Após uma semana marcada por debates municipais sobre a crise do leite, a Amvat e o Codevat buscam ampliar a base de pressão por soluções.
Na manhã de sexta-feira, 16, representantes dos sindicatos de trabalhadores rurais se reuniram com o presidente da Amvat, Marcelo Caumo.
Na segunda-feira, 19, será realizada reunião sobre o tema no Codevat. O encontro ocorre a partir das 14h, na sala 206 do Prédio 11 da Univates.
De acordo com Caumo, a mobilização de todas as forças regionais em torno do tema é fundamental para o avanço do setor. Segundo ele, mesmo municípios sem produção significativa, como Lajeado, sofrem com a queda no preço pago aos produtores.
“Quando os produtores não estão conseguindo o recurso necessário para manter a produção e pagar as suas contas, reflete na economia de todo o Vale”, ressalta. Caumo lembra que as demandas do setor não são fáceis de serem atendidas porque envolvem políticas voltadas para o Mercosul. Mesmo assim, considera fundamental a discussão.
“É uma situação que interfere em uma das culturas mais antigas da região, e que pode acabar”, alerta. Segundo ele, além da preocupação imediada com os produtores, a crise do leite também retoma o debate sobre a sucessão rural.
“Precisamos pensar no futuro. Qual será o atrativo para as famílias se manterem no campo do jeito que as coisas estão?”, questiona.
De acordo com a presidente do Codevat, Cíntia Agostini, a reunião na segunda-feira visa alinhar as demandas da região para o encontro regional dos conselhos de desenvolvimento, que ocorre na quarta-feira, 21, em Porto Alegre.
“Vamos tratar principalmente sobre a demanda por decretos de situação de emergência ou calamidade pública”, aponta. Conforme Cíntia, apesar da crise atingir todo o Estado, não se vê em outras regiões mobilizações semelhantes, o que é necessário para a ampliar a pressão sobre os governos estadual e federal.
Abate de animais
Conforme Cíntia, faz mais de um ano que as entidades do Vale do Taquari se mobilizam pela causa do leite, tendo realizado uma série de debates, audiências públicas e protestos. Segundo ela, no fim do ano passado, o movimento conquistou a suspensão da importação do leite uruguaio, mas a medida foi derrubada em menos de um mês.
“Essa situação frustra, porque não há vontade política de proteger os produtores”, alega. Lembra que neste período do ano deveria haver um aumento no preço do leite devido à entressafra, o que não ocorre. Dessa forma, os agricultores continuam ganhando menos do que gastam para produzir. A consequência mais evidente dessa situação, aponta, é o crescimento na utilização de vacas para o gado de corte. “Muitas famílias não abandonam a produção porque não conseguem vender os animais.”
Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br
