A queda no preço pago ao produtor, as importações de leite em pó do Uruguai e a redução no consumo resultam em uma das piores crises já vividas na cadeia leiteira. Estima-se que mais de 25 mil famílias gaúchas tenham abandonado a atividade desde 2016.
Frente à situação calamitosa, líderes regionais unem esforços para sensibilizar autoridades estaduais e da União para encontrar meios de amenizar o prejuízo no campo. Ontem, durante a Assembleia Geral de Verão dos Prefeitos, comitiva do Vale entregou ao presidente da Federação das Associações dos Municípios do RS (Famurs), Salmo Dias, um documento com as propostas para amenizar a crise.
Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Lajeado, Lauro Baum, o encontro foi positivo. “Tivemos o apoio da Famurs para amenizar o problema da cadeia do leite.”
De acordo com o presidente do STR de Cruzeiro do Sul, Marcos Hinrichsen, ficou evidente que o quadro da atividade é uma preocupação da Famurs. “Nossas demandas vão ao encontro das propostas da federação.”
Nesta semana, representantes da região estiveram com deputados estaduais para formalizar uma agenda de ações em defesa dos produtores. Estão previstas reuniões com deputados federais e encontro com integrantes do governo Temer.
Em âmbito estadual, nessa quarta-feira, o governador José Ivo Sartori decidiu prorrogar por 12 meses a suspensão de ICMS reduzido nas importações de leite em pó. Com isso, o imposto será mantido em 12% no período ao invés dos 4% definidos nos decretos.
Apoio estadual
Entre as autoridades presentes no evento da Famurs de ontem estava o prefeito de Forquetinha, Paulo José Grunewald. Segundo ele, a perda no município devido à crise do leite chega a R$ 6 milhões em 2017, o que representa metade do orçamento.
Grunewald destaca a importância de buscar apoio político para obter êxito nas demandas apresentadas pelos produtores. Enalteceu o apoio da Famurs. “É fundamental nos unirmos para buscarmos soluções concretas. Nossos produtores estão endividados e, caso o preço baixo e as importações persistam, muitas famílias ainda desistirão da atividade”, afirma.
Considera primordial a prorrogação dos financiamentos de investimento para um ano após a última prestação e com rebate de 20% e a criação de uma linha de crédito emergencial. “Será uma forma de a maioria conseguir fôlego e fazer um caixa para amenizar os prejuízos acumulados”, finaliza.
Propostas para amenizar a crise
• Governo federal comprar 50 mil toneladas de leite estocados
• Prorrogação dos financiamentos para um ano após a última prestação e com abatimento de 20%
• Mais prazo para o custeio pecuário
• Criação de uma linha de crédito emergencial
• Revisão do preço mínimo de referência do leite
• Antecipação do pagamento para o 5º útil do mês
• Ampliação das vistorias pelos laboratórios credenciados quanto à qualidade do produto importado
Filipe Faleiro: filipe@jornalahora.inf.br