O governo municipal volta a apresentar detalhes do estudo do novo Plano Diretor, dois meses após explanação realizada na sede da câmara de vereadores. A proposta do Executivo traz novo mapeamento do uso de solo, cria sete unidades territoriais e altera as possiblidades de comércios e residências em algumas áreas mais distantes do centro.
A apresentação do novo plano foi conduzida pelo secretário de Planejamento (Seplan), Rafael Zanatta. Segundo ele, um dos motes do estudo realizado sob a coordenação do engenheiro paranaense, Ênio Perin, é o pensamento coletivo diante das demandas urbanas e o uso misto das cidades.
Para tal, cita diversas decisões a serem tomadas pelo gestor atual e também pelos futuros prefeitos e secretários. Entre essas, um novo sistema viário, com maior interligação entre os bairros e, singularmente, entre novos loteamentos. “Também precisamos de uma melhor distribuição dos nossos equipamentos públicos, e ocupar os espaços vazios da cidade, que causam ineficiências diversas.”
Zanatta fala sobre a criação de novas centralidades. “Há uma ineficiência histórica na divisão da cidade. Fragmentada, e exige grandes deslocamentos. A tendência é a diminuição dos centros tradicionais, levando comércio para outras áreas, tentando sempre manter a qualidade de vida dos moradores.”
Ainda de acordo com o secretário, essa nova sistemática já ocorre em bairros como o São Cristóvão e, mais recentemente, o Conventos. “Hoje tem posto de gasolina, mercados”, reforça. Entre os novos polos comerciais previstos para a cidade, o governo prevê uma área no bairro Bom Pastor, próximo à av. Benjamin Constant.
Novos parques urbanos
Entre as propostas do novo Plano Diretor está a criação de pelo menos nove parques. “Não queremos que sejam meras praças, mas, sim, espaços públicos semelhantes ao Parque dos Dick, por exemplo. E com os antigos parques, entre esses o Engenho e o Histórico, a intenção é melhorar essas estruturas”, defende Zanatta.
De acordo com o planejamento, as nove novas áreas verdes ficariam nos bairros Centro, São Cristóvão, Conventos, Carneiros, Hidráulica, Bom Pastor, Floresta e Morro 25. Podem atingir também as localidades do Santo Antônio, Nações e Alto do Parque.
Entretanto, o secretário adianta que a consolidação desses novos parques não deve ocorrer dentro da atual gestão. Segundo ele, tampouco o Plano Diretor deve definir detalhes sobre esses empreendimentos. “A ideia é indicar aos futuros gestores os espaços mais adequados para tal. Recentemente, passamos a analisar outra proposta, de um parque linear ao Arroio Encantado”, ressalta.
Menos complexidade
Zanatta também prevê processos menos burocráticos para definição de atividades e uso de solo dentro do novo mapeamento. Entre essas, novas e unificadas tabelas sobre o que pode e o que é proibido fazer em determinadas regiões, levando em conta metragens de recuos nas construções públicas e privadas, taxa de permeabilidade do solo, e determinação de pontos alagáveis.
“Em alguns pontos, como no bairro Carneiros, onde haverá uma zona especial, vamos trabalhar com cota 29, pois a 27 já é insuficiente. Além disso, vamos contratar um estudo hidrológico para toda a cidade. Nossa intenção é identificar e atualizar todos os pontos alagáveis e áreas de risco no município.”
Preocupações ambientais
O novo Plano Diretor prevê ao menos 13 estações de tratamento de esgoto (ETE). “Hoje, menos de 3% da área do nosso município tem coleta de esgoto. E onde isso ocorre, no bairro Moinhos, a única ETE do município funciona pouco, pois está inoperante.” Para evitar a progressão desse problema, o governo quer, além da construção dessas estruturas, exigir rede coletora exclusiva em todos os novos loteamentos.
Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br
