Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
-paz no futuro e glória no passado.
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Enquanto alguns amigos e conhecidos comemoravam ou protestavam pela condenação de Lula, eu lembrava do nosso hino apologético e irreal que fomos obrigados a cantar na escola. E, ainda hoje, o entoamos nas cerimônias talvez na esperança de que em algum dia possa se tornar uma verdade.
Recebi e-mail do empresário Deoclides Pedó, de cujo pensamento destaco algumas frases esperançosas: “…os políticos em geral e empresários corruptores agora devem ficar muito apreensivos, porque se o estado de direito brasileiro conseguiu pôr atrás das grades uma pessoa com o capital político e popular do Lula, quão mais fácil será agora “buscar”os demais… Nós, geração que viveu e chancelou tudo o que aconteceu, devemos nos calar e curvar antes a essa brava gente, que sem cabelos brancos, ensinou como se muda o ‘status quo’ de um país…”
Oxalá, isso se torne uma verdade plena. É o meu desejo também.
Exceto as belezas naturais, os filhos do Brasil têm pouco a se orgulhar. A maioria foge à luta, não se envolve e muito menos combate a corrupção. Ainda que se diga farta da desonestidade dos políticos, segue a praticar pequenos e grandes desvios, com o chamado “jeitinho brasileiro”.
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Enquanto jogar lixo no chão, sonegar impostos, apresentar atestado médico falso, sacar seguro desemprego ilegal, pegar o jornal do vizinho sem autorização ou não respeitar a faixa de segurança, o brasileiro não faz o que quer dos políticos.
Lula foi condenado em segunda instância, num “show” lamentável que afagou extremistas e revoltou apaixonados. Dois lados cegos, sem a devida interpretação do momento desastroso que vive o país faz tempo.
Ainda que todas as acusações contra Lula sejam verdadeiras – e, certamente, muitas são –, não existe o mesmo tratamento e proporcionalidade aos comprovados corruptos que seguem a se locupletar com dinheiro público.
Por isso, não consigo comemorar, nem ficar revoltado com a condenação de Lula. Sinto desprezo, vergonha e uma grande indignação com todos nós: o povo brasileiro.
Que país é este que se perde no Carnaval e futebol. Gasta horas na frente da televisão para assistir ao Big Brother e jogos, mas é incapaz de ler um livro ou assistir a um documentário crítico sobre algo que provoca reflexão e discernimento.
Durante a Copa do Mundo, os símbolos eram os pagagaios e as araras voando em torno do Cristo Redentor.
Papagaios…, isso mesmo. Um arquétipo bem sugestivo para uma nação que tem no “jeitinho brasileiro” um de seus chavões preferidos.
Enquanto o americano se inspira na visão e estratégia da “águia”, os chineses na força e habilidade do “tigre”, os brasileiros se identificam com o “Zé Carioca”, um personagem fictício desenvolvido em 1940 pelos estúdios Walt Disney. Ele é retratado como o típico malandro carioca, sempre escapando dos problemas com o “jeitinho” característico.
Esse é o Brasil. Esses somos nós.
Nossos líderes: Aécio Neves (PSDB), José Sarney (PMDB), Jader Barbalho (PMDB), Michel Temer (PMDB), Wesley Batista e tantos outros, que causaram danos comprovadamente enormes ao país, mas seguem sem a adequada punição.
Lula, o fanfarrão que adora vinho caro e viagens ao exterior, se tornou presidente e agora foi transformado no “vilão” da corrupção brasileira. Nada dele presta. É o epicentro de todo mal no Brasil. E tem muita gente “esclarecida” que acredita nisso. Tem convicção que seu “extermínio” colocará um fim em toda roubalheira no país.
Francamente. Nos falta uma maior preocupação das coisas. Carecemos de nos indignar com a falta de educação e cultura. Nos faltam atitude e coerência.
A corrupção não escolhe comunistas, nem capitalistas. O poder os revela. A história prova que todos são vulneráveis. Logo, é uma bobagem atribuir a característica seletiva de desonesto a alguém em particular. Depende do caráter de cada um.
Falta, sim, vergonha na cara, para esquerdistas e direitistas. E, ainda, falta educação e honestidade para nós brasileiros em geral.
Vamos resolver isso? Então, que tal começar pelo nosso “quintal”!
Desafios que urgem
Li o caderno Pensar Lajeado nessa sexta-feira. Os desafios do governo municipal têm o tamanho das mazelas ainda pendentes e prioritárias: falta de creches, insegurança pública, além dos serviços básicos que não chegam a todos os lajeadenses. Especialmente as comunidades mais pobres ficam às margens dos investimentos públicos.
Combater o compadrio e os conchavos na prefeitura é outra tarefa árdua de Caumo e Glaucia diante do modus operandi de uma ala do PP. A população está de olho e a imprensa também.
Na câmara, o prefeito deve enfrentar uma oposição mais sistemática e atenta em 2018.
Afastamento na Amam
A direção da Associação dos Menores de Arroio do Meio (Amam) mudou. Cândida Marquese Johann assumiu no lugar da diretora demitida, Carmen Gerhardt Friedrich, no cargo há cinco anos. O motivo alegado é contraditório. O Ministério Público está de olho.
Correção em tempo
Na coluna anterior, publicamos erroneamente que o prefeito de Marques de Souza, Edmilson Dörr, tem 26 cargos de confiança. O certo é: existem 26 cargos criados, mas o prefeito preencheu apenas dez, sendo um deles de secretário municipal. Os demais estão vagos.