Com a falta de controle do poder público, corridas clandestinas ganham força em Estrela. Segundo taxistas da cidade, pelo menos cinco carros funcionam de maneira ilegal. Sem regularização, a pirataria no transporte oferece preços mais baixos, prejudicando o trabalho de taxistas credenciados e trazendo riscos aos passageiros.
Além disso, alguns entre os 33 profissionais licenciados desrespeitam os 15 pontos previstos na licitação e tomam conta de espaços de forma conveniente, desrespeitando as regras do edital.
Reportagem do A Hora teve acesso a três motoristas clandestinos. Uma corrida de táxi, da rodoviária até o Hospital Estrela, que custaria R$ 14,50, no banco de passageiro da ilegalidade variou de R$ 12 até R$ 8.
Em um veículo Pálio, com 15 anos de uso, o motorista cobrou R$ 10 pelo percurso. Um detalhe: a residência do motorista clandestino fica a menos de 50 metros da rodoviária, ponto que abriga oito taxistas credenciados.
“Podemos fazer a corrida agora. Estou meio enrolado. Mas vamos lá. Esses taxistas não gostam de mim”, balbuciou o motorista clandestino, na tentativa de fazer uma viagem.
Já no bairro Boa União, a corrida seria feita em uma caminhonete de frete, com lugar apenas para um passageiro. Mais em conta, o mesmo trajeto custaria R$ 8. “Estou indo te encontrar agora mesmo. Me espera aí”, respondeu o motorista clandestino ao telefonema.
Por fim, a última consulta foi feita via WhatsApp. O motorista que se autointitula “Uber” cobraria R$ 12 pelo mesmo percurso. “Não vou conseguir fazer. Estou meio enrolado, pelo menos por enquanto”, escreveu ele.
Clandestinos denunciados
Em reunião realizada em janeiro, alguns nomes de motoristas clandestinos foram levados à Polícia Civil, por meio de boletim de ocorrência e, também, denunciados no Departamento de Trânsito de Estrela. Porém, apesar do esforço coletivo dos taxistas credenciados, o problema continua.
“Conversamos com alguns desses motoristas clandestinos. Prometeram não atuar mais. É difícil ter controle sobre isso”, esclarece o delegado José Romaci Reis. Segundo ele, para pôr fim ao problema seria necessário ter uma equipe 24h fazendo vigília em cima de motoristas ilegais, o que é inviável.
De acordo com a Polícia Civil, se for comprovado que um motorista atua na clandestinidade, ele responderá por “exercício ilegal da profissão”, podendo receber de sete meses a um ano de detenção.
“É um absurdo. Vários ex-taxistas que não participaram da última licitação estão rodando. Investimos mais de R$ 400 por ano para rodarmos de forma legal e esses clandestinos vêm burlar as regras”, desabafa Ernani Teixeira, com mais de 38 anos de profissão.
Imbróglio
Na licitação anterior, em junho do ano passado, os 33 taxistas que foram regularizados receberam um entre 15 pontos na cidade para exercer a atividade. Porém, desde fevereiro, o problema de trocas de espaço de motoristas se intensifica.
“Não é o correto. Alguns estão criando pontos sem respeitar o que estava na licitação”, protesta a taxista Betina Weber, 31.
Com o coordenador de Trânsito Gerson Teixeira em férias até o dia 29, o governo de Estrela não quis se manifestar sobre o caso.
Para presidente da categoria, não há problema. “Já está tudo resolvido. Pelo menos para mim”, contesta Werno Lenz, 65, presidente da Associação dos Taxistas de Estrela. Segundo ele, apesar da constatação feita pela reportagem do A Hora, “motoristas clandestinos não foram mais vistos rodando pela cidade. “Não sei por que se cria tanta polêmica com taxistas”, explica.
Em relação aos que mudaram os pontos aos quais foram estabelecidos na licitação, o presidente explica que “para criar um ponto, a prefeitura tem de eliminar outro”, dessa forma, “esses motoristas podem ter conseguido novos espaços com o aval do poder público.”
Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br