Cresce movimento para barrar a crise na cadeia leiteira

Vale do Taquari

Cresce movimento para barrar a crise na cadeia leiteira

Sindicatos ampliam pressão por decretos de situação de emergência e compras governamentais

Cresce movimento para barrar a crise na cadeia leiteira
Vale do Taquari

A queda no preço do leite e o consequente abandono da atividade por parte dos agricultores familiares provocam reações. Sindicatos de produtores e municípios ampliam mobilização por medidas capazes de impedir o colapso da cadeia produtiva.

Na sexta-feira, 9, o STR de Cruzeiro do Sul debateu o tema com produtores e autoridades. De acordo com a entidade, 62 famílias deixaram a atividade desde 2015, equivalente a 27% dos total. Hoje, 167 agricultores produzem leite no município, contra 229 dois anos atrás.

Dos 85 produtores com venda de 50 a cem litros por dia em 2015, apenas 27 se mantêm na atividade. Conforme o STR, a perda de retorno do ICMS do município devido à crise do leite pode chegar a R$ 4 milhões por ano.

Presidente do sindicato, Marcos Antônio Hinrichsen acredita que uma das saídas para a crise seria a elaboração de decretos municipais de situação de emergência ou estado de calamidade. Segundo ele, com a chegada do inverno, os produtores precisam investir no estoque de alimento para os animais, algo impossível diante dos prejuízos.

“Hoje o agricultor paga para produzir”, aponta. Além disso, ressalta que todos os produtores realizaram investimentos na melhoria da atividade, em financiamentos que precisam ser pagos todos os meses.

Segundo ele, uma das reivindicações do sindicato é o prolongamento dos empréstimos pelo período de 36 meses e desconto de 20%, além da abertura de crédito emergencial. A entidade também pede a revisão do preço mínimo do produto e o aumento das vistorias nas propriedades.

Para Hinrichsen, a medida mais importante no momento para regular o mercado é a compra de 50 mil toneladas de leite por parte do governo federal. Uma nova reunião no município está marcada para quinta-feira, 15, com a participação dos poderes Executivo e Legislativo.

Demais municípios

Nesta semana, a crise do leite também será tema de reunião em Westfália, dia 15, e Teutônia, na sexta-feira, 16. O primeiro município a debater o tema neste ano foi Arroio do Meio. Em reunião do STR no dia 29 de janeiro, produtores sugeriram pela primeira vez a assinatura de um decreto de situação de emergência.

O Executivo de Arroio do Meio coletou as assinaturas de todos os 312 produtores em atividade e elabora um levantamento das perdas econômicas para tentar viabilizar o decreto. A proposta também é discutida em Bom Retiro do Sul, Estrela, Teutônia, Travesseiro e Westfália.

Para o presidente da Fetag e do IGL, Carlos Joel da Silva, a medida mais imediata para regular o mercado seria a compra do produto por parte do governo federal. Segundo ele, diante da maior crise do setor em 20 anos, as entidades do país todo ampliam a pressão em Brasília.

“Nos últimos dois anos, fizeram apenas uma compra, em quantidades insuficientes”, aponta. Para Silva, as consequências da inércia do governo são o abandono da atividade, seguido pelo êxodo rural. “Acarreta problema para as famílias, mas também para o poder público, pois, além de parar de gerar renda e emprego no campo, essas famílias acabam indo para a cidade com maior necessidade de atendimento por parte dos municípios.”

Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br

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