Quando foi a última vez que você viu uma ruiva usar a coroa do Miss Rio Grande do Sul? Esse questionamento mexeu com a modelo e estudante Ane Delazzeri, 19. Ao ser convidada para representar Lajeado na semifinal do concurso, a jovem reativou a carreira de modelo, interrompida desde os 16 anos.
Ao compartilhar suas experiências, a bela conta que foi descoberta por um agenciador local aos 14 anos e logo assinou contrato com uma agência de modelos de Venâncio Aires. Com o perfil belo e esguio, pensou muito antes de topar a missão. “Representar a beleza de uma cidade é uma tarefa linda e ao mesmo tempo bastante importante. Vou dar o meu melhor”, diz.
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Conhecida por sua doçura, a jovem diz ser essa a melhor característica de uma miss. “Diferente de uma modelo, a miss sempre transparece toda a simpatia e encanto das mulheres. Isso me inspira”, afirma.
Falando em mulheres
Ao almejar o posto mais alto da beleza gaúcha, Ane relembra da responsabilidade que uma miss tem consigo. “Hoje não podemos apenas falar de beleza”, diz. Ao explicar a missão do título, a jovem fala sobre as lutas femininas que se tornam cada vez mais fortes como, por exemplo, a disparidade social entre gêneros. “A desigualdade entre homens e mulheres me deixa inconformada! Já escutei que o papel da mulher é obedecer aos homens. Isso é um absurdo. O papel da mulher é o que ela bem entender. Quero reforçar essa mensagem no concurso”, salienta.
Na opinião de Ane, é necessário muita conversa e luta para que as mulheres possam chegar onde desejam sem as barreiras sexistas da sociedade. “Quando converso com pessoas mais velhas, que ainda têm essa visão, vou argumentando com calma para que entendam que a gente pode muito mais”, emenda.
Lembrando uma referência pessoal, Ane cita quando conheceu a Miss Brasil 2012, representante de Teutônia. “Foi incrível, ela realmente é tudo o que transparece. Muito simpática e atenciosa. Eu não sabia nem como reagir quando a conheci”, brinca.
A inspiração da jovem mexe com seus propósitos para o concurso. “Quero que as pessoas me conheçam exatamente como eu sou, principalmente a minha beleza interior”, completa.
Relação com o corpo
Estudante de Gestão Financeira, Ane trabalha um turno com os pais na fruteira da família e o outro em uma concessionária de carros de Lajeado. “Eu tenho o meu próprio dinheiro e cuido do meu futuro. O concurso de Miss RS é mais um dos planos. Quero abrir mais portas para a minha carreira”, diz.
Muito à vontade com o próprio corpo, Ane relembra que nem sempre essa relação foi tranquila. A jovem se sentia magra demais e acreditava que por ser ruiva todos da rua a olhavam enquanto caminhava no centro. “Eu cheguei ao ponto de evitar as avenidas e andar apenas pelas ruas secundárias”, relembra.
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Após o início da carreira como modelo, aos poucos, deixou os complexos de lado. O contato com outras culturas também foi responsável pela desinibição. Com 16 anos, Ane viajou para a China onde modelou por dois meses. A experiência de independência total e a barreira da língua fizeram com que aprendesse a se expressar melhor. “Eu tinha ajuda das outras brasileiras, mas foi um desafio e tanto.”