Sonho do bi mundial

Grêmio - 34 anos depois

Sonho do bi mundial

Chegou o dia. Neste sábado, às 15h, o Grêmio vai a campo no Estádio Zayed Sports City, em Abu Dhabi. O adversário é o multicampeão Real Madrid, que chega ao mundial após vencer a Champions League. O Tricolor vive a experiência pela terceira vez. Após se frustrar em derrota nos pênaltis em 1995, espera reviver a glória de 1983. Em campo, apenas uma certeza, o apoio incondicional da torcida apaixonada

Sonho do bi mundial

Chegou a hora da decisão. Neste sábado, às 15h, o Grêmio vai a campo no Estádio Zayed Sports City, em Abu Dhabi, para buscar o segundo mundial.

Desde a última disputa, se passaram 22 anos. Na partida contra o Ajax, foi derrotado nos pênaltis. Depois disso, o Grêmio conquistou o Brasileiro, três Copas do Brasil. Teve momentos de baixa, como o rebaixamento de 2004. Mas nunca deixou de acreditar. Neste ano, a América voltou a ser do tricolor.

Para a partida contra o Real Madrid, o técnico Renato Portaluppi não deu indicações de mudanças na escalação. A única surpresa que pode ocorrer, é a entrada de Jael no time titular. Com isso, o Grêmio que deve ir a campo para buscar o título mundial, tem: Marcelo Grohe, Edílson, Geromel, Kannemann, Cortez, Jaílson, Michel, Ramiro, Luan, Fernandinho e Barrios.

A partida diante do Real Madrid trás apenas uma certeza. Pelo mundo, milhões de torcedores gremistas acreditam no seu time. Torcedores que não se importam do Grêmio estar disputando uma final com o Real Madrid. Não se importam que a joia tricolor, Arthur, esteja lesionada. Não se importam. Eles apenas se importam com o Grêmio. E no Grêmio acreditam.

O casal Lisiane Giusti e Alex Senhem se          encontrou com a delegação gremista

O casal Lisiane Giusti e Alex Senhem se encontrou com a delegação gremista

Gremistas na Arábia

O casal Lisiane Giusti, 25, e Alex Senhem, 28, está em Abu Dhabi acompanhando o Grêmio. Naturais de Lajeado, moram há dois anos em Dublin, na Irlanda. Contam que existe o lado bom e o lado ruim de acompanhar o time de longe. “O bom é que existem vários meios de comunicação, é fácil acompanhar. O ruim é que nos dias de jogo bate uma vontade de estar no estádio, apoiando o time e cantando junto com a torcida”, conta Senhem.

O futebol é um dos combustíveis que move o casal, que já visitou 17 países, em três continentes. Sempre que podem, conhecem estádios. “Se der pra conciliar a viagem com os jogos do time da cidade, vamos ao estádio”, conta Giusti.

Muitas vezes vestidos do manto tricolor, contam que a camiseta do Grêmio é um indicativo de que são brasileiros, o que faz outros conterrâneos os reconhecerem. “Acaba que encontramos muitos brasileiros, gremistas em especial”, diz Senhem.

O casal sente falta de ir nos jogos do Grêmio. A última partida que presenciaram em terras gaúchas foi em agosto de 2015, vitória do Grêmio por 3 a 1 sobre o Coritiba.

O momento recente do Grêmio, conquistando títulos depois de tantos anos, deixa o casal emocionado. “Conquistar títulos depois de tanto tempo, e logo dois em sequência, é uma alegria imensa.Ter a oportunidade de estar aqui, é indescritível”, conta Senhem. No sábado, o casal estará entre os milhares de gremistas presentes no estádio Zayed Sports City, para apoiar o Grêmio.

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“Deixei de ir à Copa do Mundo”

O sonho de ver o Grêmio campeão fez o lajeadense Robledo Goulart Müller, 41, desistir de ir à Copa da Rússia. Robledo, que já foi à Copa da Alemanha, em 2006, quando percorreu o país em um motorhome com os irmãos, tinha os planos de repetir a experiência no próximo ano. Porém a paixão pelo Grêmio falou mais alto.

O título da Libertadores foi o pretexto que precisavam. “Estávamos organizando a viagem para a Copa do próximo ano, e estava ficando complicado, pois pensamos em fazer a viagem de motorhome e na Rússia seria inviável. Quando o Grêmio foi campeão, um dos meus irmãos levantou a hipótese de abandonar a viagem e trocar por Abu Dhabi.”

