A Campanha da Fraternidade 2018 foi lançada ontem. A iniciativa é promovida pela Conferência Nacional dos Bispos (CNBB). O tema deste ano é “Fraternidade e superação da violência”.
O objetivo da Igreja Católica é fazer uma reflexão do que ocorre no país e colocar em evidência todas as iniciativas existentes para superar a violência. Ao mesmo tempo, despertar para novas propostas para atingir esse objetivo.
Contra as injustiças
“Uma igreja que não fala das injustiças, das dores e sofrimentos não é igreja de Jesus Cristo, pois Jesus foi o maior político de todos os tempos. Ele queria justamente a política do bem comum. Ele a resumiu no mandamento do amor, que tem como reflexo o lema da campanha deste ano”, salienta o sacerdote da Paróquia São Pedro de Encantado, Hermes Perguer.
Ele destaca que são muitas as formas de violência e a igreja quer chamar a atenção disso, seja dentro de casa, seja na sociedade. Perguer enfatiza que a intenção da campanha é colaborar no caminho da superação da violência que significa a superação da corrupção, da injustiça, do egoísmo, da ganância, da desigualdade.
“Tudo isso é violência. O pior da violência é quando ela é institucionalizada. O objetivo principal é uma tomada de consciência”, salienta o padre.
A Campanha da Fraternidade inicia no período da Quaresma, mais especificamente na Quarta-Feira de Cinzas, comemorada ontem. Além de ser trabalhada neste período específico com bastante ênfase, ela serve como foco ao longo do ano.
Entrevista
“Nós sempre temos que ser pessoas de paz.”
O bispo de Santa Cruz do Sul, Aloísio Dilli, destaca a importância do tema deste ano.
Quais os principais aspectos que a Igreja Católica quer chamar a atenção com a Campanha da Fraternidade?
Aloísio Dilli – Na Quaresma, preparação para a Páscoa, a gente renova o batismo. Por isso, que a gente faz uma Campanha de Fraternidade. Uma campanha de sermos mais irmãos e irmãs. Em cada ano, a CNBB elabora uma temática própria para isso. Nós estamos percebendo, no nosso tempo, que existe muita violência. Em outras palavras, para nós sermos pessoas de paz.
Um dos principais problemas de sofrimento do povo brasileiro é o tema abordado, além disso, o Papa Francisco fala muito de paz e fraternidade. O tema deste ano vem nessa direção?
Dilli – Tudo isso. A partir da fé, nós vamos também percebendo aquilo que na sociedade devemos trabalhar, devemos ser, nos relacionar. Nós sempre temos que ser pessoas de paz. Não uma paz no sentido passivo de não fazer nada, de deixar tudo acontecer, mas construir uma paz. Uma cultura de paz. Tomar posições de paz, onde nós defendemos os irmãos e as irmãs sobretudo aqueles que mais precisam.
Dê alguns exemplos desses projetos que acontecem na diocese?
Dilli – Temos projetos em nossas paróquias. Com crianças, por exemplo, meninos e meninas de rua ou menos favorecidas e, às vezes, até distantes do verdadeiro ambiente familiar. Essas crianças são reunidas para aprenderem, por exemplo, música, atividades que fazem com que possam se afirmar como pessoa para perceberem a sua dignidade, sua capacidade. Há também projetos de alimentação, que passam pelo processo de solidariedade de fraternidade.
O que se espera da Campanha da Fraternidade deste ano?
Dilli – A gente espera que as pessoas reassumam o verdadeiro sentido de sua vida cristã ligada ao batismo. Espera-se que cada pessoa se sinta responsável por construir uma sociedade de paz. Uma cultura de paz e não uma cultura de violência. Que haja uma superação da violência. Nós estamos caminhando para um mundo cada vez mais violento.
Gisele Feraboli: gisele@jornalahora.inf.br