A pequena Vitória Carolina Imich nasceu de 34 semanas. A mãe Daniele Carine Wolff Imich, 30, teve uma gravidez de risco e precisou parar de trabalhar na oitava semana de gestação. Desde o nascimento, a menina já esteve duas vezes na UTI do Hospital Bruno Born e já passou por um coma.
“Os médicos nos disseram que poderíamos nos preparar para um óbito. Ela conseguiu reverter e vir para casa, porém, sempre com as suas limitações”, comenta a mãe. A família foi buscar por especialistas, pois a menina tinha refluxo e ela era rígida, quase não conseguia se movimentar.
O diagnóstico de microcefalia foi descoberto quando Vitória tinha 9 meses. “Diagnóstico não é destino. Eu faço o que eu posso. Faço fisioterapia nela em casa todos os dias com os equipamentos ganhados dos meus ex-colegas de trabalho e conforme orientação médica. Hoje a minha vida são os meus filhos”, conta a mãe.
Daniele e o marido Mauro Leopoldo Imich, 37, têm mais um filho de 3 anos. O pai trabalha como caminhoneiro e a renda gira em torno de pouco menos de R$ 2 mil por mês. Há quatro meses, a família recebe ajuda de parentes, amigos e pessoas sensibilizadas com a situação.
“Estamos fazendo acompanhamento com uma geneticista em Porto Alegre que está fazendo toda essa investigação. Se isso é genético. Do zika vírus não é, ou seja, do mosquito não é. O problema dela é de má-formação”, esclarece a mãe. A família está tentando descobrir se é congênito e genético ou se aconteceu alguma coisa dentro da UTI.
Segundo Daniele, a geneticista acredita que ela tenha uma síndrome rara além da microcefalia, paralisia cerebral e espinha bífida. Junto a isso, conforme a mãe, Vitória não tem algumas partes do cérebro, principalmente na parte de trás da nuca. Isso afetou o sistema locomotor e também o de visão.
Vários especialistas
Vitória tem atendimentos mensais com diversos especialistas: neurologista, pediatra, gastrologista, fonoaudióloga, fisioterapeuta, otorrinolaringologista, oftalmologista e geneticista. O atendimento com a fonoaudióloga especializada nesses casos ocorre três vezes por semana em Porto Alegre. Só nesse tratamento a família gasta em torno de R$ 2 mil por mês.
Ela tem plano de saúde, mas ele só cobre as consultas, não o tratamento. Além disso, tem alguma ajuda do município e recebe atendimentos no posto de saúde do bairro Montanha, onde mora. Há poucos dias, conseguiu atendimento na Apae uma vez por semana.
Mesmo assim, Vitória precisa continuar com o tratamento em Porto Alegre no Hospital Presidente Vargas, pois o caso é grave. Também precisa fazer uma cirurgia chamada gastrostomia, que é a colocação de uma sonda pelo estômago para poder se alimentar melhor. Entretanto, por ser pequena e com imunidade baixa, o procedimento ainda não pode ser realizado.
Vitória ainda não senta e fica a maior parte do tempo deitada. Faz fisioterapia para tentar se movimentar mais e fortalecer a musculatura.
A campanha
A família, com dificuldades financeiras, lançou uma campanha para arrecadar lacres de latinhas e tampinhas de garrafas pet. O objetivo é conseguir uma cadeira de rodas para Vitória.
Uma cadeira de rodas para criança, sob medida, custa em torno de R$ 10 mil. Para chegar a esse valor, a família que iniciou a campanha faz cerca de três meses, precisa juntar cerca de três mil quilos de lacres.
Conforme Daniele, a ideia da campanha surgiu a partir de um grupo em uma rede social de famílias que têm filhos com microcefalia. “Nós mães trocamos informações, a gente troca dúvidas, se estimula uma a outra, porque não é fácil ter uma criança especial. E como é uma doença nova a gente encontra muitas barreiras para tratamento, para tudo, para ajuda”, diz.
A publicação no Facebook já conta com mais de 500 compartilhamentos. Segundo Daniele, muitas pessoas começaram a ajudar e a se mobilizar e eles agradecem a todos. A família nesse período ganhou uma cadeira de rodas, mas é muito grande e somente poderá ser usada quando a menina estiver maior e com mais idade.
Como ajudar
As pessoas podem contatar pelo WhatsApp 99190-6254. Conforme a família, qualquer ajuda é bem-vinda, seja com alimentos, lacres, tampinhas ou em dinheiro. Também há uma conta no Sicredi 58340-5 agência 0179 para depósitos. Ou ainda no Vaquinha online no link “Todos juntos pela Vitória”, no endereço: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/todos-juntos-pela-vitoria-daniele-carine-wolff-immich.
Gisele Feraboli: gisele@jornalahora.inf.br