Plantio diminui

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Plantio diminui

Cultivo de aipim reduziu em 50% nos últimos anos. Incidência de doenças e falta de máquinas e de preço mínimo justificam a queda. Beneficiamento da raiz é apontado como saída para incrementar a renda das famílias

Plantio diminui

Em Cruzeiro do Sul, cidade que já foi a maior produtora para a Ceasa, a área diminui a cada safra.

Produtor faz 30 anos, Darci Schneider, 56, de Boa Esperança, chegou a vender sete mil caixas por ciclo. A movimentação financeira passou de R$ 45 mil. Após a boa remuneração, a área aumentou de 500 hectares para mais de 800 hectares em apenas um ano. Com a oferta maior que a demanda, o preço diminuiu muito. A caixa de 22 quilos chegou a média de R$ 4.

Nesta safra, projeta colher apenas 11 toneladas. Entre os motivos para justificar uma queda tão grande, estão doenças como a bacteriose, o baixo preço e a falta de mão de obra e de máquinas para auxiliar no ciclo produtivo. “Já vendemos a caixa por R$ 2. Até doamos para vizinhos engordar animais. Assim conseguimos limpar a roça e fazer o novo plantio”, conta.

Na colheita anterior, o preço da caixa chegou a R$ 8. Estava cotado em R$ 18 quando Schneider arrancou os primeiros pés. Toda produção é vendida para intermediários, os quais revendem a raiz para a Ceasa em Porto Alegre. “Nada é registrado no talão. É outro fator desestimulante”, explica.

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O filho Diego, 29, buscou emprego na cidade. Schneider e a mulher Maria persistem na lavoura e na produção de leite, uma média de cem litros por dia. “O valor recebido cobre apenas o custo, isso se a empresa depositar no fim do mês”, observa.

No município, são cultivados 400 hectares de aipim. A produção anual é de 5,6 mil toneladas. A área caiu pela metade na última década. Desestimulados, muitos produtores apostam em outras culturas como milho-verde, moranga, morango e até mesmo soja ou milho. “O ideal seria beneficiar, mas o custo para instalar uma agroindústria é muito elevado. Aliás, já tem várias e quanto maior a concorrência menor será o preço”, opina.

Família Olbermann aposta no beneficiamento. Produtos cultivados de forma orgânica são vendidos em mercados da região.

Família Olbermann aposta no beneficiamento. Produtos cultivados de forma orgânica são vendidos em mercados da região.

“Na lavoura tudo é braçal”

Na avaliação do engenheiro agrônomo da Emater, Maciel Ernesto Budde, como o plantio demanda bastante mão de obra, se ele não for de forma familiar, será difícil realizá-lo.

Entre os fatores que influenciam na redução drástica da área nos últimos dez anos, cita o fato de a cultura não ser mecanizada, a incidência da bacteriose e a oscilação do preço. “Começa em R$ 18 e depois cai para menos de R$ 8. As famílias estão cada vez menores e com a falta de mão de obra a saída é plantar menos. Muitas áreas foram substituídas pela soja”, afirma.

Apesar disso, ainda continua vantajoso plantar a raiz em pequenas propriedades tendo em vista o baixo investimento. Mas é importante diversificar a produção para manter a renda ao longo do ano, orienta.

Outra saída é beneficiar a raiz. No município, existem três agroindústrias legalizadas que descascam, embalam e vendem o produto para todo estado. “A venda direta é outra alternativa”, diz.

Produto orgânico

Há quatro anos, a família Olbermann, de Boa Esperança Baixa, decidiu beneficiar parte dos 45 mil quilos de aipim colhidos por ciclo. A construção da agroindústria C.A Hortigranjeiros foi a solução para agregar valor à matéria-prima. “Por quilo recebemos até R$ 3,50. Se vender in natura, a caixa (22 quilos) custa apenas R$ 13”, compara Claudionei.

Um dos diferenciais do produto é a ausência de qualquer tipo de agrotóxico ou conservante, desde o plantio ao processamento. Embora necessite de mais mão de obra, Olbermann destaca a preocupação com a saúde de quem consome. “As pessoas ainda não pagam a mais por ser um produto livre de agrotóxicos, mas sentem a diferença no sabor e na qualidade”, garante.

Para manter um equilíbrio financeiro na propriedade, cultiva 35 mil pés de fumo e também planta feijão.

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