Não queremos militares no poder!

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Não queremos militares no poder!

As recentes manifestações populares já provaram e atestaram que a imensa maioria da população brasileira não quer, de forma alguma, um novo regime militar comandando os rumos da nossa nação. São dois motivos simples: a corrupção também corria solta nos bastidores da ditadura, e os maiores exemplos de países bem desenvolvidos, social e economicamente falando, abominam tal possibilidade.
Há, sim, uma intensa disputa ideológica em pauta no país. De um lado, defensores da esquerda lutam para manter um Estado cada vez mais forte e protetor. De outro, defensores do liberalismo e da direita cobram um Estado mínimo, mais despreocupado com determinados setores sociais e afixado quase somente no básico: educação, saúde e segurança.
Só uma enxuta e conservadora minoria defende a estapafúrdia ideia de ver militares tomando as rédeas do país, tal como fizeram em 1964 – também desrespeitando a maioria.
A declaração via Twitter do general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas lida de forma tempestuosa – e shakespeariana – pelo âncora do Jornal Nacional na terça-feira à noite é, na verdade, uma grande e desnecessária incógnita.
Às vésperas do julgamento do pedido de habeas corpus do ex-presidente Lula no Supremo Tribunal Federal (STF), ele publica dois tuítes. Em um desses, declara que o Exército, diante do “anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia”, está “atento às suas missões institucionais”.

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(SEM LEGENDA)


Obviamente, por se tratar de tuítes, as interpretações foram diversas. Teve quem verificou pressão sobre a Corte, enquanto outros percebem uma possível ameaça do Exército à democracia. As curtas mensagens, sem posterior esclarecimento, surpreenderam até os bastidores da corporação, na qual o general é conhecido por manter uma voz reiteradamente moderada.
O que ele quis dizer, exatamente? Foi uma ameaça? Foi um desabafo? Ou foi apenas um deslize diante de um fajuto anseio popular por tal intervenção?
Eu acho que as três opções podem ser consideradas. Villas Bôas ameaçou, desabafou e cometeu um inquietante deslize. Poderia ele, como cidadão, ter se expressado de tal forma. Mas não em nome do Exército, ameaçando sim uma decisão suprema diante de um fato de provável corrupção. O Exército não se comportou assim diante de outros escândalos políticos recentes. Não poderia, só agora, se achar no direito de tal.
Mesmo assim, não há motivos para crucificações. Não contra ele, singularmente.
Isso porque faz pouco mais de dois meses o próprio Villas Bôas, desta vez falando em um seminário realizado no Rio de Janeiro, e representando oficialmente a corporação da qual ele é o general máximo, comentou sobre os minguados pedidos por uma nova ditadura no Brasil. Foi categórico: “Intervenção militar seria um enorme retrocesso”.
A frase, reforço, é do mesmo general do Exército envolvido nessa desnecessária e obsoleta polêmica: “um enorme RETROCESSO.” E eu duvido que esse competente militar de carreira tenha mudado, em tão pouco tempo, de opinião.
Tenho total respeito ao Exército. Creio ser de importância ímpar para a ordem e a segurança. Mas, em uma democracia, é cada macaco no seu galho. E a maioria da população, tal como em 1964, é contra qualquer intervenção militar nos poderes Executivo e Legislativo.
Que a maioria seja respeitada!


Ofensas ao promotor

Na semana passada, questionei a velocidade com que a Justiça teria agendado e realizado as audiências entre o promotor de Justiça de Lajeado, Ederson Maia Vieira, e 14 internautas que teriam lhe ofendido nas redes sociais. Isso porque o arquivamento do caso ocorreu na segunda-feira passada, dia 26, e as audiências no dia 27. Ocorre que esses 14 processos eram referentes a postagens realizadas em setembro de 2017. Ou seja: os trâmites na Justiça seguem lentos.


Turbilhão em Teutônia

É absolutamente constrangedora para o atual chefe do Executivo, Jonatan Brönstrup, uma das frases ditas pelo promotor de Justiça local, Jair Franz. Segundo o agente do MP, “Ricardo Brönstrup agia como se ainda fosse o prefeito de Teutônia”. Se confirmados os supostos crimes cometidos pelo pai e os principais (ex) integrantes do governo, a situação do atual gestor ficará ainda mais vulnerável. Poucas vezes um município da região viveu momento tão delicado na política.


Tiro curto

– Depois de passar pelos Executivos de Lajeado, Encantado e a câmara lajeadense em pouco mais de 12 meses, o advogado Juliano Heisler foi chamado pelo governo de Teutônia para assumir como novo procurador jurídico;
– Servidores afirmam que o novo secretário de Obras de Lajeado, Fabiano Bergmann (PP), não atua como tal no setor e sequer estaria utilizando a sala disponível ao cargo. Antes de assumir, ele deixou claro o desgosto com o convite feito pelo prefeito. Mas aceitou;
– Também em Lajeado, servidores reclamam do atraso nas avaliações dos estágios probatórios, que deveriam ter iniciado ainda em 2016. Ações judiciais estão vislumbradas;
– No dia 14, em Arroio do Meio, ocorre a tradicional Boate de Garagem. Será no Arroio do Meio Piscina Clube.
– O Porto de Estrela está sem diretoria. Todos os CCs foram exonerados. Só a Guarda Portuária segue no local. Todas as movimentações estão paradas. Ou seja, os discursos políticos de quem assumiu postos na diretoria e prometeu mundos e fundos eram só discursos políticos;
– Em Lajeado, a Acil também resolveu se manifestar só às vésperas do julgamento do habeas corpus de Lula.

Boa quinta-feira a todos!

“O único ditador que eu aceito é a voz silenciosa da minha consciência.”
Mahatma Gandhi

 

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