A expressão “Abre a gaita, gaiteiro” nunca foi levada tão ao pé da letra pelo professor de música, Alexandro Luiz Franz, 37, o “Melena”. Após uma longa carreira como músico em bandas reconhecidas da região como a Barbarella, o gaiteiro decidiu dar novos ares ao ofício.
Conhecedor íntimo de gaitas e acordeões, Melena resolveu passar seu conhecimento adiante e dar aulas em Lajeado e Estrela. Com cerca de 30 alunos, ele fala sobre a crescente presença do instrumento no estado. “Hoje diversos estilos musicais se apropriam do acordeão para fazer sons mais complexos e com uma cara mais latina. Essa mistura cultural permite que o acordeão esteja presente em todos os lugares, não só mais na música gauchesca, sertanejo ou bandinha”, diz.
A maior facilidade de acesso ao instrumento e às aulas fez aumentar o número de interessados. “Tenho alunos muito pequenos, com 6 anos, até idosos. E, apesar de ser complexo, o acordeão tem conquistado cada vez mais públicos”, comemora. Ao falar sobre os alunos, Melena cita a forte presença das mulheres nas aulas. “Antigamente eram mais homens que faziam aula. Hoje alguns dos meu melhores alunos são jovens meninas”, elogia.
Abrindo a gaita
O aumento da procura pelo instrumento ao longo dos anos fez surgir uma carência grande na região, o conserto e manutenção dos acordeões. “Mesmo que o instrumento seja muito bem cuidado, as variações do tempo e a trepidação do transporte, por exemplo, desajustam a afinação e o som aos poucos vai sendo prejudicado. Em função disso, é necessário fazer a reafinação”, explica.
Por mais simples que pareça o procedimento, é necessário abrir todo o instrumento e reajustar cada botão e teclas. Com ajuda de um afinador eletrônico italiano, Melena ajusta as notas uma a uma e troca peças quando necessário. “É um serviço minucioso e de extrema necessidade para quem deseja ter um som limpo e preciso”, diz.
Localizada no bairro Olarias, em Lajeado, a oficina de Melena coleciona diversas gaitas antigas. “Aqui chegam acordeões de até 60 anos e, ao consertar um acordeão antigo, se preserva não só o instrumento, mas também a história de uma família”, finaliza.
Victória Lieberknecht: victoria@jornalahora.inf.br