Robledo Müller(dir.) está em Abu Dhabi para acompanhar o Tricolor

Robledo Müller(dir.) está em Abu Dhabi para acompanhar o Tricolor

Após o título da Libertadores, os irmãos foram atrás das questões burocráticas, de vistos, passagens e ingressos. Conseguiram o pacote, ainda sem os ingressos, que foram comprados no site da FIFA.

No avião a caminho dos Emirados Árabes, havia muitos gremistas, não só do RS, mas de outras partes do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro e Campo Grande. Ele conta que o nervosismo no voo foi grande, principalmente pelo medo do primeiro jogo. Temia que o Grêmio fosse eliminado ainda na semifinal. “A experiência é toda especial, esperamos o título, mas se não vier, as amizades já valem a pena.”

A viagem a Dubai custou R$ 13 mil. “Eu acho que vale o investimento, para quem gosta de futebol, para quem tem seu time de coração, é uma oportunidade única, que talvez não se repita. Se tivermos sorte e competência para vencer o campeonato, será inesquecível.”

O engenheiro civil conta que tinha uma expectativa alta para a primeira partida, pois considerava aquele o jogo mais importante do campeonato. “Estava mais preocupado com a chance de não chegar à final, pois seria um baque grande, por tudo que investi e sonhei.”

Considera assim, que o Grêmio já fez a sua obrigação, e que agora deve aproveitar o momento, de estar vivendo uma final diante do melhor time do mundo. “Estou mais preocupado pelo Grêmio fazer um bom papel, de mostrar seu futebol. O título é consequência disso.”

Mesmo assim, acredita que o Grêmio possa sair campeão. Confia no peso da camisa tricolor. “O time está acostumado a esse tipo de pressão, e é bom. O time tem raça, qualidade, companheirismo. Tem a personalidade do Kannemann e do Edílson, a qualidade técnica do Luan, a estrela do Renato. Eu acredito mesmo que o Grêmio sairá campeão.”

Gremista apaixonado, Donato Johann lembra com carinho da final de 1983

Gremista apaixonado, Donato Johann lembra com carinho da final de 1983

“Eu vivo o Grêmio”

Donato Johann, 68, é um daqueles gremistas que leva ao extremo a paixão pelo Tricolor. De 1983, Johann lembra que o jogo era de madrugada, não se recorda o horário. “Fomos olhar em uma casa com vários gremistas. Do jogo eu nem lembro muita coisa, me recordo da festa. Passei a noite em claro, não acreditava que éramos campeões do mundo.”

Segundo Johann, a época era diferente. Sabia-se pouco do Hamburgo. Era algo totalmente novo. Poucas pessoas acreditavam que o Grêmio venceria o time alemão. “Nos sentíamos bem abaixo do futebol europeu. A gente sabia que o Renato poderia decidir a partida, mas ninguém realmente acreditava.”

Para o aposentado, o time de hoje é muito bom. Cita que o elenco tem excelentes jogadores, casos de Marcelo Grohe, Kannemann, Geromel, Arthur e Luan. Todos de alto nível. Mas que fazer frente ao Real Madrid é muito complicado. “Como gremista, eu acredito no Grêmio, acredito que tem como vencermos a partida. Mas olhando friamente, não há muitas razões. O Real Madrid é uma seleção. Então, eu acredito no Grêmio, na alma gremista, são onze contra onze, mas é uma tarefa quase impossível”, reconhece Johann.

Emocionado ao relembrar momentos em que passou com o Grêmio, conta que chorou ao ver o gol de Everton na semifinal. “Eu queria muito chegar na final, eu estava assistindo, e quando o Everton fez o gol, me larguei em lágrimas.”

Johann se considera um dos mais apaixonados torcedores gremistas. “O Grêmio é isso para mim, é emoção, eu vivo o Grêmio. Eu sofro, choro, torço. Só me visto com roupas do Grêmio, em todo o lugar que eu vou, eu levo o Grêmio comigo.”

O torcedor recorda das vezes que chegou a adoecer por causa do Tricolor. Pela aflição de torcer. “Já adoeci algumas vezes por causa do Grêmio. Então na final da Libertadores, eu decidi me trancar, me isolar de tudo. Fiquei trancado isolado do mundo, sai de casa apenas na hora da partida, já a noite. E o Grêmio jogou uma partida inigualável, calou os argentinos na bola. É indescritível.”

Sobre a final, diz estar tranquilo. Acredita que o time já fez sua parte, que era chegar até lá. Mas que isso não significa que não se pode sonhar. “Nunca duvide do Grêmio.”

Caetano Pretto: caetano@jornalahora.inf.br

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