O drama da indústria e produtores de leite aumenta a cada dia. Unidades da Emater da região, ao lado dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, reúnem dados para dimensionar o tamanho do impacto ao longo dos últimos dois anos. São centenas, talvez milhares de famílias que abandonaram a atividade durante este período.
E não é à toa. Os menos de R$ 0,90 pagos pelo litro são insuficientes para cobrir as despesas, oxalá falar em lucro. O mínimo necessário para garantir um equilíbrio e margem de segurança seria algo em torno de R$ 1,20.
Mesmo com a mobilização regional em defesa da produção e das famílias do campo, as determinações políticas como a compra do estoque pelo governo federal e o decreto estadual para aumentar o imposto sobre as importações mostraram-se medidas paliativas. É preciso mais.
A cadeia leiteira é um dos pilares da economia do Vale do Taquari. Mantém empregos na cidade e se ergue como alicerce da cultura regional, com importante papel na formação da identidade local. As perdas nos municípios vão muito além das financeiras. A mais acachapante das crises da cadeia leiteira provoca prejuízo social, pois favorece o êxodo e depõe contra as tentativas de manter as propriedades rurais ativas.
Entidades, ao lado dos prefeitos e produtores, aumentam o grito por socorro. Faz duas semanas, revezam reuniões para encontrar saídas capazes de amenizar os prejuízos e evitar desistência ainda maior de produtores. O Conselho de Desenvolvimento Regional (Codevat) assumiu a bandeira e quer despertar uma grande onda de manifestações pelo RS. Reunião preparatória ocorre na segunda-feira na Univates, quando serão alinhadas estratégias para levar à capital gaúcha na quarta-feira.
Calamidade. Essa é a palavra mais repetida por todas as pessoas ligadas ao setor. Municípios procuram formas jurídicas para decretar situação de emergência diante da debandada de produtores. Todos os dias, são registradas novas desistências.
Infelizmente os avanços recentes conquistados a duras penas, especialmente na sanidade e na genética, ficam abafados pela vulnerabilidade. Multiplicam-se casos de produtores que investiram em qualidade e hoje estão endividados. E o pior, arrependidos.
O tamanho do problema exige uma resposta maior do Estado e do governo federal. Fazem certo os líderes regionais em aumentar o grito por socorro e mobilizar todas as regiões gaúchas em torno do drama que acomete milhares de famílias.
Editorial
Grito mais forte
O drama da indústria e produtores de leite aumenta a cada dia. Unidades da Emater da região, ao lado dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, reúnem dados para dimensionar o tamanho do impacto ao longo dos últimos dois anos. São centenas,…