A Secretaria de Educação (SED) realizará uma análise dos impactos gerados com o fim do programa Creche 12 Meses, implantado pelo governo anterior e suspenso por ordem do atual prefeito Marcelo Caumo. O estudo vai avaliar a necessidade de reaver o programa. Entre as propostas para o próximo período de férias, está um convênio com o Sesi para utilizar salas do complexo localizado no Universitário.
O novo modelo do programa é aguardado com ansiedade por pais e parentes de crianças menores de 5 anos. Entre 2014 e 2017, mais de 400 famílias foram beneficiadas com o Creche 12 Meses, que foi criado em dezembro de 2013 e lançado efetivamente no mês seguinte.
Entre os contribuintes que se queixam do fim do benefício, está Fábio Antônio Grando. Ele trabalha em uma empresa de comunicação visual e a mulher atua em uma loja, no Shopping Lajeado. Durante o período em que as creches seguirão fechadas, ela conseguiu alguns dias de férias para cuidar dos filhos. Entretanto, o período de descanso dela acabará antes do reinício das aulas.
“Ainda estamos verificando uma solução. Por enquanto, estamos deixando na casa da minha mãe, que precisou pegar férias para ficar cuidando deles. Porém, ela volta ao trabalho no dia 20. A partir daí, não sabemos o que vamos fazer”, lamenta.
Morador do bairro Bom Pastor e pai de dois filhos – um com 5 e outro com 2 anos de idade –, ele matriculou o mais novo em março do ano passado na creche do bairro Moinhos D’Água, a Jeito de Criança. Já durante as férias de janeiro de 2017, a criança não conseguiu vaga no programa pois, no anterior, estava matriculada em uma escola particular.
Apesar de matriculada na rede pública, a criança só foi atendida em turno integral em outubro do ano passado. Antes disso, ela ficava na creche só no período da manhã. “O que já era muito ruim, porque eu ou minha esposa tínhamos que ficar com ela durante a tarde”, comenta.
Para 2019, ele aguarda pelo retorno do programa para que o casal consiga trabalhar. “Ficamos apavorados quando soubemos que as aulas só voltariam em fevereiro.”
Possível acordo com o Sesi
O possível acordo com a entidade é confirmado pelo prefeito. Ainda assim, Caumo salienta se tratar de um projeto embrionário, sem qualquer definição, tanto por parte do governo municipal como pelo próprio Sesi. “É uma conversa para tratar durante o ano. Não agora. Primeiro vamos avaliar como foi o período neste ano”, reforça.
Segundo o gestor municipal, a administração monitora as reclamações com intuito de pontuar as regiões mais carentes desse programa. Ainda de acordo com Caumo, o Executivo está praticamente decidido a não utilizar qualquer estrutura das creches municipais para atender crianças durante o período de férias em janeiro de 2019.
A secretária de Educação, Vera Plein também dá sinais de que o programa só será restabelecido se houver um único local para atender toda a demanda e, assim como Caumo, ela descarta a utilização de prédios escolares.
“Baixa adesão da comunidade”
Ainda conforme a secretária, a administração acompanha manifestações sobre o fim do programa em redes sociais. Mas salienta não ter recebido qualquer manifestação ou pedido de informação protocolado sobre o Creche 12 Meses. “Cabe salientar que, entre os motivos para a não renovação do programa em janeiro de 2018, está justamente a baixa adesão da comunidade”, pontua.
Sobre o fim do programa, anunciado em agosto do ano passado, Vera volta a citar “desperdício” e “prejuízo”. Segundo ela, nas férias de janeiro de 2017, estavam inscritas no programa 417 crianças de um total de 2.777 matriculadas em 2016 na Educação Infantil municipal. “Desse total, só 49 crianças frequentaram todos os turnos do programa, que durava 22 dias. Inclusive, 96 dessas crianças inscritas não frequentaram nenhum turno nas escolas.”
Ela explica que o valor investido pelo município no programa não foi a razão da suspensão. Entre as razões, cita prejuízo ao atendimento ao longo do ano porque os professores e monitores que trabalham em janeiro precisam tirar férias em outro período do ano; desperdício de recursos com a alimentação, pois a escola prepara para receber um número definido de crianças, e descarta as sobras; e prejuízo à higiene das escolas, pois janeiro é o mês de limpeza e dedetização.
Rodrigo Martini: rodrigo@jornalahora.inf.br