“Deixamos muitas vezes o velho em um segundo plano”

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“Deixamos muitas vezes o velho em um segundo plano”

Entre centenas de judocas treinados pelo sensei Antônio Carlos Pereira (o “Kiko”), 50, estão medalhistas olímpicos e campeões mundiais como Mayra Aguiar, Felipe Kitadai, Tiago Camilo e João Derly. Ao longo da trajetória, desenvolveu projetos sociais ensinando o esporte a…

“Deixamos muitas vezes o velho em um segundo plano”

Entre centenas de judocas treinados pelo sensei Antônio Carlos Pereira (o “Kiko”), 50, estão medalhistas olímpicos e campeões mundiais como Mayra Aguiar, Felipe Kitadai, Tiago Camilo e João Derly. Ao longo da trajetória, desenvolveu projetos sociais ensinando o esporte a crianças carentes. Para ele, a arte marcial é uma poderosa forma de libertação.
Você acredita que o judô é uma ferramenta de inclusão social?
Com certeza. O judô tem um aspecto muito importante, que é o bushido (“caminho do guerreiro”), a arte do conhecimento japonesa. O judô trabalha muito a questão da filosofia oriental. Então esse aspecto educacional do judô é ainda mais relevante. Diz respeito à forma como o oriental vê a vida. Nós, ocidentais, às vezes, temos aquele pensamento que o importante não é “ser”, é “ter”. E os orientais, pelo contrário, dão prioridade ao “ser”. Isso está muito presente em modalidades como o judô e o karatê, que têm muita influência oriental. O esporte é, sem dúvida, uma ferramenta importantíssima de educação e inclusão social.
Como essa disciplina oriental colabora para o desenvolvimento do caráter do ser humano?
Na estruturação da sociedade oriental, se valoriza muito a experiência, o velho. Nós, no mundo ocidental, deixamos muitas vezes o velho em um segundo plano. Essa questão do respeito ao velho, do respeito à tradição, do respeito à hierarquia, é um dos valores mais importantes da cultura oriental.
De que forma o esporte colabora com a sociedade?
Eu acho que tendo pessoas mais harmônicas, mais educadas, mais sensíveis e mais humanas, a sociedade no geral tem um ganho muito importante.
Como foi seu primeiro contato com o judô?
Eu iniciei com 7 anos em um clube pequeno em Porto Alegre. Com 17, comecei a dar aulas. Meu pai tinha um amigo japonês, e eles frequentavam um clube onde havia judô. Meu pai gostava muito da forma que os meninos do judô se relacionavam, se portavam, e meu pensou: “vou botar meu filho nesse negócio aí para ele ficar igual a esses meninos” (risos).
O que o judô significa para você?
Para mim, é a trajetória de vida. A palavra judô quer dizer o “caminho da suavidade”. Então, representa para mim que tudo o que eu fizer eu tenho que fazer bem-feito.

Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br

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