De Encantado para o Brasil

jogando por um sonho

De Encantado para o Brasil

Júlia Lordes disputa em março o sul-americano de futebol sub-17 com a seleção brasileira

De Encantado para o Brasil
oktober-2024

O sonho de ser jogadora profissional de futebol fez a jovem Júlia Daltoé Lordes, 16, sair cedo de casa. Com apenas 12 anos de idade, trocou a localidade de Lajeadinho, em Encantado, por Chapecó (SC). Permaneceu lá até o início deste ano, quando aceitou a proposta do Internacional e retornou ao RS.

A paixão pelo futebol começou cedo. Desde os 6 anos de idade, treinava no CFM, escolinha de Encantado. Antes tentou outras atividades, mas sem sucesso. “Minha mãe me levou para participar de atividades de CTG, mas não gostava, queria mesmo era jogar futebol.”

Apesar da pouca idade, Júlia sempre se destacava. “Ela sempre treinava com os meninos e tinha uma obediência tática incrível, ela tinha o dom, nós só aperfeiçoamos”, conta o primeiro professor, Fernando Radaelli.

A ida para Chapecó surgiu por intermédio de Radaelli. Anos antes, ele havia levado outras três meninas para o futebol catarinense. “Temos uma parceria muito boa com o pessoal de lá, então vi que ela tinha interesse e levamos para lá.”

O professor destaca que Júlia sempre se dedicava nos treinos. “Até hoje, nos períodos de folga, quando ela pode, vem nos visitar aqui em Encantado e participa dos nossos treinamentos.”

Convocação

Após se destacar com a Chapecoense, Júlia foi convocada pela primeira vez em março do ano passado. “Estava na aula e uma amiga viu a lista e me mostrou, meu nome estava lá. Eu não pensava em mais nada, apenas na convocação.”

Depois disso, foram outras três convocações – duas em novembro e a mais recente, agora, no dia 10 de janeiro. Ela se apresentou nessa segunda-feira para os treinamentos na Granja Comary, no Rio de Janeiro, e passará por diversas avaliações até o dia 10 de fevereiro.

Durante as atividades, Júlia teve contato com jogadoras do grupo principal, como a meia Taíssa. “Foi uma experiência incrível. Por ela jogar na mesma posição que eu, tenho ela como inspiração. Ela foi muito humilde, me deu vários conselhos e me disse como eram as competições no país e no exterior.”

Das atletas convocadas, quatro serão cortadas e as demais disputarão o Sul-Americano sub-17. “Vou trabalhar duro para estar nesse grupo,” adianta.

Aos 12 anos, Júlia saiu de Encantado para atuar na Chapecoense, em Santa Catarina

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Entrevista

A Hora – Como foi a adaptação quando, com 12 anos, você foi para Chapecó? Pensou em desistir?

Júlia Daltoé Lordes – Era filha única, vivia grudada com todos, principalmente meus avós. A adaptação foi bem difícil. Chorei muito no começo, sentia muita falta, a saudade era muito grande. Como tinha apenas 12 anos, não tinha maturidade suficiente para me virar sozinha. Mesmo com meus pais indo me visitar seguidamente e eu indo para Encantado de vez em quando, pensei em desistir, pois estava longe da família e não conhecia ninguém. Os treinamentos eram difíceis, minha adaptação com o novo ambiente escolar também foi bem complicada.

A seleção passa por um período de transição. Você espera estar no grupo que disputará os Jogos Olímpicos em 2022?

Júlia – É meu sonho jogar na seleção principal, e as olimpíadas são o meu sonho. Vou trabalhar muito para quando aparecer a oportunidade estar preparada e ficar com a vaga. Meu sonho é ser atleta da seleção brasileira adulta.

Nos últimos anos, o CFM formou outras três atletas para equipes profissionais, Talia Daroit, Adrieli Berté e Ana Carolina Sestari. Elas serviram de inspiração pra você?

Júlia – Foi indicação da Talia para ir a Chapecó, cheguei a jogar com ela no CFM. Ela me ajudou muito na adaptação à cidade. As outras não cheguei a conhecer, pois saí da escolinha antes de elas entrarem.

Quantos anos você ficou na Chapecoense? E essa mudança para o Internacional, como ocorreu? Como você vê a oportunidade de voltar a atuar no RS?

Júlia – Fiquei quatro anos em Chapecó, fiz muitos amigos e conquistei muitos títulos, foi muito difícil essa saída de lá. Vim para o Inter pois eles estão investindo bastante no futebol feminino, estão com uma estrutura fantástica, uma das melhores do país. Vou treinar e atuar com as jogadoras adultas, vim para cá por causa de novos desafios. Vou treinar com o time principal, mas atuarei nas duas categorias sub-17 e profissional. Atuar no RS é bom, pois estou perto da família. Aqui me sinto em casa.

Depois de quatro anos, atleta aceita proposta do Internacional e retorna ao futebol gaúcho

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Conquistas em 2017

– Campeã brasileira escolar
– 4ª colocada no mundial escolar
– Campeã nos joguinhos abertos de futebol de campo e de futsal
– Campeã estadual nos Jogos Escolares de Santa Catarina
– Campeã de futsal nas Olimpíadas Escolares de Santa Catarina
– Campeã nos Jogos Escolares da Juventude
– Campeã catarinense de futsal sub-17
– Vice-campeã no Torneio Desenvolvimento Conmebol
– Campeã brasileira escolar de futsal

Ezequiel Neitzke: ezequiel@jornalahora.inf.br

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