O plenário da câmara de vereadores ficou lotado durante audiência pública sobre a crise na agricultura. Representantes de sindicatos dos trabalhadores rurais (STRs), produtores e autoridades de vários municípios da região alta do Vale participaram.
Coordenado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), o encontro também contou com a presença do deputado federal Jerônimo Goergen (PP), coordenador da Comissão Externa sobre o Endividamento Agrícola.
O secretário-geral da Fetag, Pedrinho Signori, foi o primeiro a se pronunciar. “Estamos vivendo um momento difícil na agricultura. Não só no leite, mas em toda a cadeia produtiva. A situação é muito grave. Nós plantamos, colhemos e produzimos e não temos resultados. Os armazéns estão cheios e o bolso do produtor, vazio”, enfatiza.
Conforme Goergen, as propostas apresentadas nas audiências serão levadas para os governos federal e estadual.
A crise do leite
O representante da regional da Emater/RS-Ascar, Paulo Conrad, comenta que a cada ano a agricultura familiar vem perdendo em número de produtores em função do envelhecimento e da falta de sucessão.
Para o presidente do STR de Nova Bréscia, assim como para o secretário da Agricultura de Encantado, Joel Bottoni, é fundamental a união das entidades para somar forças e encontrar a solução. “Quem carrega o piano no país é a agricultura. O primeiro passo é a prorrogação dos juros e um direcionamento”, salienta Bottoni.
O produtor e representante da Cosuel, Pasqual Bertoldi, afirma que o setor leiteiro é muito importante para a região. De toda a produção do estado, que é de cerca de 11 milhões de litros por dia, o Vale é responsável por 8%. Quanto à industrialização, a região é responsável por 35%.
Demandas
Entre as principais questões levantadas, está a garantia do preço mínimo do leite. Segundo o presidente do STR de Encantado, Gilberto Zanatta, hoje o valor está em R$ 0,60 e o custo é de R$ 1. Também é preciso ter só um preço de referência no Conseleite. Hoje há três.
Outra solicitação é zerar os juros dos plano Safra e Pronaf, que estão em 5,5%. Também a derrubada do veto do presidente Michel Temer quanto à concessão de bônus a adimplentes da Lei 13.606. Além disso, a busca de bônus e a anistia de dívidas dos produtores rurais.
Gisele Feraboli: gisele@jornalahora.inf.br