O Judiciário não será o responsável pelo pleito de outubro. Isso é um discurso premeditado e maquiavelicamente utilizado por quem mais se sente prejudicado diante da enxurrada de denúncias verificadas nos últimos meses, especialmente no âmbito da midiática e cinematográfica Operação Lava-Jato. Se algum partido ficar sem candidato, a culpa precisa ser dividida. E os petistas sabem disso.
Lula já curtia o próprio ostracismo em anos anteriores. Voltou atrás quando sentiu a corda no pescoço, e esta é a grande verdade. Foi nomeado ministro da Casa Civil quando a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) enfim encasquetaram com o nome dele. E assim o faz, agora como pré-candidato, na esperança de também escapar das denúncias.
E essa insistência tardia de Lula é prejudicial para todo o contexto. Prejudicial para a esquerda, para a direita e para o centrão. Hoje, Lula é a figura que racha o Brasil entre apoiadores e adversários. E o resultado disso é o pior possível. Hoje, qualquer adversário que se declare um opositor ferrenho a Lula é considerado um bom candidato. E do outro lado? Bom, do outro lado, ainda só tem Lula.
Se o fato de ele voltar à política após a corda apertar o próprio pescoço faz dele culpado ou inocente, eu não sei. E, infelizmente, quem deveria julgar com imparcialidade dificilmente o fará, diante de tantas exposições, pressões e manifestações políticas contra e a favor dos membros do Judiciário. Sinceramente, é difícil pensar que os nobres juízes paranaenses ou os desembargadores são pessoas alheias às ideologias. Mas enfim…
É fato que a esquerda não se articula decentemente em torno de um candidato faz tempo. Sabe-se lá como a ex-presidente, Dilma Rousseff, notavelmente despreparada para as campanhas e para a própria gestão pública, conseguiu vencer dois pleitos consecutivos. Sabe-se lá como! E sabe-se lá por que a esquerda, desde a saída de Lula, em dezembro de 2010, há sete anos, não produziu outro nome.
Agora, a pouco menos de dez meses das eleições presidenciais, Lula é a única saída para a esquerda voltar ao poder após o golpe vergonhosamente apoiado pela direita em 2016. E, diante de tal quadro, é inevitável que isso alimente ainda mais as teorias de conspiração despejadas sobre os integrantes do Judiciário. Afinal, se Lula for definitivamente condenado, a direita nacional poderá não enfrentar qualquer resistência em outubro.
Mas de quem é a culpa, afinal? De Lula que, já sabedor das futuras denúncias, se utilizou do amor e da paixão dos militantes para tentar mais uma vez a sorte grande e livrar a própria pele? Do próprio PT, incapaz de descobrir um novo nome capaz de fazer frente à direita e de fato merecer o cargo? Ou seria mesmo do Judiciário, que por vezes parece não enxergar certos criminosos e costumeiramente bate só de um lado?
Claro, é compreensível a posição de parte da esquerda diante de ícones de outras siglas safando-se facilmente após cometerem crimes muito mais escancarados. Mas dois erros não formam um acerto. Não será a “sorte” de uns o álibi do outro. Não será o fato de Aécio, Temer e companhia se safarem por ora que fará de Lula um pobre injustiçado. Não pode ser assim. Por mais injusto que pareça. E é.
É fato que faltou e ainda falta para a esquerda um novo nome. Não é Manuela D’Ávila, claro, tampouco Ciro Gomes. Marina Silva, então, nem se fala. A esquerda está sem representantes de peso. Aposta todas as fichas em alguém prestes a ser condenado em segunda instância e, consequentemente, com um pé fora do pleito. É arriscar demais diante da pouca sorte recente, não?
São muitas incertezas neste ano de eleição. Mas a única coisa definitivamente certa é que o Brasil se encaminha para uma eleição presidencial sob ressalvas jurídicas. Muitas, por sinal. Mas quem vai decidir ainda é o eleitor. Sorte de quem se preparou para tal, e azar de quem apostou na inércia alheia.
Policial não é “caçador”
Li blogs, postagens e até capas de jornais da região usando o termo “caçada” para ilustrar as recentes ações da Brigada Militar, que resultaram em três criminosos mortos e três presos nos últimos dias, só em Encantado. Cuidado. Certos termos podem incentivar ações ruins por parte de quem historicamente faz um bom trabalho e por parte de quem recentemente vem devolvendo a crença na segurança pública com ações ostensivas e corajosas.
Já estou vacinado!
A cada dia uma nova notícia contra o candidato da direita. Eu mesmo já gastei um punhado de letras aqui para criticá-lo, após menção dele a um torturador. Me arrependo. Não por ter cometido qualquer injustiça, mas, sim, por ter sido inocente de cair nesta armadilha, ao pensar que tal comentário faria qualquer diferença diante da crença de muitos no “mito”. Na terra do “fale mal, mas fale de mim”, o melhor a fazer é deixar certos fanfarrões no ostracismo. Por mais tarde que pareça…
Politicagem barata alimenta o ódio
É ilusória a declaração do prefeito de Bom Retiro do Sul de que está “cancelando o Carnaval para usar o dinheiro na área da saúde”. Ele não é o primeiro. A criativa ação já foi utilizada por outros. Mas é estranha. Pergunto: só agora, a poucos dias da tradicional festa popular, o gestor decidiu não disponibilizar recursos para tal em razão dos problemas na área da saúde? Tal anúncio veio precedido de planejamento? É o Carnaval que emperra a saúde?
Se existe uma demanda de quase uma centena de cirurgias eletivas, deveria haver uma solução mais sublime do que esse anúncio eleitoreiro e ideológico que só serve para garantir injustos aplausos e jogar outra vez a população contra o Carnaval, gerando um ódio desnecessário por parte de quem não percebe tal maquiagem.
E vejam bem: eu não estou defendendo gastos com Carnaval, de forma alguma.
Tiro curto
– Círio Schneider assumiu a Secretaria de Obras e Serviços Públicos (Seosp) de Lajeado recentemente, durante as férias do titular, Cassiano Jung, que volta ao posto amanhã;
– Nelson Marchezan Júnior, prefeito tucano de Porto Alegre, chamou o Exército para tentar intimidar – e ser aplaudido por quem adora intimidação contra populares – quem não compactua com a ideologia dele durante o julgamento de Lula no TRF-4. Essa é a única razão. E é lamentável, claro;
– A Câmara de Vereadores de Lajeado realiza sessão extraordinária na próxima semana. Na pauta, pode constar um recurso de R$ 500 mil dos cofres públicos para cirurgias eletivas;
– O Liquida Arroio do Meio ocorre nos dias 8, 9, 10 e 11 de fevereiro, promovido pela CDL e empresas associadas. O termo de adesão para participar do evento precisa ser assinado até o dia 19 de janeiro;
– Em Capitão, o rodeio crioulo, principal evento do município, recebeu menos recursos nesta gestão. Foram R$ 40 mil no governo passado e R$ 25 mil no atual. O corte desagradou alguns gaudérios;
– O CRPO do Vale do Taquari sedia nos dias 16 e 17 a reunião ordinária do Conselho Superior dos Coronéis da Brigada Militar, o encontro dos comandantes regionais e o debate sobre o Programa Avante, de redução de indicadores criminais;
– Dúvida: os vereadores de Estrela que falavam – durante a campanha – em redução dos vencimentos mensais no Legislativo estão aproveitando bem o salgado 13º salário depositado na conta de cada um deles?
Uma boa quinta-feira a todos!
“A demagogia é a capacidade de vestir as ideias menores com palavras maiores.”
Abraham Lincoln