O ano já começa violento. E agora?

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

O ano já começa violento. E agora?

A comunidade do Vale do Taquari já provou, em menos de uma semana, o gosto do que parece ser inevitável em 2018: teremos um ano violento, outra vez. A morte de três criminosos durante intensos tiroteios com os corajosos soldados da BM, em Encantado, precisa servir como um sinal imediato de alerta. Os bandidos estão encorajados. E a sociedade segue refém dos escassos investimentos em segurança pública.
Os relatos vindos da região alta do Taquari são estarrecedores. Os quatro criminosos estavam no bairro Navegantes para confrontar, a princípio, um rival. Seria briga de gangue, suspeita a polícia. De facções. Tudo isso ali na pequena cidade hoje com pouco mais de 21 mil habitantes.
A polícia foi recebida à bala. Isso denota uma certa despreocupação ou um excesso de coragem por parte de quem há muito já perdeu o respeito pelas leis. E isso é por demais preocupante. Se assim o fazem contra soldados da Brigada Militar, imaginem, então, contra a população em geral. Estamos literalmente à mercê da criminalidade e precisamos contar – e muito – com a sorte.
Sorte essa que, felizmente, acompanhou os bravos policiais durante os tiroteios e perseguições na manhã de ontem. Nenhum membro da BM, mesmo com os escassos investimentos em viaturas ou armamentos novos, ficou ferido. Pelo contrário. Conseguiram prender um dos criminosos e aqueles que optaram por não se render tombaram.
Mas não estou aqui para fazer coro a quem vibra com entusiasmo demasiado com a morte de criminosos. Se existem leis para quem descumpre a lei, não constam nessas a pena de morte. Não no Brasil. Entretanto, em um tiroteio entre policiais e bandidos, é claro que estou do lado – e torcendo, sim – para os soldados da BM. Só que eu reitero: não há razão para vibrarmos.
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Fatos como esses estão se tornando cada dia mais corriqueiros na região. E nem sempre contamos com a sorte. Faz pouco menos de um mês, o agricultor Gelson Coproski, de 33 anos, morreu após ser atingido por um tiro durante tiroteio entre BM e assaltantes de bancos. Ele era um dos reféns levados do centro de Arvorezinha.
É assim. Em um tiroteio, todos são alvos em potencial. Policiais, criminosos e nós, contribuintes. Todos corremos sérios riscos de morte quando um descumprimento à lei chega a tal ponto. Ou quando o encorajamento dos bandidos atinge níveis tão preocupantes. Quando o respeito aos órgãos de segurança se esvai assim, por completo. Quando isso ocorre, o caos é um caminho sem volta.
O que causa tal estrago? Uma série de fatores, claro. Passa pelas desigualdades sociais possivelmente vivenciadas por muitos criminosos na infância? É possível, sim. Passa pelo sucateamento das nossas forças de segurança em detrimento aos constantes gastos com penduricalhos e benefícios para políticos e magistrados? Passa também, claro. Mas esse estrago todo na nossa sociedade tem um culpado maior: a impunidade.
Ah, essa tal de impunidade é capaz de encorajar até o mais acanhado dos criminosos. A lei já não coloca medo em ninguém. Juízes recheados de benefícios utilizam de mecanismos para lá de ofensivos à nossa inteligência para conceder os mais variados indultos a quem – diferente da maioria – descumpre a lei. Sobram direitos para quem mata, sequestra e estupra. Sobram!
Não se trata, reitero, de retornarmos aos tempos bárbaros do “unha por unha, dente por dente”. Não defendo a “justiça com as próprias mãos”, de forma alguma. Mas sem um sistema penitenciário sério e sem leis que de fato punam com o rigor necessário aqueles que furtam e desonram a nossa tranquilidade é fato óbvio que teremos um 2018 – tal como 2017 – violento. E agora?


A sucuri e as barrigadas

O ano de 2018 inicia com uma vergonhosa barrigada cometida por meios de comunicação do estado. O relato de uma testemunha – sobre suposto ataque de sucuri contra duas crianças no Rio Teixeira, em Ipiranga do Sul – tomou proporções inaceitáveis para o bom jornalismo. Teve redator se antecipando à perícia na vítima e confirmando ossos quebrados por “pressão mecânica”. Era mentira. Mas a versão cinematográfica garantiu muitos “likes” e compartilhamentos.


A novela da ponte do Saraquá

A construção da nova pista da ponte sobre o Arroio Saraquá, na ERS-413, em Lajeado, é enredo para uma longa novela. Teve quem se ofendeu com o termo utilizado por mim na coluna da semana passada, quando chamei alguns políticos presentes à foto de inauguração de “papagaios de pirata”. É compreensível que assim se sintam pois, talvez, a crítica tenha sido pontual demais com alguns e de menos com outros.


Capina e roçada, em Lajeado, é sinônimo de serviço ruim

Não sei se faltam recursos por parte do governo municipal, se falta qualidade às empresas contratadas, se há pouco comprometimento por parte do próprio contribuinte proprietário ou se o problema é resultado de todos os três fatos. Mas é fato que as capinas e roçadas em Lajeado estão longe de atender às expectativas de quem paga pelos serviços públicos. Muito longe.
E a inércia do poder público não impressiona. Basta ver a situação de um terreno na esquina da rua Bento Gonçalves com a Júlio May. Bem em frente à prefeitura. Uma pequena mata cresce em um ponto nobre da cidade, ao lado de uma lancheria. E bem em frente à prefeitura, reforço. Se sobravam denúncias de irregularidades e crimes na gestão passada, sobrou insatisfação em 2017.


Tiro curto

– O próximo presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Marlon Santos (PDT), indicou o deputado Enio Bacci (PDT) para assumir como ouvidor da Al;
– Ainda sobre o novo presidente da AL. Em dezembro de 2016, durante manifestações contrárias ao pacote de extinções de autarquias do governo Sartori, Santos afirmou: “Se precisar baixar a borracha, tem que baixar”, disse ele, referindo-se à BM;
– Em Arroio do Meio, muitos apostam no retorno de Danilo Bruxel ao pleito, em 2020. Outros demonstram preocupação com uma possível insatisfação do presidente do PTB, pastor Antenor, que ficou de fora da equipe de governo;
– Hoje o prefeito de Taquari, Emanuel Hassen de Jesus (PT), assina o contrato para início das obras de instalação de uma empresa de call center. Serão 600 empregos. O prazo para início dos serviços é de 240 dias;
– Em Lajeado, o governo deve iniciar neste mês os testes com quatro câmeras de LPR utilizadas para leitura de placas de veículos. Todo carro irregular – roubado, clonado, etc – será automaticamente identificado pelo novo sistema;
– Em Estrela, Fabiano Diehl, ex-assessor do deputado estadual Maurício Dziedricki (PTB), será o coordenador do Polo de Ensino a Distância (EAD) da Univates;
– Governo de Lajeado enfrentará forte resistência na câmara para aprovação do novo Plano Diretor. E a oposição está unida. No dia 9 de dezembro, por exemplo, representantes do PT, MDB, REDE, PPL e PDT decidiram, juntos, em reunião fora da câmara, sobre o posicionamento frente ao financiamento de R$ 25 milhões junto à CEF e Badesul;
– Michel Temer, o presidente ilegítimo, sancionou R$ 1,7 bilhão para o Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). Só o Partido Novo deve abrir mão dos valores. Boa quinta-feira a todos!

“A impunidade faz o ladrão.”
Isa Blue

 
 

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