Medo dificulta o raciocínio

Editorial

Medo dificulta o raciocínio

Depositar sobre a posse de arma aos cidadãos a esperança de haver mais segurança é um erro e um risco. A bancada da bala na Câmara federal volta a propor uma revisão no Estatuto do Desarmamento. Escorados no medo da…

Depositar sobre a posse de arma aos cidadãos a esperança de haver mais segurança é um erro e um risco. A bancada da bala na Câmara federal volta a propor uma revisão no Estatuto do Desarmamento. Escorados no medo da população, justo no momento de intervenção federal no Rio de Janeiro, deputados repetem discursos do direito à defesa da família ou do patrimônio.
A reformulação no estatuto tem argumentos válidos em ambos os lados. Mas qualquer implantação precisa de uma análise ampla e criteriosa. Como o tema é de interesse público, com muitas pessoas favoráveis devido à sensação de insegurança, cabe avaliar os resultados da lei antiarmas.
[bloco 1]
Os favoráveis à liberação das armas enaltecem o fracasso da segurança pública. Como o Estado não garante a defesa dos cidadãos, cada um teria o direito de fazer sua própria segurança. Importante perceber que a defesa pela revisão do Estatuto do Desarmamento com a justificativa de coibir a violência na verdade é uma forma de maquiar a ausência do poder público. Os governos deveriam garantir a segurança da população. Mas a resposta é sempre a mesma, não tem equipamento e não tem efetivo para cumprir com essa obrigação.
A culpa é do crime. Cada vez mais organizado. Por outro lado, a pecha de desorganização fica no lado das instituições públicas. Liberar a arma para a população é assinar um atestado de incompetência. Transferir a responsabilidade. Lavar as mãos.
A única forma de reduzir a criminalidade é tornar o Brasil menos desigual. A título de comparação, países mais igualitários do planeta, Suécia, Dinamarca, Suíça, Holanda, Canadá, Coreia do Sul, Bélgica, Noruega, são os menos violentos. Média de um assassinato para cada cem mil pessoas. Também têm baixíssimos índices de uso de armas de fogo.
O número de armamentos, ao lado da igualdade material, constitui um índice revelador sobre a civilidade de um povo. Quanto menos diferenças entre as esferas sociais, menor é o uso de armas.

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