Ano-Novo, aulas velhas

Vale do Taquari

Ano-Novo, aulas velhas

Alunos de 12 escolas estaduais do Vale do Taquari começam 2018 com rotina incomum. Impactadas pela greve do magistério, instituições recuperam aulas perdidas durante as paralisações

Ano-Novo, aulas velhas
Vale do Taquari

O ano de 2018 começou diferente para estudantes, professores e funcionários de 12 das 89 escolas estaduais da região. Devido ao período de greve, eles precisaram deixar o descanso prolongado para recuperar as aulas. A situação é atípica. Vivenciada menos de cinco vezes desde 1987, no governo de Pedro Simon, quando foi registrada a maior greve da história, com 96 dias de paralisação.

Conforme contagem do Cpers/Sindicato, em 2017, foram apenas dois dias a menos. Porém, na região, o tempo máximo foi de 70 dias na Escola Estadual de Educação Básica Érico Veríssimo. Exceto os estudantes dos 3o anos do Ensino Médio, que retornaram em 27 de outubro – aos 52 dias de greve – o restante voltou às aulas só em 13 de novembro.

No colégio Presidente Castelo Branco, a retomada ocorreu no dia 6 de novembro – uma semana antes. Porém, em ambos, são cerca de 40 dias para recuperar. Assim como na Carlos Fett Filho, também em Lajeado, onde o término está previsto para a segunda semana de fevereiro. No restante das instituições, as aulas findam em janeiro.

Aluna do 2o ano do Ensino Médio da Érico Veríssimo, Verônika Machado, 17, não se importou com as mudanças. Estava sem férias programadas devido ao trabalho e não precisou reagendar saídas em decorrência das aulas. Aguarda o fim do ano letivo para descansar. A previsão é que os estudantes tenham cerca de um mês de férias. Devem iniciar os estudos em março.

Já para Paola Backendorf, 17, do 3o ano da mesma escola, a situação é mais complicada. Ela e os pais não planejaram férias, entre outros motivos, por conta da recuperação. “Todos os alunos esperam ansiosos pelas férias. Todos queríamos estar em casa, mas infelizmente esse ano não tivemos por conta da greve”, lamenta.

Dúvidas na graduação

O fato de as aulas se estenderem até fevereiro também dificultou a matrícula na faculdade. No caso de Amanda Guth, 17, a dúvida quanto à graduação permanece sem resposta. Colega de Paola, ela passou nos vestibulares para Odontologia, na Univates, e Medicina Veterinária na Unisc, mas ainda não sabe se poderá cursar neste semestre.

“Passei, mas pelo meu esforço durante todo esse período de greve. Reforcei meus estudos com cursinho durante o ano. Mas agora não sei como será. As universidades não se pronunciaram a favor de nós, que precisaríamos de uma segurada nas vagas.” Na Univates, a vaga será mantida caso o certificado do Ensino Médio fique pronto até o dia 15 de fevereiro, tendo em vista que as aulas findam no dia 10. Enquanto a Unisc não deu retorno.

“Recuperar cada período está sendo algo bem imprevisto que estou levando ‘com a barriga’ porque meu pique escolar não está acompanhando com a energia e a mente que precisava para ter sucesso e qualidade de aprendizagem.” Apesar disso, Amanda não culpa os professores, atribui a situação às falhas do sistema estadual.

Escolas de Ensino Médio realizam aulas nos três turnos. Alunos mantêm frequência mesmo com festas de fim de ano e férias. Equipe pedagógica da 3ª CRE acompanha os trabalhos para                                    garantir a qualidade do ensino e aprendizado. Na maioria, ano letivo encerra em janeiro

Escolas de Ensino Médio realizam aulas nos três turnos. Alunos mantêm frequência mesmo com festas de fim de ano e férias. Equipe pedagógica da 3ª CRE acompanha os trabalhos para garantir a qualidade do ensino e aprendizado. Na maioria, ano letivo encerra em janeiro

Qualidade mantida

Segundo a diretora da escola Érico Veríssimo Denise Sandri Landres, a maioria dos alunos segue firme no objetivo de obter boas notas. Desde a volta, além de segunda a sexta-feira, as aulas são realizadas todos os sábados pela manhã, dia com frequência menor. “Com Natal, Ano-Novo, alguns acabaram não vindo. Mas vão ter que correr atrás para entregar seus trabalhos e recuperar”, ressalta. As férias dos pais não são empecilho, afirma. “Conseguiram se organizar bem.”

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No meio da greve, 120 acabaram deixando a escola, enquanto outros 25 evadiram, sobretudo no 1o ano do Ensino Médio, no turno da noite. “Sempre houve esse abandono. Eles acabam cansando. É difícil manter aula e trabalho. Não é só em função da greve”, afirma.

A diretora do colégio Castelo Branco, Evenize Pires, afirma que os alunos da instituição também estão frequentando as aulas. Alguns, com saídas programadas há mais tempo, acabaram faltando na semana passada, mas precisarão recuperar o conteúdo. “Não estamos fazendo alterações em decorrência disso. Todos os professores estão vindo, recuperando dignamente.”

A equipe pedagógica da 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) monitora as aulas e pede à comunidade para acompanhar o dia a dia. “Também contamos com a responsabilidade de cada professor e das direções”, ressalta a coordenadora Greicy Weschenfelder.

Matrículas abertas

No dia 1º, pais formaram filas em frente a instituições de Ensino Médio. Depois de passar a noite ao relento, eles garantiram vaga para os filhos no 1o ano do Ensino Médio. Na Érico, 125 matrículas foram feitas ontem pela manhã. No Castelo Branco, foram 108. O mutirão continuou no restante do dia e a preferência era pelo turno da manhã. As inscrições também podem ser feitas até 9 de fevereiro, de modo on-line, e depois nas escolas.

Carolina Chaves da Silva: carolina@jornalahora.inf.br

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