O terror maior não são os tiros e os ataques a inocentes. A saga da violência alcança seu pior status, o da barbárie e da intolerância cultural. Parcela significativa de brasileiros acredita que só existe um jeito: matar para resolver. Triste e preocupante.
O assassinato da ativista Marielle Franco impõe um desafio gigante a todos nós brasileiros: cair em si e perceber o que está por detrás da violência no país.
Um povo que não compreende o valor da democracia e dos direitos humanos é um povo sem rumo. Pode ser manipulado facilmente e entregue à própria sorte.
Hostilizar quem defende a liberdade e os direitos iguais para os cidadãos é um ataque imensurável à evolução da sociedade. Nenhum regime totalitário conseguiu, verdadeiramente, provar seu valor para a igualdade de condições.
Ainda assim, as duras lições do passado não foram suficientes para afastar o extremismo que permeia as populações de tempos em tempos.
No Brasil vivemos um fenômeno perigoso. A cultura de que o uso da força é o que resta para combater a violência, é o cenário perfeito para mascarar a origem de todo o problema: a desigualdade e a corrupção.
Políticos ideológicos encontram terreno fértil nesta seara para emplacar suas convicções e exageros. O clima de caos leva o povo ao medo e, por consequência, este se entrega ao que aparentemente soa como solução mais rápida. Eis o engano.
A Alemanha experimentou isso na pele, no osso e na alma. Hitler passou de escritor e mocinho para um dos mais sanguinários ditadores que a humanidade já conheceu. Milhões o idolatravam embalado por um discurso sedutor em nome da “perfeição alemã”. O massacre vinha logo adiante e fez vítimas de norte a sul no país, indiferente de credos, raças e gêneros.
Os grandes insufladores da desordem costumam surgir dos discursos fáceis e hipnóticos. Os “salvadores da ordem”, se utilizam de valores da sociedade para manipular e jogar uns contra os outros. O absolutismo nasce com a divisão extrema e se completa quando a última resistência é exterminada.
No Brasil, nos últimos anos, entramos no balão do enfrentamento, erroneamente denominado de esquerda e direita. Nada pode ser mais limitante do que essa raza interpretação. A desinformação, a falácia e a ignorância esbravejadas aos quatro ventos, um contra o outro, deixam um rastro de ódio e cegueira. Muitos sequer conhecem a origem ou o sentido de ambas as palavras. Na atualidade, sequer faz sentido falar em esquerda e direita.
A disputa entre brasileiros mistura assalariados e empresários de todas as faixas sociais. Não há coerência, apenas intolerância ao pensar diferente. Generaliza-se fatos e circunstâncias adversas sem o menor cabimento.
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Um papelão repetidas vezes usado pelo ex-presidente Lula que, em seus discursos exaltava a frase “nós contra eles” é um exemplo recente desse tipo de expediente torpe. Tamanho estrago ganhou adeptos de lulistas fanáticos e semeou a divisão entre empregados e empregadores, muitas vezes. Os reflexos negativos são perceptíveis, especialmente, nas empresas.
Após o metalúrgico fanfarrão cair no descrédito, agora aparece um novo “salvador” com pinta e ideias revolucionárias para extinguir todos os males no país, principalmente, os partidos ou adeptos da “esquerda”.
Jair Bolsonaro tenta emplacar seu pensamento ideológico abolutista, cujas ideias são carregadas de ódio, descontrole e opressão. E os adeptos, igualmente, já se expalham pelo país.
O ataque cego e triste das redes sociais contra a ativista assassinada no Rio de Janeiro espelham um pouco o clima hostil e raivoso em crescimento no Brasil.
Lula, Bolsonaro ou qualquer outro que deseja, verdadeiramente, um país decente, precisa começar a unir o povo. E não dividí-lo, a ponto de ambos os lados quererem se matar.
É preciso compreender que uma sociedade evoluída necessita da liberdade de pensamento, da pluralidade, de direitos iguais, da legitimidade às lutas e contestações, enfim. Uma nação ideal tem diversidade e liberdade de escolha, sem medo, sem ódio e sem hostilidades.
E aos governantes resta enfrentar a origem do problema. Nada mais.
Em busca do parlamento
O mais jovem secretário do Governo Caumo, Douglas Sandri, do Desenvolvimento e Agricultura, deixa a secretaria pra concorrer a deputado estadual pelo partido NOVO, em outubro próximo. Cumpriu papel importante na pasta, onde aproximou o governo das entidades de classes e incentivou o empreendedorismo por meio da desburocratização do sistema público, como o Simplifica Lajeado, que hoje permite o registro de uma empresa em menos de 24 horas.
Pense em 2018
A Hora com a Univates e 3ª CRE lançam no dia 26 de março, às 8h30, no Teatro da Univates, o projeto PENSE – Programa de Ensino e Educação. Por meio do Assinante Solidário, o jornal investirá R$ 60 mil em premiações. Os cursos e atividades educacionais ficam por conta da Univates e do Instituto Dale Carnegie. O CRON – Centro Regional de Oncologia, SICOOB e AMVAT completam a lista de parceiros ao projeto que envolverá 5 mil professores municipais, estaduais e particulares, além de 56 mil alunos do Vale do Taquari.