“O plano em si não faz nada sozinho”

Entrevista

“O plano em si não faz nada sozinho”

A Hora – Por que 2040? O ano foi uma escolha do município ou é uma determinação legal? Rafael Zanatta – O ano de 2040 foi um “norte”, um símbolo de futuro, que criamos para que a comunidade entenda que…

“O plano em si não faz nada sozinho”
Lajeado

A Hora – Por que 2040? O ano foi uma escolha do município ou é uma determinação legal?

Rafael Zanatta – O ano de 2040 foi um “norte”, um símbolo de futuro, que criamos para que a comunidade entenda que estamos pensando no que precisa ser feito a partir de hoje para que a nossa Lajeado possa ser uma cidade cada vez melhor.

Após analisar os bairros, com audiências e estudos, quais são as principais carências do município?

Zanatta – Cada reunião tinha alguma demanda específica daquela comunidade, mas pontos que foram unânimes em todas são: a necessidade de melhoria no transporte público, a necessidade de tratamento do esgoto e a melhoria e o aumento da infraestrutura viária. Todos esses pontos, direta ou indiretamente, são resultado de uma característica de cidade que temos: dispersa e com pouca densidade em grande parte das regiões.

E quais são as soluções previstas ou já apresentadas para amenizar ou mesmo acabar com essas carências?

Zanatta – Foi realizada uma revisão total no Mapa de Zoneamento Urbano, que buscou acabar com as inúmeras distorções que existiam. Um exemplo são áreas com ocupação muito similar que tinham zoneamentos diferentes. Além disso, revisamos o Mapa do Sistema Viário para que as principais ruas futuras da cidade já estejam previstas e, na medida em que os loteamentos sejam executados, eles já possam respeitar os traçados e garantir o fluxo que as novas regiões estão gerando.

Outro aspecto que surgiu nas discussões e que estamos trazendo para o novo plano é a ideia de fortalecer o chamado uso misto da cidade, ou seja, fazer com que as comunidades tenham acesso a um mínimo de serviços básicos dentro do seu perímetro para que as pessoas não precisem se deslocar tanto dentro da cidade, o que diminuiria as pressões nas partes centrais. O objetivo geral é oferecer mais qualidade de vida para as pessoas.

Quais seriam as principais virtudes da cidade?

Zanatta – Nossa cidade tem indicadores sociais relevantes e de certa forma conseguimos crescer mantendo a qualidade de vida. Temos uma economia diversificada que nos protege de crises pontuais. Obviamente temos desafios a partir do momento que mudamos de patamar. Já não podemos dizer que somos uma cidade pequena, e isso traz desafios aos quais até pouco tempo não se dava tanta relevância.

É possível mensurar os impactos do novo Plano Diretor nas áreas da mobilidade urbana, segurança pública, saúde, educação, ambiente e empreendedorismo?

Zanatta – É importante ressaltar que o Plano Diretor sozinho não tem a pretensão nem a capacidade de resolver todas as questões da cidade. Ele é uma importante ferramenta de planejamento, mas para que a cidade possa continuar se desenvolvendo precisa de “planos de ação específicos” dentro das diversas áreas.

O uso da cidade mista, por exemplo, faz com que as áreas sejam ocupadas não apenas por residências, e isso auxilia nos padrões de segurança. Temos a criação das UTPs. A ideia é criar indicadores e ranquear as UTPs para que se saiba qual região está melhor ou pior em determinado indicador para que possamos melhorar os planos de ação de cada secretaria.

O Plano Diretor certamente será o pontapé inicial de novos programas e parcerias entre poder público, instituições e empresas para fortalecer o setor. A ideia de revitalizar o Centro Histórico a partir de parcerias para instalar empresas nesse local deve ser o primeiro passo.

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1. A primeira engloba os bairros Carneiros, Alto do Parque, São Cristóvão, Universitário e a parte norte do Hidráulica. Juntos, têm pouco mais de 16 mil habitantes e, de acordo com o estudo, têm como vocação o uso para educação, inovação e turismo e lazer. A primeira está relacionada com a Univates, a segunda com o Tecnovates e a terceira com esportes náuticos.

 

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2. A segunda UTP é formada pela parte sul do Hidráulica, Centro, Moinhos, Americano e Florestal. São 19,8 mil habitantes, o que a torna a mais populosa entre todas as sete unidades. A vocação natural deste espaço é comércio e serviços.

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3. A terceira unidade territorial está localizada do outro lado do Arroio Saraquá e reúne os bairros Conservas, Santo Antônio, Morro 25, Jardim do Cedro, Nações e Floresta, com 11,1 mil habitantes. O estudo aponta como vocação a logística hidroviária, a implantação de um Porto Seco (com depósito de contêineres) e ainda uma nova ponte sobre o Rio Taquari, interligando com Estrela.

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4. A quarta UTP é composta pelos bairros São Bento e parte do Floresta, com pouco mais de dois mil habitantes. Nesta região, o estudo aponta boas probabilidades para investimento em agroindústrias, turismo rural e ainda no setor de logística, com a construção de um anel viário perimetral, interligado com a futura nova ponte entre Lajeado e Estrela.

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5. Com vocação para logística (proximidade com a BR-386), lazer (esportes e uso do Jardim Botânico) e um novo polo comercial, a quinta unidade é formada pelos bairros Moinhos D´Água, Bom Pastor e Montanha, com aproximadamente 7,2 mil habitantes.

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6. A sexta UTP é formada apenas pelo Conventos, com vocação para turismo de colônias e aproveitamento do patrimônio cultural.

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7. Por fim, o estudo criou a sétima UTP, englobando o maior número de bairros: Imigrante, Centenário, Igrejinha, Campestre, Planalto, Olarias e Santo André. A vocação para os quase 11 mil habitantes deve girar, conforme o estudo, em torno das indústrias não poluentes, empresas de transporte e setor de abastecimento agrícola.

 

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