Fico impressionado quando penso nas cem pessoas desempregadas com o fechamento do SuperRissul, no shopping – que abria aos sábados e domingos –, e ainda ouço quem esbraveja contra a liberdade de abrir o comércio aos fins de semana.
Essas famílias, agora sem salário, tinham no domingo uma parcela importante de sua renda. Trabalhavam no Rissul por oportunidade e escolha, e não por obrigação.
Aliás, ninguém trabalha por obrigação. Trabalha por escolher trabalhar, para ser remunerado e satisfazer seu custo de vida.
O local onde trabalhamos é consequência da oportunidade ao nosso esforço, persistência e habilidades profissionais. O que tem valor são nossas qualidades.
Quando a gente acredita restar apenas uma única oportunidade na vida, então, nos fechamos em um paradigma.
Combater a liberdade de o comércio abrir aos domingos é igualmente um paradigma que limita a escolha. Impede mudanças e qualquer movimento capaz de algo diferente. É como andar no próprio círculo.
Qualquer pessoa tem a liberdade de fazer suas próprias escolhas, exceto os incapazes.
Ontem, caminhando pela rua Júlio de Castilhos, encontrei um amigo de infância. Me contou do desconforto de estar desempregado. Trabalhou 15 anos na mesma empresa. Estava tranquilo. Certo dia, lhe oportunizaram um treinamento de uma semana em São Paulo. “Eu disse que estava bom pra mim. Que não precisava”, contou.
Um ano ano depois, uma senhora, mãe de família, quase da mesma idade, ocupou seu lugar, após 30 dias dela no treinamento recusado pelo meu amigo.
Quando me contou, fiquei sem resposta. “O novo assusta. Escolher o caminho mais fácil é bom na hora. Escolhi assim,” emendou.
Eu respirei, o cumprimentei, desejei entusiasmo e, então, cada um seguiu o seu caminho.
Trago essa pequena história para ilustrar o poder das nossas ESCOLHAS. Conheço pessoas que trabalham aos domingos e são absolutamente felizes. Outras, que trabalham dois dias na semana, e não cansam de reclamar. O inverso também existe.
A liberdade de escolha é inerente a cada um. Alguns preferem não fazer uso dela. Outros se apropriam sem medo e sem dúvidas. Depende de cada indivíduo.
Sou contra fazer trabalhar aos domingos quem não quer. Ninguém pode ser obrigado a trabalhar, seja em qualquer dia. Deve escolher.
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Igualmente, sou contra a obrigação de fechar ou abrir o comércio aos domingos. Sou pela liberdade de abrir e fechar quem quer. Insisto nessa liberdade para possibilitar mais escolhas.
O comerciante contrário à abertura aos domingos deve ter o livre-arbítrio de passar a chave no horário que bem entender. E o outro que, eventualmente, quiser abrir, idem.
O funcionário que não quer trabalhar aos domingos tem o direito de assim fazer. O outro, disposto ao contrário, idem.
O empregador injusto e incorreto com sua equipe sofrerá as consequências jurídico-trabalhistas. E o empregado dissidente tem a chance de outras escolhas. Afinal, nem todos os comerciantes querem abrir aos domingos.
A lei ora em discussão trata da LIBERDADE. É opcional, facultativa, tanto para o empregador quanto ao empregado.
Assim como nem todos os restaurantes, supermercados ou lojas de shopings abrem aos domingos, outros decidem oportunizar aos consumidores fazer um almoço em família fora de casa ou mesmo um passeio pelo shopping e supermercado no domingo.
Realmente, não entendo como algo tão simples pode causar tanta repercussão!
Shopping e seus desafios
Matéria do A Hora desta edição, e uma conversa pessoal, na sexta-feira, com um dos empresários paulistas à frente da reestruturação do Shopping Lajeado, me dá esperança. De saída, estima-se um investimento inicial de R$ 2 milhões pelo grupo minoritário. Isso reacende a expectativa de lojistas e famílias desempregadas com os últimos fechamentos de lojas. O desafio é restabelecer a confiança da sociedade, dos clientes e fornecedores. Ao que tudo indica, se dará a volta por cima, apesar de tudo.
Promessa não cumprida
Enquanto discutimos a liberdade para abrir o comércio aos domingos, o Executivo de Lajeado ainda deve respostas às centenas de famílias sem vagas nas creches. O prefeito Marcelo Caumo prometeu zerar o problema. Passou-se um ano e o número de excluídos segue alto.
Com milhões em patrimônio de imóveis, esse problema já deveria estar resolvido faz muitos anos.