“Lajeado era só o bairro Praia”

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“Lajeado era só o bairro Praia”

Bisneto do primeiro prefeito de Lajeado, João Inácio Hennemann, 74, é testemunha ocular do desenvolvimento da cidade e colecionador de livros e jornais sobre a história do município. • O senhor é testemunha do crescimento de Lajeado. Quais suas lembranças…

“Lajeado era só o bairro Praia”

Bisneto do primeiro prefeito de Lajeado, João Inácio Hennemann, 74, é testemunha ocular do desenvolvimento da cidade e colecionador de livros e jornais sobre a história do município.
• O senhor é testemunha do crescimento de Lajeado. Quais suas lembranças mais remotas da cidade?
A cidade era só o bairro Praia. A Júlio de Castilhos terminava onde hoje é o posto do Faleiro e a Benjamim, na casa Born. A Bento Gonçalves só tinha meia dúzia de casas no lado esquerdo. Dali para cima, onde hoje é o Genes Shopping, era um atoleiro, não passava nem de carroça. Todo o comércio da cidade ficava no bairro Praia. Tinha 12 anos na enchente de 1956, e lembro que todas as ruas, menos a Júlio de Castilhos, ficaram fechadas pela água. Também me recordo da queda da ponte de ferro do bairro Conservas. Ela era uma ponte com telhado e uma carreta carregada com 35 toneladas de arroz passou e na volta afundou a ponte toda.
• Qual a história mais curiosa desses tempos?
Em meados da década de 1960, o Moacir Franco veio fazer um programa na Acvat Ele chegou mais de uma hora atrasado. As pessoas já estavam com muita raiva pelo atraso e ele ficou reclamando da preparação do lugar e querendo dizer como as coisas tinham que ser. No fim o povo queria bater no Moacir Franco e não sei como ele escapou porque só tem uma escada na Acvat para subir e descer. Mas conseguiram levar embora e acabou não fazendo o programa. Também teve uma confusão por causa de uma luta livre.
• Como foi esse caso?
A luta era no salão paroquial e tinha um lutador profissional sem máscara e outro lutador mascarado. Mas o mascarado era um cara franzino daqui de Lajeado mesmo e venderam ingressos como se fossem dois profissionais. Quando chegou na luta, o profissional bochou a primeira e o mascarado caiu desmaiado. Tiraram o capuz dele para socorrer e, quando o povo descobriu que não era um lutador e sim uma pessoa de Lajeado, começou o quebra-quebra. Em cima da galeria que estava cheia, tinha um salão cheio de sacos de cebolas e o pessoal começou a atirar cebolas nas pessoas lá de baixo. Até a polícia teve que fugir do salão.
• O que te faz ser um leitor e colecionador de jornais?
Após o meu casamento, em 1974, comecei a assinar e colecionar as histórias dos jornais da cidade. A leitura você tem sempre ainda mais se guardar. A notícia do rádio e da televisão é o momento, depois não existe mais. O jornal não vai desaparecer, porque a leitura sempre existirá.

Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br

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