Com mais de 70 anos dedicados à comunicação, o jornalista e professor da Univates Sérgio Luiz Puggina Reis dirigiu a primeira transmissão a cores da televisão brasileira.
• Quando você ingressou na carreira?
Eu comecei aos 9 anos. Farei 80 em janeiro. Morava na mesma rua da rádio Farroupilha e conheci todo o pessoal. Um amigo de 12 anos fazia papéis de menino em rádionovelas. Me convidaram para fazer um teste e gostaram. Como meu amigo estava trocando de voz e iria morar em Garibaldi, ele saiu e entrei na vaga. Na época precisei de autorização do Juizado de Menores para poder trabalhar. Cresci dentro da rádio Farroupilha, virei locutor de notícia, comerciais e fazia papéis em novelas.
• Como foi seu ingresso na televisão?
Foi em 1959, na inauguração da TV Piratini. Tinha 21 anos e ninguém sabia o que era televisão em Porto Alegre. Quem iria operar? Não existia video-tape, os filmes eram pouquíssimos e a programação era basicamente ao vivo. Foram escolhidos 16 funcionários da Farroupilha para fazer um curso na TV Tupi do Rio de Janeiro. Ficamos quatro meses morando no Rio de Janeiro em uma imersão. Viemos de lá e uma semana depois colocamos a TV no ar.
• De que forma você participou da primeira transmissão a cores do país?
Em 1962 inaugura a TV Gaúcha, hoje RBS, e fui convidado para trabalhar lá e fiquei até 1970, quando fui para a Difusora, hoje Band, onde fui para os EUA contratar programas e eventos. Fiquei morando dois anos fora e voltei para a inauguração da TV a cores. Estava difícil operacionalizar e pediram para eu organizar a transmissão. Fiz a estrutura toda em três meses, mas as cores demoraram para se tornar definitivas. Houve a transmissão inaugural, e depois aquilo desapareceu. Os programas foram entrando aos poucos porque não tinha receptor colorido, era caríssimo. Mas era impossível segurar esse avanço tecnológico.
• Quando iniciou a carreira de professor na Univates?
Fiquei na televisão até 2003. A TV brasileira não dá espaço para pessoas velhas e feias. Eu estava velho, nunca fui bonito, e decidi procurar um emprego nas universidades. Fiz um mestrado em um ano na PUCRS e comecei a distribuir currículos. Me chamaram para uma entrevista na Univates com o professor Leonel Oliveira. Era para ser uma conversa de 15 minutos e virou quatro horas e meia. Saí de lá contratado e estou muito feliz dando aula e participando das discussões. Fico indignado quando preciso entrar em férias.
Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br