O Natal para os moradores do nosso jeitoso Vale do Taquari veio recheado de novidades. Nosso notabilizado mantenedor dos recursos públicos nos presenteou com duas imponentes obras, fruto da glória e do suor do trabalhador que paga e arca com os impostos e tributos todo santo mês. Tudo isso poderia ser louvável. Poderia… Mas ainda são apenas migalhas.
A primeira “imponente” obra de infraestrutura é a ponte sobre o Arroio Saraquá, na rodovia que interliga Santa Clara do Sul e Lajeado. A estrutura de concreto com pouco mais de 30 metros de extensão demorou quase duas décadas para sair do papel. Méritos para quem, hoje, fez o empreendimento acontecer, claro. Mas é duro engolir tanto tempo de espera.
(SEM LEGENDA)
Nesta mesma semana, é anunciada a liberação de outros sete quilômetros da nova pista da BR-386, entre Estrela e Tabaí. Ainda faltam três! Uma obra iniciada em 2010. São quase oito anos de um enredo nada agradável para motoristas e moradores ribeirinhos. São quase oito anos de uma novela que, por alguns momentos, parecia ser mesmo interminável.
Estamos falando de um empreendimento de 33 quilômetros em um estado com mais de nove mil quilômetros de rodovias. É desestimulador compreender que demoramos mais de oito anos para finalizar algo quase insignificante – apesar de toda a significância – diante do todo. E será algo incompleto, diante da ausência de passarelas, viadutos e afins. É ou não é uma migalha?
Tal como na ponte do Saraquá, aplausos para quem faz acontecer mesmo em meio ao lamaçal de desalento em que ainda sobrevive o nosso mantenedor, o Estado. Mas, definitivamente, faltam motivos para aplaudir. Tudo parece pouco. Tudo parece migalha diante das altas cargas tributárias impostas a nós. Tudo parece nada. E o nada é nada empolgante.
Estamos encerrando mais um ano de muitas promessas e pouquíssimas realizações. Não cabe aqui ser pontual sobre administração A ou B. É geral. Nossa saúde pública continua capenga, com filas, falta de médicos, problemas estruturais, hospitais sem dinheiro.
Nossa segurança coloca nossa segurança em risco. Nossos policiais, civis, militares, rodoviários, bombeiros, do Estado, ou mesmo federais, são heróis em meio ao caos. Sobrevivem diante da criminalidade que só aumenta e ainda enfrentam a constante falta de gestão por parte do nosso mantenedor, o Estado. Muitos deles vivem apenas com migalhas. Parceladas, por vezes.
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Os reflexos dessas migalhas são alarmantes. Nosso pequeno Vale do Taquari foi alvo de 15 assaltos a banco em 12 meses. Aliás, o décimo segundo mês ainda não acabou. E eu tenho certeza que a apreensão em cada uma dessas pequenas cidades, onde não há sequer um policial atuando 24 horas, é constante.
E a nossa educação? Bom, essa parece estar envolta em migalhas e retalhos faz tempo. Só para citar um dos tantos exemplos, na nossa simpática Escola Estadual Otília Corrêa de Lima, ali no São Cristóvão, em Lajeado, a venda de cachorro-quente por professores, pais e alunos já virou rotina. O motivo? Pagar reforma dos muros ou concretar as calçadas internas do educandário. Migalhas que o nosso mantenedor, o Estado, não conseguiu repassar.
Já falei sobre migalhas. E volto a falar porque o nosso mantenedor insiste em tentar nos convencer de que isso é muito. Não é. É pouco. É muito pouco. E que em 2018 a gente aprenda a reivindicar com mais fervor um cardápio mais completo de retornos ao contribuinte.
Enio Bacci quer voltar à câmara federal
O único deputado estadual do Vale do Taquari não descarta a possibilidade de voltar a atuar em Brasília. Líderes políticos parceiros de Enio Bacci tentam convencê-lo a aceitar tal candidatura. O pedetista tem experiência na capital federal, onde atuou durante cinco mandatos, e estaria bastante empolgado. Por ora, são poucos nomes da região buscando vaga na câmara.
A sede da câmara e as suspeitas
A confusão sobre compra da sede própria da câmara de Lajeado coloca sombra sobre tudo. É acusação e crítica para todo lado. É vereador criticando a intervenção da juíza; é advogado da câmara questionando advogado de partido; é empresário questionando governo; é Executivo orientando parlamentares da base; é presidente do Legislativo questionando pontualmente integrantes da Comissão de Imóveis. É melhor deixar esse negócio para outra ocasião.
A escusa para o 13º salário é muito legal
Foi um tanto cômica a desculpa apresentada pelos vereadores de Estrela para justificar o indigesto 13º salário. Resumindo para o leitor, eles afirmam que é legal perante a lei o pagamento desse benefício aos parlamentares. Citam, eles, que além de ser legal, a assessoria jurídica deles também considerou legal gastar o recurso do contribuinte. Olha que legal!
Mas o mais interessante eles deixaram para o fim do texto, encaminhado à imprensa como forma de manter a “transparência”. Escrevem, os vereadores, que “também se entendeu de bom alvitre pagar administrativamente neste momento para evitar demandas judiciais que poderiam acarretar maior custo aos cofres públicos no futuro.” Legal, não!?
Tiro curto
– O governo de Lajeado lançou edital para contratação de empresa para prestação de serviços de consultoria financeira e de investimentos para o Fundo Próprio de Previdência Social do Município (FPSM);
– Tragédia sem fim: Almeri Coproski, 53, é mãe de Gelson, refém que morreu durante assalto a bancos em Arvorezinha, neste mês. Ela morreu nessa terça-feira à tarde. Familiares a encontraram passando mal na propriedade da família, em Linha Araponga, Itapuca. Encaminhada ao hospital, não resistiu. A suspeita é de que ela tenha ingerido veneno utilizado no cultivo de fumo;
– A possibilidade de Eder Spohr (PMDB) assumir a câmara de Lajeado, em 2018, está ameaçada com os conflitos internos no partido referentes à compra da sede própria. Uma outra chapa, liderada por Waldir Gisch (PP), pode ser anunciada;
– Douglas Sandri, secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agricultura (Sedetag) de Lajeado e ex-líder do movimento Vem Pra Rua, estuda a possibilidade de disputar uma vaga à Assembleia Legislativa. Ele é do Partido Novo;
– O agora ex-presidente da câmara de Estrela, Ernani de Castro (PMDB), pretende assumir a Secretaria de Obras;
– No site da prefeitura de Lajeado, é possível gerar a guia on-line para doação ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente. No link, estão todas as 11 entidades aptas a receber. Uma das formas de doar é por meio da dedução do Imposto de Renda. Boa quinta-feira a todos!
“Ninguém comete erro maior do que não fazer nada porque só pode fazer um pouco.”
Edmund Burke
