Por que os grandes têm medo da organização dos pequenos

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

Por que os grandes têm medo da organização dos pequenos

A investida permanente contra o movimento dos pequenos negócios exige reflexão e discernimento
Em um momento que tudo parece fugir do nosso controle e, muitas vezes, nos faz sentir vulneráveis pelas transformações em curso, existe um antítodo antigo e que acompanha o ser humano desde a sua evolução como indivíduo organizado. A partir do instante em que o homem sapiens se organizou em bandos, sua força aumentou e as ameaças diminuíram.
Há poucos dias, fui surpreendido pelo presidente da Ocergs, Virgílio Perius, em reunião da Expovale na Acil, quando ele compartilhou sobre as investidas globais de grandes grupos econômicos contra o cooperativismo.
Quando olhamos para o Vale do Taquari, e constatamos mais de 60% de sua população associada a alguma cooperativa, certamente, podemos compreender uma das razões da pujança regional, mas não podemos cochilar.
Nem todos temos o conhecimento necessário sobre o poder e importância que esse sistema propicia a uma cidade, região ou país. E, ao mesmo tempo, sofre ameaças no mundo.
imagem cooperativismo
Contava Perius que, durante um encontro de organizações do cooperativismo, na Alemanha, a chanceler, Ângela Mertel, alertou para a intenção danosa de grandes grupos multinacionais, dominadores, investirem contra o cooperativismo. “Eles (o capitalismo selvagem) entendem que as cooperativas são a última resistência perante os grandes conglomerados econômicos mundiais”.
A ordem é investir, pra valer, contra essa organização, a começar pela América Latina. E a estratégia para vulnerabilização é corromper seus líderes, especialmente, os executivos das cooperativas.
Faço o presente comentário em um momento em que Lajeado comemora a vinda de mais uma cooperativa, a Sicoob, inaugurada na sexta-feira, na avenida Alberto Pasqualini, e que se integra ao modelo regional.
A Sicoob é semelhante ao sistema Sicredi. Nasceu no Paraná e se expande por todo o país, dentro de uma filosofia e missão genuinamente cooperativistas. Assim como a maioria das cooperativas gaúchas, a Sicoob pratica o cooperativismo na essência.
Na sexta-feira, tive o privilégio de conversar durante mais de uma hora com o presidente do Conselho de Administração do Sicoob Unicoob, Jefferson Nogaroli, aqui no A Hora, sobre o futuro do cooperativismo no Brasil e no mundo. Expus as preocupações e os desafios que nos cercam.
Profundo conhecedor de economia e mercado, Nogaroli se diz apaixonado pelo sistema cooperativo. Embora dirja uma empresa privada com sete mil funcionários, diz ter sua paixão no sistema cooperativado, onde é líder regional desde 2009. E ele não tem dúvidas que a organização social por meio das cooperativas é a grande chance de melhorar o Brasil. E faz um alerta para a austeridade e transparência do sistema em todos os rincões.

A lição e a reflexão

Criar uma compreensão maior e adequada sobre o modelo de negócios a ser incentivado em Lajeado e região én sem dúvida, uma ação assertiva a perseguir. Pois, uma comunidade que compreende de como e do por que se organizar, caminha com passos firmes ao desenvolvimento.
Ao ser escolhido pela Sicoob do Paraná para iniciar sua expansão no Vale, Lajeado aumenta sua responsabilidade enquanto polo regional. E isso implica em fortalecer não apenas a sua economia, mas também sua pujança cultural e visão cooperativa.
Assim como as nossas Sicredi’s, a Sicoob tem um Programa Mirim que adentra nas escolas. Educa e propaga o valor da cooperação.
O nosso papel, enquanto gestores, empregadores, empregados, pais, professorese ou cidadãos em geral, é compreender e difundir essa cultura vencedora dos pequenos para nos fortalecermos enquanto região.
Talvez o conteúdo aqui expressado seja redundante ou pouco curioso para alguns, mas é essencial para ampliar nossa capacidade de organização, enquanto modelo desenvolvimentista.
O mundo caminha para a economia colaborativa e clama pelo capitalismo consciente. Esses dois movimentos fundamentam os pilares do cooperativismo, de maneira organizada e ordenada.
Olhar para isso com serenidade é um grande começo.


A favor da liberdade

O Fórum das Entidades constituído por 13 organizações de classe se reúne nesta segunda-feira, 19, para deliberar sobre o projeto que permite liberdade de escolha para abrir as lojas aos domingos. O projeto tramita na câmara de vereadores e deve ser votado no dia seguinte. Pelo levantamento na câmara, a maioria dos parlamentares concorda com a liberdade de escolha.
Se aprovado, nenhum estabelecimento será obrigado a abrir. Mas, quem resolver abrir, deixará de pagar a multa ao Sindicato dos Comerciários, na ordem de R$ 3 mil.


Um “novo tempo” ruim

O complexo habitacional construído no bairro Santo Antônio é a herança mais desafiadora dos futuros governos de Lajeado. Não apenas Marcelo Caumo, mas qualquer futuro gestor terá muita dor de cabeça para equacionar os graves problemas que se sucedem na vida de quase 500 famílias, jogadas à própria sorte. Vulnerável ao tráfigo de drogas, o Novo Tempo se soma às inúmeras construções desastrosas erguidas no país. Paulo Maluf, em São Paulo, foi o criador desse equívoco habitacional. Em Lajeado, urgem providências. Enquanto isso, segue o abandono das famílias do local, por medo.


facebook copy

O fim dele

Muito já se ouviu sobre o anunciado declínio do Facebook, em 2018. A rede social criada por Mark Zuckenberg alcança milhões de seguidores e, infelizmente, se tornou uma ferramenta poderosa para propagar notícias falsas, além de muita fofoca e conteúdo fútil.
No Brasil, o seu declínio começa a virar realidade quando o principal jornal, a Folha de São Paulo, decide suspender a divulgação de seu conteúdo nessa rede, onde detém mais de seis milhões de seguidores.
Na mesma linha, a Unilever, segunda maior anunciante global, ameaça cortar todos os anúncios do Facebook, se esse não dar um jeito nas fake news. E mais: se continuarem a criar divisões na sociedade, que estimulam o ódio e a vulnerabilidade infantil. A anunciante americana ainda espera que a tecnologia melhore a transparência e a confiança do consumidor em uma era de notícias falsas e conteúdo on-line tóxico.
Que as redes sociais formam guetos danosos e diminuem a chance do debate saudável entre os diferentes não é uma novidade. Chama atenção, no entanto, a crítica da maior anunciante digital: a Procter & Gamble que, em 2017, cortou U$$ 100 milhões em marketing digital em um trimestre sem registrar impacto nas vendas. Ou seja, a rede social está longe de ser uma unanimidade na hora de comprar.
Outra desconfiança é o alcance real dessas ferramentas digitais. É cada vez mais comum robôs substituírem humanos para aumentar a audiência e a consequente cobrança por parte dos gigantes do Vale do Silício.
Não apenas o mercado publicitário está incomodado, mas o consumidor mais esclarecido que não quer gastar seu tempo em uma rede de futilidades e banalidades.

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