Um grupo de pais se organiza para cobrar o retorno do transporte escolar para alunos da rede municipal. A intenção das famílias e dos estudantes é levar a reclamação para os vereadores.
“O que nos preocupa é não termos condições de levar nossos filhos para as escolas. Muitos têm apenas uma hora de almoço e como não têm transporte próprio precisam ir a pé. Nesse tempo precisam comer, trocar e levar as crianças de volta”, diz a manicure Cristina Andrade Cornelli, 26.
Ela tem um filho de 6 anos que estuda em uma escola municipal. Outra preocupação de Cristina é o risco de as crianças serem sequestradas no trajeto à escola. Para ela, os pais devem ter o direito de escolher a escola para o filho. “Alguma coisa tem de errado, se os pais não querem matricular nas escolas do bairro”, diz.
Para Cristina, a mobilização busca mostrar ao prefeito Adroaldo Conzatti que as famílias estão descontentes com o decreto sobre o zoneamento e também com o corte no transporte escolar.
A empresária Gisele Lukas, 33, tem uma filha no Ensino Médio. “Não precisamos de transporte. Mas apoiamos a reclamação das outras famílias.” Para ela, é preciso união da comunidade escolar.
“Só queremos o transporte de volta”
A dona de casa do Pinheirinho, Isolete Fátima Fernandes, 45, tem a filha de 14 anos que está no 1º ano do Ensino Médio no Scalabrini. A escola é a única pública de Ensino Médio no município e fica a mais de três quilômetros de sua casa.
Devido à falta de transporte escolar, ela leva a filha e mais cinco adolescentes ao colégio. “Só queremos o transporte de volta como sempre foi. A situação é complicada. Se acontecer algo, quem será o responsável?”, questiona.
A mãe destaca também que cuida da sogra acamada e fica difícil deixá-la sozinha. A esperança de Isolete é que na próxima semana tudo se resolva, por isso, também está mobilizando o maior número de pais para participarem dos atos na câmara de vereadores.
Ela contatou com a secretária da Educação, Neide Maria Graciola. Segundo a mãe, a prefeitura está fazendo um cadastro e tentando colocar um ônibus circular, por meio de empresas de transporte e deverá auxiliar os pais com as despesas.

Transporte e zoneamento escolar geram polêmica. Pais preparam mobilização para pressionar os vereadores
O que diz o Executivo
Desde segunda-feira, foi iniciado um cadastro das famílias, diz a secretária da Educação e Cultura, Neide Maria Graciola. “Eu não sinto problema com a rede municipal, que é o nosso dever. Na estadual, temos convênio com o governo do Estado para transportar os alunos do interior. E esses todos estão sendo atendidos”, diz.
Segundo a secretária, o problema está com a zona urbana, principalmente alunos do Ensino Médio. “O investimento é responsabilidade do Estado, mas como são cidadãos de Encantado a gente quer olhar para eles. A gente não quer deixá-los desamparados. E nós estamos fazendo com que as nossas empresas locais coloquem linhas entre um bairro e outro”, complementa.
Neide salienta que quem estuda na Scalabrini ou em qualquer escola de Ensino Fundamental que fica a menos de dois quilômetros, o Executivo entrou em contato com os transportadores para colocar linhas de ônibus. As passagens serão cobradas.
O governo ainda não sabe o auxílio ou o tipo de valor que será dado. Uma comissão irá avaliar e analisar esses cadastros. No cadastro a ser preenchido, constam observações como renda familiar e até por que os pais não querem que o filho estude em determinada escola.
Gisele Feraboli: gisele@jornalahora.inf.br