O Centro de Eventos da Fiergs, em Porto Alegre, recebeu entre os dias 13 e 14 de novembro o 35 Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA). Cerca de dois mil empresários dos dois países participaram do evento que visa estreitar os laços comerciais entre brasileiros e alemães.
A Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil) e o Centro Tecnológico da Univates (Tecnovates) participaram com estantes que facilitaram o contato entre os empresários da região, da Alemanha e de outras regiões do país.
Para o presidente da Acil, Miguel Arenhart, a participação da entidade em um evento dessa relevância proporciona aos associados e aos empresários do Vale do Taquari um ponto de referência para relacionamentos futuros. Além de empresários, o estande da Acil também recebeu a visita de autoridades como o governador José Ivo Sartori.
Já o Tecnovates fez parte do estande do ambiente gaúcho de inovação. Além do parque da Univates, integraram o espaço o Tecnosinos, o Tecnopucrs, o Feevale Techpark, o Canoas Parque de Inovação e o Parque Científico e Tecnológico da Ufrgs.
Conforme Simone Stülp, a participação no encontro credencia o Tecnovates como um ambiente de negócios entre o Brasil e a Alemanha. “Conseguimos conversar com professores e profissionais alemães e dessa forma podemos trabalhar com o que sempre foi o objetivo do Tecnovates, que é a internacionalização do parque e das empresas ligadas a ele.”
Segundo ela, oito empresas ligadas ao Tecnovates e à incubadora tecnológica da Univates participaram do encontro. Para a diretora, a principal lição do evento é a necessidade de o setor empresarial manter o foco na excelência de seus processos, produtos e serviços.
“É dessa forma que você pode vislumbrar a internacionalização e a aproximação com os novos mercados”, aponta. Conforme Simone, fica evidente que os novos negócios só se estabelecem quando ambas as partes de um acordo enxergam nisso uma possibilidade de crescimento.
Representante para o Vale do Taquari da empresa Ávato Tecnologia da Informação, Valmir Francisco do Amaral acredita que a oportunidade foi positiva para as empresas da região devido à aproximação cultural com a Alemanha.
Amaral contabiliza cinco negócios prospectados durante o encontro. “O mais importante foi a oportunidade de criar uma rede de relacionamentos que nos permitirá grandes avanços no futuro”, ressalta. Ao todo, 97 empresas alemãs e 532 brasileiras participaram do evento, que resultou em mais de US$ 10 milhões em negócios concretizados.
Tendência de crescimento
O 35º EEBA foi marcado pelo otimismo em relação ao ambiente de negócios entre os dois países. O ministro do Desenvolvimento, Marcos Pereira apresentou o acordo de cooperação técnica entre o governo federal e a Confederação Nacional da Indústria visando proporcionar a primeira exportação para 474 empresas de 20 setores.
Ao custo de R$ 1,2 milhão, o programa acompanhará desde a construção do plano de negócios até a consolidação das empresas no mercado externo.
Para o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry, a realização do EEBA no RS pela primeira vez anuncia um futuro de vigorosa cooperação entre as duas nações.
O vice-ministro de Assuntos Econômicos e Energia da Alemanha, Mathias Machnig, ressaltou a necessidade de as empresas brasileiras investirem em qualificação para aderirem à indústria 4.0 e estarem preparadas para a revolução digital.
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Segundo ele, existem grandes oportunidades de parcerias entre Brasil e Alemanha, em especial nas áreas de infraestrutura e geração de energia eólica e fotovoltaica.
Para a presidente da SAP Brasil, Cristina Palmaka, o baixo quociente educacional da população dificulta a instalação da indústria 4.0 no país.
A executiva acredita que a tecnologia pode ser utilizada em qualquer empresa, de qualquer tamanho. “Basta um bom plano de ação com uma execução pragmática”.
O secretário do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Vinicius de Souza, apontou a necessidade de investir na digitalização. “Para a indústria 4.0 crescer, precisamos de uma internet forte e uma tecnologia desenvolvida, além de regulamentações.”
Conforme Souza, as políticas públicas nacionais relacionadas ao assunto são recentes, com menos de 20 anos de existência.
Entraves a serem superados
As relações comerciais foram tema do debate Parceria em PMEs: Ambiente de negócios e facilitação de comércio. Os participantes foram unânimes ao apontar os principais entraves para o desenvolvimento dos negócios. Para eles, a tributação brasileira e a burocracia dos dois países impedem resultados mas elevados.
CEO da Waelzholz Brasmetal Laminação Ltda., Andreas Reil alega que o sistema tributário brasileiro é de difícil compreensão, tornando os investimentos no país uma tarefa complicada para estrangeiros.
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Amaro Sales de Araújo, ressalta que esse problema não afeta apenas as empresas de fora, mas também o próprio empresariado nacional. “Tenho mais de 40 anos como empresário e ainda não entendi esse assunto direito.”
Para Araújo, que participou de 15 edições da EEBA, as questões relativas às exportações avançaram pouco ao longo do ano. “O que realmente precisamos é promover a aproximação dos empresários e das entidades. E isso vale para os dois lados.”
Representante do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, José Ricardo da Veiga ressaltou a dificuldade de compreender a malha de impostos. Para ele, todas as indicações mostram a necessidade de realizar uma reforma tributária.
O ministro alemão Mathias Machnig Maching afirmou que as relações entre os dois países não dependem de composição de governos e vão muito além da política partidária. Lembra que o país europeu é um dos principais investidores estrangeiros no Brasil, representando 3% do total de estoque de investimentos estrangeiros no país.