As dificuldades enfrentadas pelos produtores de leite da região serão pauta de reunião na Assembleia Legislativa. Ontem o tema foi discutido em encontro do Codevat, que levará ao parlamento gaúcho um documento com o levantamento dos prejuízos e as reivindicações do setor.
A falta de perspectiva de aumento no preço pago ao produtor deu a tônica do encontro. De acordo com o secretário de Agricultura de Estrela, José Adão Braun, em dois anos de crise, os produtores acumularam perdas que chegam a R$ 500 milhões.
Conforme Braun, o cenário é ainda mais dramático, diante dos diversos investimentos realizados por municípios e produtores na qualificação da cadeia produtiva. “Hoje temos uma produção que está entre as melhores do mundo em estrutura, manejo e qualidade do leite, material genético e sanidade, para chegar a essa situação de desastre.”
O secretário lembra que durante estes dois anos de crise as entidades do Vale do Taquari foram responsáveis por apontar e levar a situação às esferas estadual e federal. “Nós mostramos os motivos e o que deveria ser feito para conter a crise. Se ela ainda está aí, não foi por falta de aviso.”
Para Braun, existe uma diferença de tratamento entre as diferentes culturas e regiões. Cita como exemplo a crise do arroz, que recebe mais atenção dos governos estadual e federal. “A questão social está muito mais presente no produtor familiar de leite do que no arrozeiro.”
De acordo com o presidente da Amvat e prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, o cenário do Vale é de conhecimento dos gestores estadual e nacional. O que deve ser cobrado, alega, é uma definição frente às demandas do setor.
Caumo se responsabilizou por conversar sobre o tema com integrantes da bancada gaúcha no Congresso, durante a Assembleia de Verão da Famurs, que ocorre entre amanhã e sexta-feira em Torres.
Pressão na AL
Amanhã os representantes do Vale participam de reunião do grupo de trabalho da Assembleia Legislativa (AL). Comandado pelo deputado Zé Nunes (PT), o encontro discutirá as medidas do governo federal à importação de leite em pó, os decretos estaduais que reduziram o ICMS, o Fundoleite e os pedidos de emergência ou de calamidade.
De acordo com a presidente do Codevat, Cíntia Agostini, esse é o primeiro passo para ampliar as discussões. Segundo ela, as demais regiões também sofrem com a crise, mas não contribuem com a mesma força para buscar soluções.
Pauta de reivindicações
* Fim dos decretos estaduais que diminuem o ICMS para a importação de leite em pó
* Compras emergenciais de leite em pó por parte do governo federal, de forma a reduzir o estoque disponível do produto
* Definição de uma política de cotas de importação
* Ampliação dos prazos de financiamentos contraídos pelos produtores e a concessão de um crédito emergencial para custeio da produção.
* Reestruturação do IGL
Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br