A presença do transmissor da dengue, zika e chikungunya está espalhada pela região. Ao todo, oito cidades do Vale estão infestadas pelo inseto. Na primeira quinzena de dezembro, a 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) confirmou a presença do vetor em Paverama e Marques de Souza. Até então, a situação atingia seis municípios: Lajeado, Estrela, Encantado, Teutônia, Taquari e Forquetinha – esse último descoberto em novembro.
A 16ª CRS recomenda às cidades a contratação de mais agentes de endemias. “Recomendar é a única coisa que podemos fazer, além de expor e conscientizar da necessidade de prevenção”, afirma o coordenador da 16ª CRS, Ramon Zuchetti.
Na maioria das cidades abrangidas pela coordenadoria, não há equipe mínima para o trabalho preventivo.
Em Marques de Souza, a administração decidiu remanejar agentes das comunidades para fortalecer o trabalho no centro, onde o foco do mosquito foi identificado. Sete profissionais trabalharam na averiguação de todos os imóveis, em um raio de 300 metros, do ponto afetado, e encontraram mais larvas.
Responsável por coordenar o trabalho na cidade, o vice-prefeito Lucas Stoll, afirma que estão empenhados em controlar a situação.
Em Paverama, antes de encontrar o foco no centro, o município já havia implantado o Programa Recicle Legal. Materiais que poderiam servir de reservatório para água foram recolhidos e transformados em brinquedos. As escolas, inclusive, são apoiadoras na conscientização dos moradores, afirma a coordenadora de Saúde, Michele Caroline de Vargas. Hoje, além de uma agente de endemias, o município tem 14 agentes de saúde averiguando residências.
Risco iminente
Na semana passada, em supervisão aleatória, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) e a 16ª CRS encontraram larvas em Bom Retiro do Sul e Arroio do Meio.
“O poder público tem que cumprir seu papel, e os moradores também. Presenciamos situações complicadas. Muito lixo em terrenos baldios, larvas em vasos de plantas, nos coxos de animais, e até na água do ar-condicionado.”
Agora, as equipes municipais fazem a delimitação de foco. As larvas encontradas serão encaminhadas para análise laboratorial. Se confirmados mais casos, num raio de 300 metros dos pontos afetados, essas cidades também estarão infestadas. “Estamos bem preocupados. Hoje o único fato que nos impediu de ter mais casos foi a sorte”, afirma Zuchetti.
O calor e a umidade deste período do ano, somados ao trânsito de pessoas para dentro e fora do estado, formam um ambiente propício para a proliferação do mosquito e das doenças transmitidas por ele – zika, chikungunya e dengue.
“Basta o vetor picar uma pessoa doente que, dentro de 12 dias, ele estará passando a doença para outras pessoas”, afirma veterinária da Vigilância Ambiental da 16ª CRS, Flávia Bavaresco.
Neste ano, dois casos autóctones de dengue foram confirmados em Santana do Livramento e São Gabriel. “São casos de contaminação ocorridos aqui. Isso precisa servir de alerta.”
Saiba mais
A fim de instruir profissionais dos municípios para conter e prevenir a presença do aedes, a 16ª CRS realiza cursos frequentes. O último ocorreu em novembro, em Encantado, Teutônia e Taquari, com abrangência às demais cidades dessas microrregiões. O próximo treinamento está marcado para março.
Carolina Chaves da Silva: carolina@jornalahora.inf.br
