Em 2018, mais debates e menos criminalizações

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Em 2018, mais debates e menos criminalizações

O ano de 2017 foi duro. Os calorosos debates políticos romperam com antigas amizades, amores e paradigmas. Muitos faltaram com respeito ao próximo e da mesma forma foram desrespeitados. A ofensa preponderou sobre a razão na maioria dos casos. Todas as classes, setores e personagens da nossa democracia caíram em descrédito. O 2018 será de muito suor para restabelecer o bom debate.
A principal falha deste ano é a criminalização geral de uma série de categorias. O ódio, alimentado por um falso anonimato garantido pelas redes sociais, tomou conta dos debates e, a partir disto, ninguém mais presta. É tudo farinha do mesmo saco. E como a ofensa virtual parece não ter a mesma gravidade de uma ofensa fora das telas, a ignorância teima em prevalecer.
O mais palpável fato é a criminalização da política, que vai muito além dos crimes políticos, eleitorais ou de responsabilidade praticados por governantes e agentes públicos. Ela denota uma completa impaciência com nossos gestores, eleitos democraticamente por meio do voto popular. Por um lado, são absolutamente compreensíveis e necessárias determinadas críticas. Por outro, é danoso. Muito danoso.
Não há outra forma de seguirmos com nossa democracia. Só é possível mantê-la por meio da política. A criminalização completa de todo o quadro político só tem a beneficiar ideias contrárias à nossa democracia, como aqueles conservadores que insistem em alimentar desejos por governo militares, por exemplo. Mas isso não envolve só as “viúvas da ditadura”, claro.
A criminalização da política parece envolver e muito o sistema judicial. Este, por vezes, entra na história como um atalho para que grupos muito poderosos na sociedade contornem as complexidades de um processo democrático e busquem, assim, impedir certos projetos políticos. É uma verdadeira e constante ameaça contra a democracia. Aplaudida de pé por muitos.
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E nós, da imprensa, somos culpados neste enredo todo. É inevitável que assim seja, diante de tantos escândalos envolvendo a classe política – afinal, não é sempre que o judiciário erra. E como os maquiavélicos políticos usam esta nossa provável culpa para se eximirem dos próprios erros, cabe a nós, jornalistas, sermos ainda mais prudentes no momento da crítica. A razão precisa preponderar, sempre. Mesmo quando tentam criminalizar a própria imprensa.
Assim como é labiríntico criminalizar todos os políticos – e também a imprensa e o judiciário –, é preciso o mesmo cuidado para com os empresários. A imagem passada por determinados setores da comunidade é de que todos não passam de bichos-papões querendo apenas explorar a mão de obra diante das recentes reformas aprovadas pelo governo ilegítimo. Não são. Definitivamente, não são.
É da coragem dos bons – dos bons – empresários que surgem os aguardados empregos. Da coragem dos bons empresários surge a riqueza. Riqueza que abastece o estado, e este distribui para os mais necessitados – ao menos é isso que se espera. Sem o empresário não haverá empregos. Sem emprego e renda, surgem os crimes, a violência. É um espiral sem volta. E muito óbvio, por sinal.
Mas, assim como os empregados dependem da coragem do empresário, os empresários dependem da qualidade e da força dos empregados. É mútuo. Diante disso, não cabe aos empresários ou determinados setores da sociedade criminalizarem todos os empregados. Principalmente aqueles que buscam na justiça o que lhes é de direito. De direito, veja bem. Não de birra.
O fato é que sobra ódio para todos os lados. Com razão ou sem razão. São ataques contra a imprensa. Contra o capital estrangeiro. Contra os sindicatos. Contra as Organizações Não-Governamentais. Contra a polícia militar, o exército, o estado, o parlamento. Contra o presidente ilegítimo e a ex-presidente devorada. Contra direita e esquerda, centrão.
Nosso Brasil chegou em um estágio preocupante. Respirava por aparelhos e vem piorando, socialmente. Estamos cada vez mais divididos. Há pouca lógica. Muito ódio. E o que eu desejo para 2018? Mais debates e menos criminalizações. Já seria um bom começo!


IGP regional mais próximo

Codevat, Amvat, governo de Lajeado, Alsepro, Univates, Ministério Público, Delegacia Regional de Polícia e judiciário regional trabalham para conquistar a primeira regional do Projeto Acolher do Instituto Geral de Perícias (IGP). Entre os principais serviços que poderão ser disponibilizados está a perícia médica para casos de abuso sexual contra crianças e jovens. Hoje, eles precisam ir até Porto Alegre para tal e, só em 2017, foram mais de 120 casos de agressão registrados.


Papagaios de pirata?

Vejo com certa graça a foto de vários políticos perfilados em frente à nova ponte sobre o Arroio Saraquá, em Lajeado, e com cones erguidos com as mãos sobre as próprias cabeças. Até representantes da prefeitura de Santa Clara do Sul – cidade beneficiada mas cujos gestores não auxiliaram na construção – estão lá, naquela foto. Há também secretários, vereadores e outros papagaios de pirata. É muita política para um empreendimento tão pequeno.


A metralhadora de Kniphoff

Sérgio Kniphoff (PT) começou a nova legislatura com “sangue nos olhos”. Bem diferente daquele vereador passivo e defensor ferrenho do governo passado, que chegou a subir à tribuna para defender a contratação de pintor e auxiliar de pintor com valores entre R$ 38 e R$ 46 a hora, e servente de pedreiro por R$ 38 por hora. Agora na oposição, o petista mudou o tom.
Se o vereador petista denunciava ou não é uma retórica interessante. Mas perigosa. Agarrar-se a essa pode causar cegueira. Hoje, Sérgio denuncia uso de máquina pública para auxiliar uma empresa contratada por licitação para obras no Jardim Botânico. O governo precisa analisar melhor. Já são 10 contratos firmados com esta empresa, desde junho. É preciso estar certo da licitude.


Tiro curto

– O aluno de Medicina da Univates, Leonardo Rosa, manda o recado: “Nós do Vestvates anunciamos com alegria mais 30 vagas para alunos de escolas públicas prestarem o cursinho pré-vestibular gratuito em 2018 nas dependências da Univates. Além disso, estamos com o processo seletivo de professores voluntários abertos.”
– Boa notícia: em Lajeado, o governo gastou R$ 1,3 milhão com horas extras em 2016. Já em 2017, o valor baixou para R$ 910 mil, uma redução de 30%;
– Amanhã, o legislativo de Lajeado realiza nova sessão extraordinária;
– Em Encantado, Marido Deves (PP) deve ser o próximo presidente da Câmara de Vereadores. A intenção é formar uma mesa diretora pluripartidária com membros do PTB e MDB;
– Já em Arroio do Meio, o vereador do PDT, Darci Hergessel, reclama do “monopólio” do MDB na nova Mesa Diretora para 2018, que terá Rodrigo Kreutz como presidente, Paulinho como vice e Marcelinho de secretário. Por outro lado, os emedebistas afirmam que, em 2016, a então oposição também não quis mesclar a composição;
– Secretário de Segurança Pública, César Schirmer, confirmou ao Deputado Estadual, Edson Brum (MDB), uma nova viatura para a Brigada Militar de Lajeado. O veículo deve chegar em fevereiro;
– A possível instalação da rede Havan para Lajeado implica em liberdade para o comércio trabalhar aos domingos e feriados. Será um longo debate. Bom fim de ano a todos!

A tolerância é a filha da dúvida.
Erich Remarque

 

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