Empresariado quer revisão após TCU trancar edital

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

Empresariado quer revisão após TCU trancar edital

Um movimento classista liderado pela Federasul encontra eco na CIC Vale do Taquari e na maioria das entidades empresariais da região, destoando, de certa maneira, do pré-acordo liderado pelo Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), durante negociações com o Dnit, no ano passado.
A notícia vem após o Tribunal de Contas da União (TCU) trancar o edital de concessão para explorar rodovias federais nos próximos 30 anos, entre elas, a BR-386. O TCU entendeu que o edital favorece apenas as futuras concessionárias e não dá garantia de obras às comunidades envolvidas.
O pleito da entidade gaúcha é reforçado em documento da CIC/VT, que se manifesta contrária à instalação de duas praças de pedágio em uma distância de apenas 43 quilômetros, entre Lajeado e Canoas.

A Artesp de São Paulo estima que ao chegar em 80% a adesão pelo pagamento automático nas rodovias será possível iniciar os estudos para adoção do modelo free-flow, sem cancelas, o que tornará as viagens ainda mais rápidas e mais seguras. Modelo é defendido pela CIC/VT.

A Artesp de São Paulo estima que ao chegar em 80% a adesão pelo pagamento automático nas rodovias será possível iniciar os estudos para adoção do modelo free-flow, sem cancelas, o que tornará as viagens ainda mais rápidas e mais seguras. Modelo é defendido pela CIC/VT.


O documento da CIC/VT não desfaz o acordo do Codevat, nem questiona sua legitimidade. Entretanto, quer revisão do edital com base nos prejuízos elencados pelas empresas que transportam produtos à capital.
A intenção protecionista da classe empresarial faz sentido. O setor teme uma fuga de investimentos da região, pois existe uma eminente ameaça de “empurrar” transportadoras, como Giovanella, Scalla, Scapini, entre várias outras, para fora do Vale. Justamente para evitarem o alto custo com pedágio em trecho tão curto.
Não apenas as transportadoras serão afetadas. As indústrias de produção, como Dália Alimentos, de Encantado, e Languiru, de Teutônia, por exemplo, terão de repensar a logística se as duas praças forem instaladas. É dinheiro pago às concessionárias que deixará de circular na região.
O diretor comercial da Valelog, de Arroio do Meio, Adelar Steffler, alerta para o aumento no preço do transporte. A Valelog faz em média 50 viagens de ida e volta, entre Lajeado e Porto Alegre, diariamente. “Eu já avisei. O custo será incorporado no frete dos nossos caminhões. As cooperativas e empresas devem se mexer”, reforça.
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A opinião é consensual entre o empresariado do ramo de transportes. Duas praças são insuportáveis e colocarão o Vale do Taquari em desvantagem competitiva. O baque maior será percebido pelas empresas que vendem volumes com baixo valor agregado. É o caso do leite, carne e outros produtos primários da região. Os insumos de fora também chegarão mais caros ao Vale.
“Querem cercar a região e tirar sua chance de competição. Não comportamos duas praças e a classe empresarial está correta. Deve insistir para rever o edital”, defende o conselheiro da Federasul e diretor de Relações da CIC/VT, Oreno Ardêmio Heineck.
Para Heineck, outro pleito é a implantação de um pedágio eletrônico, que possibilita fazer uma espécie de “compensação justa” para quem utilizar o trecho com mais frequência. Igualmente, a instalação de balanças de pesagem e um detalhamento mais transparente do cronograma de execução das obras.
Ainda que grande parte do recurso tenha de ser reinvestida na rodovia, o TCU também entendeu que o edital não deixa claro e nem assegura tal garantia. Esse fator motivou a Federasul e engrossa o coro dos desfavoráveis ao edital desde o princípio.


Duplicação da 130 volta ao palanque

Uma reunião da CIC/VT com o prefeito Marcelo Caumo, nesta semana, reaqueceu a discussão sobre a urgente necessidade de providências na RS-130, entre Venâncio Aires e Muçum.
Faz cinco anos que sete municípios pagaram R$ 150 mil para custear a elaboração do Estudo de Viabilidade Técnica. Desde então, a EGR simplesmente não fez nada.
O ex-secretário estadual dos Transportes, Pedro Westphalen, deve receber a comitiva do Vale nos próximos dias. Promete encaminhar uma solução, algo que foi incapaz de realizar no período em que esteve titular da pasta. Ainda assim, a comitiva do Vale está confiante de que algum passo possa ser dado às vésperas das eleições.
Existe uma remota possibilidade de alargamento, semelhante ao trecho da 116, em Canoas.
Hoje, segundo dados do Codevat, o tráfego supera os 26 mil veículos levantados em 2013, quando a necessidade de duplicação já existe quando uma rodovia alcança nove mil.
Apesar das péssimas condições de trafegabilidade, nos últimos meses, a EGR retomou a operação tapa-buraco e tem recapeado alguns trechos. Precisou chegar o ano eleitoral para dar uma tapeadinha e refazer a promessa de duplicar o trecho, possivelmente, para depois das eleições.
Em qualquer país sério, esse tipo de expediente seria completamente condenado pelo eleitor.


Migalhas ao IGL

A desestruturação do Instituto Gaúcho do Leite (IGL) é, sem dúvida, uma das grandes marcas negativas do Governo Sartori (PMDB). Permitiu que um trabalho elaborado a duras penas sofresse um revés a tal ponto de se tornar insignificante.
Até hoje, multinacionais (credoras de incentivos públicos estaduais) discutem na Justiça o pagamento de contribuições ao Fundoleite, criado para financiar a modernização e o desenvolvimento da cadeia produtiva gaúcha, por meio do IGL.
Desmantelaram o instituto sob alegação de haver dúvidas sobre sua eficácia e unidade. Mero pretexto para manipular a opinião pública e reforçar a “lei dos mais fortes”, que em nada contribui para fortalecer a cadeia saudável de produção sustentável.
Menos mal que o deputado estadual Edson Brum (MDB), com apoio de vários colegas, conseguiu retirar da pauta vergonhoso projeto de lei, 287, o qual é danoso e enganoso.
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O número de deputados conscientes do efeito negativo causado pelo desmantelamento do IGL cresce. A Assembleia Legislativa é a única com poder para restabelecer o IGL e reordenar a cadeia, de modo que possamos nos organizar e preparar para a sustentabilidade do setor.
Os interesses escusos e a falta de conhecimento de alguns quebraram milhares de produtores gaúchos.
Acredito nos deputados. Se eles não olharem para esse assunto com a devida responsabilidade, muitas famílias ainda desistirão da produção por falta de perspectivas consistentes.
 

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