Nomofobia atinge todas as idades

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

Nomofobia atinge todas as idades

A doença causada pela dependência ao uso de celulares já é considerada problema de saúde pública
Nomofobia é a fobia causada pelo desconforto ou angústia por não ter acesso à comunicação por meio de aparelhos celulares ou similares. A descrição é do Wikipédia.
Surge quando alguém se sente impossibilitado de se comunicar ou se vê incontatável se não tiver à mão um aparelho de celular ou qualquer dispositivo móvel com internet.
O tema preocupa especialistas e já é considerado grave problema de saúde pública. Hoje existem clínicas especializadas que tratam pacientes com dependência digital.
Muitos amam computadores e celulares. Mas o apego à tecnologia começou a afetar o estudo, o trabalho, o relacionamento com a família e amigos. Para alguns virou uma forma de evitar as pessoas. E quando isso acontece é hora de pedir ajuda.
A patologia tem consequências psíquicas, sociais e físicas.
O Instituto Delete, o primeiro do Brasil especializado em detox digital e que presta atendimento gratuito, funciona no Instituto de Psiquiatria (Ipub) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Criado em 2013 pela psicóloga Anna Lucia King, já avaliou 800 pessoas com algum tipo de dependência tecnológica.
O tratamento do transtorno consiste em uma triagem multidisciplinar e, após uma entrevista para identificar a origem da dependência, o psiquiatra avalia se há algum transtorno relacionado. “Pode ser de ansiedade, pânico, obsessão compulsiva, fobia social”, explica Anna Lucia. E ela cita WhatsApp, Facebook, Instagram e jogos on-line como as tecnologias de maior causa da dependência.
A fisioterapeuta Mariana King Pádua, que atende no Delete, explica que o uso prolongado de smartphones, por exemplo, causa tanta pressão no pescoço que faz a cabeça pesar de seis a dez vezes mais, devido aos longos períodos inclinada. “A musculatura do pescoço não é preparada para sustentar essa carga”, explica.
O objetivo do tratamento não é demonizar as tecnologias, mas fazer com que os dependentes aprendam a usá-las de forma saudável.
Exercícios, trocas de experiências e ensinamento da chamada “etiqueta digital”, ou seja, as boas práticas no uso das tecnologias, ajudam a transformar o uso abusivo em consciente.
Segundo o pesquisador e orientador especializado em Mídias Digitais no Delete, Eduardo Guedes, usar muito a tecnologia por si só não indica dependência, mas todo usuário dependente sempre a utiliza de forma exagerada.
“O uso abusivo é quando o virtual atrapalha o real, e você perde o controle. Esse nível de perda de controle é algo muito tênue”, explica.
A forte presença das tecnologias na vida moderna pode dificultar a identificação do problema. Muitas vezes, o próprio usuário não percebe ou não admite que a dependência afeta sua vida e precisa da interferência de pessoas próximas para procurar ajuda.
Segundo relatório da ONU, publicado em outubro, o Brasil é o quarto país mais conectado do mundo em número de usuários na internet.
O informe Economia da Informação 2017: Digitalização, Comércio e Desenvolvimento, da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), mostra que em 2015 o país tinha mais da metade da população (120 milhões de pessoas) conectada à internet, atrás de China (705 milhões), Índia (333 milhões) e Estados Unidos (242 milhões).
As atividades principais dos brasileiros se relacionam à comunicação (85%), como o envio de mensagens pelo WhatsApp e o uso de redes sociais como Facebook, Instagram ou Snapchat (77%), segundo o Comitê Gestor de Internet no Brasil, encarregado da utilização e desenvolvimento da web no país.
No Brasil, a nomofobia ainda é um tema relativamente novo, mas Coreia do Sul, Japão e China já consideram essa dependência um problema de saúde pública e têm centros de reabilitação.
Pacientes e terapeutas do Delete acreditam ser possível viver em harmonia com as tecnologias, mas é preciso se disciplinar.
“Estou melhorando, fazendo exercícios. O problema do uso intensivo da internet é que você acaba deixando outras áreas da vida desguarnecidas”, relata uma jovem em tratamento no Delete.
Para ter êxito após o tratamento, familiares ou pessoas próximas devem ficar atentas e auxiliar o ex-dependente a desenvolver atividades alternativas para não recair.
 

QLS - Natal

Campanha sugere pausas

A campanha Quem lê, sabe, iniciada pelo A Hora em dezembro, desencadeia uma série de peças publicitárias que levam à reflexão e propõem uma pausa para as coisas simples da vida. O conteúdo provoca o discernimento e sugere maior atenção às pessoas em nossa volta.
Especialistas comprovam que a memorização daquilo que se lê no apareleho digital é até seis vezes inferior ao papel, por exemplo. Outra dado preocupante é o fenômeno da “exteligência”, que, segundo o publicitário Walter Longo, ocorre quando não internalizamos o conhecimento e preferimos “consultar o Google”.
Ao não pesquisar e nem estudar o conteúdo, não fazemos sinapses. Sem essas, não aguçamos nossa criatividade e diminuímos nossa capacidade de aprender e discernir.
Todos devemos ficar atentos ao fenômeno da superficialidade. Pode parecer moderno e inteligente estar hiper-conectado.
O futuro não será dominado pela tecnologia, mas pelas pessoas que conseguirem dominar a tecnologia.
Desligue ou silencie seu aparelho. Esse é o primeiro passo para dominar quem está dominando você. Reaprenda ou descubra outros prazeres além de ficar conetado.


Projeto inédito ao professor

O jornal A Hora está com o projeto PENSE – Programa de Ensino e Educação no forno. Será um grande movimento regional para valorizar e reconhecer o papel do professor na construção da sociedade. Uma parceria com instituições e organizações colocará o educador no centro da discussão e o premiará durante o ano.
A Hora quer resgatar a importância vital que têm os professores na formação e na vida de qualquer cidadão ou profissional. O lançamento ocorrerá em março.


Clube de sócios A Hora 

Outra aposta do A Hora em 2018 será a ampliação do Clube do Assinante. Uma arrojada premiação e aumento da quantidade de parceiros serão agregados ao Clube A Hora, por meio de sorteios e benefícios em estabelecimentos comercais.
A campanha e a definição da rede de parceiros com as respectivas vantagens e benefícios estão em formatação, o que deve ser apresentado aos assinantes nas próximas semanas.
O objetivo do A Hora é se aproximar cada vez mais dos seus leitores por meio do relacionamento e da permanente qualificação do seu conteúdo.

Bom fim de semana a todos!

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