Funcionários do Instituto de Saúde e Educação Vida (Isev) realizaram protesto ontem, 25, em frente ao hospital. Com cartazes e roupas pretas, um grupo de trabalhadores exigiu a quitação imediata dos salários atrasados. A direção da entidade alega dificuldades financeiras para manter os pagamentos em dia.
Até ontem, os servidores haviam recebido 35% da folha do mês passado e 25% do 13o. Segundo o diretor do Isev, Fabiano Voltz, o débito com os colaboradores está em torno de R$ 230 mil. Em reunião com os manifestantes, a direção prometeu pagar hoje, 26, parte desse valor e o restante nos próximos dias. A entidade busca recursos do governo do Estado por meio do Fundo de Apoio Financeiro e de Recuperação dos Hospitais Privados Sem Fins Lucrativos (Funafir).
Voltz atribui a falta de recursos à perda de incentivos e faturamentos depois que o hospital deixou de ser referência em cinco especialidades nos últimos anos. A instituição não oferece mais atendimentos nas áreas de otorrino, vascular, cirurgia geral, traumato e oftalmologia. O diretor revela que a direção estuda a possibilidade reduzir o quadro de colaboradores.
“Enquanto administração, a gente entende essa manifestação e sabe que eles estão exercendo o direito deles”, afirma Voltz. Para ele, o ato foi pacífico e os participantes foram convidados a se reunir com a direção. Os funcionários formaram uma comissão para acompanhar as tratativas do Isev para a captação de recursos.
“Quebrando o hospital”
Conforme o presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Lajeado e Vale do Taquari (Sindisaúde-VT), Carlos Gewehr, além dos atrasos, a direção desrespeita a norma coletiva sobre férias. Segundo ele, os funcionários deveriam receber o valor dois dias antes do início do gozo, mas o pagamento ocorre de 20 a 30 dias após o retorno ao trabalho.
Gewehr alerta que, se os salários não forem quitados nos próximos dias, o sindicato convocará as categorias para novas mobilizações. “Se não houver solução, nós vamos para a frente do hospital novamente, nós vamos mobilizar as categorias e nós vamos parar”, alerta.
“O hospital de Taquari sempre foi um problema”, comenta o sindicalista. Conforme Gewehr, a instituição acumula diversas ações trabalhistas e não deposita o FGTS aos funcionários. Para ele, se os repasses ao Isev estão em dia, o problema está na gestão hospitalar. O sindicato pede que o governo municipal “tome providências” em relação à diretoria que “está há quase dez anos quebrando o hospital”.
Dívida do governo estadual
O Executivo publicou nota afirmando que o município mantém regulares os repasses à instituição. “Mesmo com as dificuldades, a administração mantém o convênio em dia. Infelizmente, o governo do Estado e a União não realizam os repasses em dia, gerando uma série de dificuldades para os gestores hospitalares”, registra o texto.
O governo municipal destaca que na semana passada o Piratini assumiu dívida de mais de R$ 1,5 milhão com o município para a área da saúde, sem considerar os valores atrasados a repassar ao hospital. Conforme a nota, o prefeito em exercício, André Brito, acompanha a situação com preocupação.
“O Estado está deixando os hospitais em situação complicada com esses constantes atrasos e diminuição de repasses e diante disso temos os funcionários com salários atrasados e sucateamento no atendimento”, afirma Brito.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br