Há três anos trabalhando como caminhoneira, Ildaiane da Paixão, 33, segue os caminhos do pai na profissão. Ela é natural de Espumoso e mora em Encantado.
• Quando e como iniciou a paixão pelo caminhão?
A paixão iniciou desde pequena, quando acompanhava o pai nas estradas da vida. Me formei em Pedagogia, mas depois de quatro anos trabalhando na profissão decidi que o amor mesmo era caminhão. Que dentro de mim corria diesel nas veias. Desde pequena nas férias escolares de meus irmãos íamos viajar com o pai. Na época, ele rodava todo o Brasil. Aí meus irmãos cresceram e eu e a mãe continuamos. Viajei até os 15 anos mais ou menos sempre em período de férias. Acabei que aprendi com ele a ter uma noção de como guiar a máquina. Na época era um 112H.
• Na sua opinião, quais os desafios enquanto mulher caminhoneira?
Desafios são muitos, mas a gente vai tirando de letra. Há muito preconceito ainda com a mulher caminhoneira, mas vamos levando e mostrando que temos garra e coragem pra dirigir o carrão. Onde trabalho não sofro isso e nem nos lugares que faço entregas. Os colegas sempre procuram ajudar. Nestes três anos não sofri preconceito, graças a Deus. O desafio maior é a luta por melhores condições e o respeito.
• E o tempo com a família como concilia?
Como faço entregas apenas no RS por escolha minha, o tempo com a família é tranquilo de conciliar. Meu filho Ângelo Augusto, hoje com 9 anos, procura entender o amor que sinto pela profissão. Muitas vezes reclama que sente saudades e que gostaria que eu estivesse em casa. Assim como eu, também é apaixonado por caminhão.
• Ele vai junto nas viagens? Quando você viaja, com quem ele fica?
Quando dá, em período de férias, procuro levá-lo junto, mas como a operação que faço é noturna procuro evitar em função dos perigos da estrada. Quando estou em viagem, ele fica com a avó paterna. Um anjo que me ajuda no quer for preciso sempre e cuida com muito amor e carinho dele.
• O melhor da profissão?
É a sensação de paz e liberdade que tenho dentro da boleia e as amizades que conquistei.
• A profissão influencia de alguma forma o relacionamento amoroso?
Em termos, sim. Difícil o companheiro aceitar. Já fiquei 20 dias sem ir pra casa. Hoje penso que nasci para viver no caminhão. Minha casa é o caminhão. A paz e a liberdade que preciso.
Gisele Feraboli: gisele@jornalahora.inf.br