Um morador de Jaguarão, sul do estado, é o primeiro caso de febre amarela no RS. O homem está internado desde o dia 27 de janeiro. Conforme a Secretaria Estadual de Saúde (SES), o paciente contraiu a doença após viajar a Minas Gerais.
A confirmação deixa o RS em alerta e resulta em uma orientação do Ministério da Saúde para que todos no país busquem a vacina contra o vírus. Após o laudo positivo à doença, agentes epidemiológicos inspecionaram os locais próximos à residência e ao trabalho do paciente. Em um primeiro momento, não foram encontrados mosquitos contaminados.
A SES orienta à população a procurar as Unidades Básica de Saúde (UBS) para se vacinar contra a febre amarela, prioritariamente para quem circula ou mora próximo de áreas de matas. Quem planeja viajar para estados afetados pela doença deve fazer o procedimento dez dias antes de embarcar.
“Temos vacinas suficientes”
O responsável pela 16ª Coordenadoria Regional de Saúde, Ramon Zuchetti, garante que o Vale do Taquari tem doses para atender a população. Segundo ele, a indicação anterior era de aplicar a vacina em pessoas que fossem viajar para locais com histórico de contaminação. Desde ontem, a orientação é disponibilizar para qualquer paciente interessado.
Pelas informações repassadas pelo governo, diz o coordenador, o Estado também tem mais lotes encomendados. “A situação na nossa região é tranquila. Temos vacinas suficientes. Caso sejam necessárias mais, temos a confirmação da Secretaria de Saúde de mais doses para o Vale.”
Atenção nacional
O ministro da Saúde (MS), Ricardo Barros, propôs ontem a secretários municipais a necessidade de vacinar toda a população contra febre amarela até o fim do ano. Diante do avanço da doença, a área de recomendação para aplicação da dose aumentou nos últimos anos.
Hoje, estima o MS, cerca de 20 milhões de pessoas no Nordeste e dez milhões no Sudeste vivem em áreas onde não há recomendação de vacina. Na avaliação de Barros, seria possível atender a essa demanda ainda neste ano. Isso porque a Fiocruz, laboratório que fabrica a vacina, deverá entregar este ano 48 milhões de doses.
Além disso, é esperado para o próximo semestre a entrada em funcionamento da fábrica da Libbs, numa produção em parceria com a Fiocruz. Isso seria suficiente para atender toda a demanda, incluindo a rotina. A proposta será discutida entre estados e municípios. A ideia também foi apresentada na Organização Mundial da Saúde.
Febre amarela no RS
O RS não tinha casos confirmados desde 2010, quando foi registrado o último importado. Casos autóctones (contraídos dentro do estado) não são confirmados desde 2009.
No país, entre 1º de julho de 2017 e 20 de fevereiro, foram confirmados 545 casos de febre amarela, sendo 164 óbitos, distribuídos nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
Saiba mais
Tipos da doença
Os casos de febre amarela são classificados como silvestre ou urbana, sendo que o vírus transmitido é o mesmo. A diferença entre elas é o mosquito vetor envolvido na transmissão. Na urbana, o vírus é transmitido ao homem pelo aedes aegypti. Desde 1942 não há registro de casos no país.
Na silvestre, os mosquitos dos gêneros haemagogus e sabethes transmitem o vírus e os macacos são os principais hospedeiros; nessa situação, os casos humanos acontecem quando uma pessoa não vacinada entra em uma área silvestre e é picada por mosquito contaminado.
Sintomas
A febre amarela é causada por um vírus transmitido por mosquitos. Os primeiros sintomas podem ser febre, calafrios, dor de cabeça, nas costas, musculares, fraqueza, náuseas e vômitos.
Contraindicação
A vacina é o vírus vivo da febre amarela, em uma versão atenuada, por isso, não deve ser tomada por:
• Crianças com menos de 9 meses
• Pessoas com baixa imunidade por conta de doença ou tratamento, como quimioterapia
• Alérgicos à proteína do ovo – porque a vacina é desenvolvida a partir de embriões de galinhas
Filipe Faleiro: filipe@jornalahora.inf.br