O início de um novo ano pode ser a melhor oportunidade para estabelecer um planejamento capaz de assegurar o bem-estar das finanças familiares. A perspectiva de um 2018 mais favorável na economia permite boas perspectivas para quem mantém as contas organizadas.
Mestre em Economia e professora da Ufrgs, Cristiane Souza alerta para a necessidade de racionalizar os gastos de forma a evitar surpresas ao longo do ano. Lembra que, apesar da melhora no cenário econômico, a inadimplência alcança índices cada vez maiores no país.
“Ao chegar ao fim de um ciclo, as pessoas começam a refletir sobre como foi o ano que passou e estabelecer metas para o ano seguinte, o que só é possível com planejamento financeiro”, alega. Segundo ela, os primeiros meses do ano apresentam gastos representativos no orçamento das famílias.
“Temos o IPTU, o IPVA, as rematrículas e as enormes listas de materiais escolares”, relata. Conforme Cristiane, mesmo sabendo dessas obrigações, as pessoas continuam se endividando por não fazer um bom planejamento financeiro.
Cita como exemplo os recursos do 13º salário, que deveriam representar uma renda extra, mas acabam quase sempre comprometidos com o pagamento de dívidas. De acordo com Cristiane, para estabelecer um bom planejamento, o primeiro passo é saber quais são os objetivos de curto, médio e longo prazo.
Para isso, aponta, o primeiro passo é projetar os gastos, fazendo uma análise crítica de onde está indo o dinheiro. “As pessoas normalmente não sabem, pois consumimos por impulso”, ressalta. Medidas simples, como fazer lista ao ir ao mercado, ajudam a fugir das compras desnecessárias.
Conforme a economista, o cartão de crédito continua sendo o principal vilão das dívidas familiares, pela facilidade na hora da compra. Por outro lado, alerta para os juros excessivos da modalidade. Segundo ela, o ideal é determinar limites e percentuais da renda familiar para cada despesa fixa, além de estimativas das despesas variáveis.
Cuidados nas férias
Momento para aproveitar a ausência das pressões do trabalho, o período de férias também pode representar uma armadilha. Os preços inflacionados no litoral e outros locais turísticos e a distância do cotidiano podem levar a um relaxamento capaz de comprometer a saúde financeira do ano todo.
Para Cristiane, o planejamento financeiro também ajuda a controlar as tentações do período. “Você vai para as férias sabendo quanto pode gastar e o que pode fazer”, alega. Uma dica simples para evitar os preços altos é levar bebidas, frutas e sanduíches de casa para a beira da praia.
“Também permite uma alimentação mais saudável na comparação com os refrigerantes, doces e alimentos gordurosos oferecidos no litoral”, assinala. Lembra que as crianças são mais suscetíveis ao consumo por impulso, por isso, reforça o papel dos pais em criar uma educação financeira desde a infância.
Reserva pessoal
Outra dica para assegurar o equilíbrio financeiro é reservar mensalmente um valor para poupança. Conforme Cristiane, o pagamento desse recurso deve ser encarado como uma prioridade. “Sempre pagamos dívidas, mas raramente lembramos de fazer uma contribuição para nós mesmos.”
Segundo ela, isso ocorre devido á ausência de uma cultura poupadora no Brasil. Sugere a abertura de uma conta, na qual a pessoa coloque todos os meses o percentual determinado de forma a estabelecer, no longo prazo, a tão sonhada liberdade financeira.