizer que 1/3 das edificações sucumbiu diante do absurdo desapreço.
Pouco a pouco, as platibandas, as telhas francesas, as balaustradas, os capitéis decorados, as janelas e as varandinhas do século retrasado são substituídas de forma insensata por novidades arquitetônicas vazias, sem vida. Assim, com esta mesma forma insciente de cuidarmos do que é nosso, tantos daqueles prédios históricos e catalogados deixaram de existir da noite para o dia. A Vila Olga, na mesma rua Júlio de Castilhos, é outro triste exemplo.
Destruir o patrimônio histórico significa não apenas perda de qualidade de vida, mas de cidadania e de senso de pertencimento aos locais e grupos comunitários de nossas origens. A grosso modo, é como apagar uma página inteira da nossa história, da nossa cultura. Fica o vazio. Um desengraçado disfarçado de novo. E ir na contramão desta triste realidade é motivo, sim, de inflamados aplausos.
É preciso exaltar cada bom exemplo. Servem de incentivo a quem ainda tem dúvidas sobre a importância dos nossos patrimônios culturais e históricos. Ainda mais diante da nossa triste realidade, em que as “autoridades” responsáveis pela questão no Brasil não conseguem responder adequadamente diante da constante destruição de nossos laços com os antepassados.
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Em Lajeado, singularmente, o documento de 1992 deve estar perdido em uma gaveta na prefeitura. Esquecido. Ignorado. Vem sendo assim nestes mais de 25 anos. É quase como um engodo. Os gestores fazem vistas grossas e muitos agentes públicos, aposto, vibram com a derrocada de alguns prédios em “respeito” ao anseio imobiliário. Em 2016, um projeto para tombamento de patrimônios municipais até passou pela câmara. Mas, como é de praxe, nada além disso foi feito.
Nos resta acreditar no intelecto, na fineza e na sutileza do cidadão comum. O mesmo bom exemplo apresentado por Muller foi aplicado recentemente em um pub aberto na rua Pinheiro Machado. A fachada histórica foi preservada, dando ainda mais opulência ao estabelecimento. O velho e o novo, em harmonia. Tal como parte do restaurante Tombado, da nossa Casa de Cultura, ou da sede da Secretaria de Educação. É possível, vejam só. E vale a pena.
A morte lenta da história e do patrimônio cultural em Lajeado já é uma realidade faz anos. Mas, por sorte, ainda há tempo e espaços para bons exemplos.


Sindicato dos Jornalistas

Não se trata de demonizar o presidente do Sindicato dos Jornalistas do RS, Milton Simas Júnior. Mas, ao interpelar um repórter da Record/PR em frente ao acampamento Marisa Letícia, em Curitiba, ele errou dúzias de vezes. Errou ao defender – utilizando-se da entidade que representa – um político para lá de suspeito. Errou ao incitar – mesmo inconscientemente – os manifestantes a se aproximarem do repórter. Errou ao censurá-lo. E errou ao não pedir as devidas desculpas pelo ato.


Incentivos aos policiais

Lajeado prepara um curso para cerca de 200 novos soldados. A boa notícia pode virar uma péssima manchete logo adiante. Isso porque o grande desafio é manter esses policiais na região após o término do programa. E a maioria não vai querer ficar, pois faltam incentivos para tal. Em Santa Cruz do Sul, por exemplo, aluguéis mais em conta são atrativos para esses agentes da segurança pública. No Vale do Taquari, um incentivo para acessar o Ensino Superior seria uma boa saída.


Tiro curto

– O governo de Lajeado contratou a Macrovisão Consultoria, Assessoria e Treinamento para realizar uma pesquisa de avaliação dos serviços públicos municipais, por amostragem, em todos os bairros. Serão 400 entrevistados;
– Moradores de Sério estão receosos em relação ao término das obras de asfaltamento da ERS-421, entre aquele município e os vizinhos Forquetinha e Boqueirão do Leão;
– Em breve, o Executivo lajeadense envia à câmara um projeto de lei para criação do Departamento de Inteligência junto à Secretaria de Segurança Pública. Também deve enviar veto à emenda de Sérgio Kniphoff (PT), que exige diversas entidades civis na composição do Comitê Gestor das Parcerias Público-Privadas;
– O teólogo Leonardo Boff palestra na Univates, no próximo dia 15, durante o 8º Simpósio Interdisciplinar em Saúde e Ambiente (Sisa);
– Também no dia 15 de maio a definição do novo presidente da Famurs. O prefeito de Estrela, Rafael Mallmann (MDB), está na briga;
– Os dois últimos presidentes da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), Alex Schmitt e Miguel Arenhart, se filiaram ao Partido Novo;
– Em Lajeado, vereadores que devolveram o 13º salário – após decisão judicial de 2009 – estudam formas de reaver as cifras devolvidas.

Boa quinta-feira a todos!

“Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo.”
Eça de Queirós

 

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